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Matérias / Náufrago

Os intensos relatos do homem que passou mais de um ano à deriva no Pacífico

Entre o 2012 e 2014, o pescador José Salvador Alvarenga sobreviveu por 438 dias à base de peixes, pássaros e água da chuva; entenda!

Ingredi Brunato Publicado em 20/08/2023, às 09h00 - Atualizado em 13/09/2023, às 17h20

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José Salvador Alvarenga, o náufrago que passou 438 dias à deriva - Divulgação/Youtube
José Salvador Alvarenga, o náufrago que passou 438 dias à deriva - Divulgação/Youtube

No fim de 2012, o pescador de tubarões José Salvador Alvarenga, de 37, partiu da costa de Chiapas, no México, para mais um dia de trabalho ao lado de seu ajudante, Ezequiel Córdoba, de 22 anos.

O barco onde os dois estavam, no entanto, foi surpreendido por uma forte tempestade que não apenas os tirou de sua rota como também quebrou seu motor e seus aparelhos de comunicação com a terra firme. 

Eles estavam perdidos no oceano Pacífico, e tinham uma dura jornada pela frente. Infelizmente, apenas Alvarenga conseguiu voltar para casa, mas foi apenas 438 dias depois, que é o equivalente a mais de um ano. 

Neste período, ele acabou cruzando o equivalente a cerca de 9.600 quilômetros, indo do México, na América do Norte, para as Ilhas Marshall, que ficam na Oceania. O fato que o homem foi capaz de sobreviver tanto tempo isolado em meio à água salgada chamou grande atenção na época, e até mesmo levou alguns a questionarem a veracidade dos relatos do náufrago.

Sobrevivência 

Conforme relatado por José Salvador para a NBC News durante uma entrevista exclusiva do início de 2014, ele sobreviveu à base de pequenos animais que conseguia capturar, como pássaros, peixes e tartarugas. Além disso, bebia água da chuva, que coletava em saquinhos para ter reservas por mais tempo. Mas também teve inúmeros períodos em que não conseguia comer ou beber água potável: 

Quando não havia nada, eu não comia nada. Eu bebia minha urina. Eu passava muito tempo sem comer", explicou o pescador ao veículo. 

O homem, que é natural de El Salvador, ainda explicou o terrível destino do colega que havia saído para pescar com ele — Ezequiel Córdoba não conseguiu se obrigar a comer a carne crua de animais, assim como Alvarenga estava fazendo, e acabou morrendo de fome. 

Presenciar o falecimento do companheiro teria sido um grande baque para o náufrago, que chegou a ter pensamentos suicidas frente à situação aparentemente desprovida de esperanças, apenas conseguindo aguentar graças à religião

Eu ia cometer suicídio (...) Eu queria me matar, mas não. Eu pedi a Deus que ele iria me salvar", explicou. 

O corpo de Córdoba teria permanecido durante oito dias na embarcação antes do pescador criar coragem para jogá-lo no mar. Também à NBC News, José Salvador lembrou ter conversado com o cadáver, lhe perguntando, por exemplo, "como era a morte" e se ele "estava descansando". 

Volta à terra firme 

José Salvador Alvarenga após volta / Crédito: Divulgação/ Youtube/ AFP Português 

Quando o homem salvadorenho reencontrou a civilização, estava desidratado e com anemia, mas, no geral, se encontrava em um estado de saúde surpreendente para quem sobreviveu por conta própria no oceano por cerca de 13 meses. 

Ele foi, aliás, acusado pela família de Córdoba de ter canibalizado o colega, o que Alvarenga sempre negou. Um detalhe relevante é que, segundo um estudo realizado pelo pesquisador Claude Piantadoi, da Universidade de Duke, seria, sim, possível sobreviver nas condições descritas pelo náufrago