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Matérias / Arqueologia

Os esqueletos que podem ter inspirado a icônica lenda de Mulan

Em abril deste ano, uma pesquisadora analisou restos mortais de mulheres nômades que possivelmente foram fortes guerreiras no passado

Isabela Barreiros Publicado em 22/11/2020, às 06h00

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Mulan no filme live action e esqueletos encontrados por pesquisadora - Divulgação - Disney/
Mulan no filme live action e esqueletos encontrados por pesquisadora - Divulgação - Disney/

Uma das lendas mais famosas da China é baseada em uma história real. No conto, Mulané uma mulher que se disfarça de homem para lutar no exército no lugar de seu pai e consegue manter a imagem por 12 anos sem ser descoberta. A narrativa já se tornou animação e até mesmo teve uma versão live action lançada neste ano.

O mais impressionante é o fato de que Mulané inspirada em guerreiras reais do povo nômade Xianbei, que migrou para as estepes da Eurásia oriental em por volta do século 3 a.C. Hoje, o território está localizado na Mongólia, na Mongólia Interior e no nordeste da China.

Uma pesquisadora da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, decidiu investigar essa história mais a fundo e entender as origens da tão popular lenda chinesa. O mais novo trabalho da antropóloga Christine Lee, especialista na região do Leste Asiático, sobre o assunto foi publicado em abril deste ano.

A primeira vez que a narrativa de Mulan foi contada na China foi na canção folclórica The Ballad of Hua Mulan, que especialistas acreditam datar do século 6. Hua Mulan também apareceu séculos mais tarde no romance romance Sui-Tang escrito por Chu Renhuo no início  da Dinastia Qing, por volta do século 17.

Ilustração que representa Hua Mulan / Crédito: Wikimedia Commons

A ideia sempre era a mesma, embora alguns detalhes pudessem ser mudados dependendo da versão. A jovem fingiu ser o próprio pai para ir lutar na guerra, episódio que exigia que cada família fornecesse um homem para o exército chinês. Por mais de uma década, ela passou indetectável. 

Lee, por meio de seu estudo chamado “A vida escondida das mulheres”, estudou esqueletos de mulheres guerreiras que podem ter sido inspiração para a narrativa de Mulan. Os restos mortais eram de pessoas nômades que viveram ao norte da Grande Muralha da China.

O objetivo da pesquisadora era entender quais foram os papeis históricos das mulheres nessas regiões. Por meio de evidências arqueológicas importantes, ela conseguiu examinar três esqueletos de mulheres pertencentes ao povo Xianbei. Dos três, pelo menos dois podem ser de guerreiras.

"Eu estava pensando: se existem todas essas histórias, por que alguém nunca encontrou essas mulheres?", questionou a antropóloga. “É só porque ninguém estava olhando. Pensei que era hora de olhar."

Restos mortais de mulher e marido, na província de Orkhon, Mongólia / Crédito: Divulgação - Universidade Estadual da Califórnia

Foram encontrados ao menos 29 restos mortais no local e alguns não eram nem de chineses: muitos eram de turcos. Os esqueletos que eram originalmente da China e da Mongólia apresentavam marcas de trauma, o que pode indicar que eles participaram de alguma batalha. 

Por meio dessas fraturas, foi possível sugerir que tratavam-se de mulheres guerreiras. Uma das marcas deixadas nos ossos, por exemplo, foram feitas nos corpos porque elas provavelmente andavam de cavalo frequentemente. Outra evidência era de que elas usavam arco e flecha.

A pesquisadora identificou também que as mulheres eram altamente treinadas em artes marciais e artesanato de guerra, mas não participaram de combates corpo a corpo. Essa situação era diferente do que ocorria geralmente com outros guerreiros mongóis. 

O estudo ainda está apenas no começo. Lee explica que a arqueologia é, no geral, "um campo muito dominado pelos homens" e isso faz com que as mulheres do passado não sejam investigadas como mais que os seus arquetípicos papéis de esposas e mães. Por meio do trabalho arqueológico realizado por ela, uma nova história poderá ser dada para essas guerreiras da China.


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