Contrastando com sua genialidade como pintor, o espanhol teve uma vida amorosa marcada por infidelidade, ciúmes e amantes
Sendo um dos maiores gênios da pintura contemporânea, Pablo Picasso transpôs para as telas seu fascínio pelas mulheres, exaltando sensualidade e erotismo, baseando-se nas vivÊncias pessoais, marcadas por paixões intensas.
Quando apaixonado, eram retratadas como Deusas — as mesmas que, no fim da relação, apareciam como monstros torturados. Seja como for, todas influenciaram seus traços, especialmente as sete com quem conviveu: Fernande, Eva, Olga, Marie-Thérèse, Dora, Françoise e Jacqueline.
Alguns críticos afirmam que o trabalho do pintor está tão relacionado ao seu apego por elas que as fases de sua carreira poderiam até ser definidas conforme as amantes com quem esteve envolvido.
Assim, o neoclassicismo dos anos 1920 são os “anos Olga”, as banhistas do começo dos anos 1930 marcam a “era Marie-Thérèse”, os retratos do fim dos anos 1940, o “período Françoise”.
No entanto, nem tudo em Picasso, é claro, se explica por suas amantes. Para Carlos von Schmidt, autor de ‘Na Cama com Picasso’, as mulheres eram personagens que ele dispunha de acordo com a vontade. “As mudanças de estilo do pintor podem ser atribuídas à chegada de um novo amor, ao fim de um antigo romance, ou aos dois ao mesmo tempo.”
E isso não é pouco. A seguir, conheça as mulheres que fizeram sua cabeça:
Elegante, bonita e determinada, tinha 23 anos quando conheceu Picasso. Viveu com ele os anos de pobreza e boemia. Deixou-o em 1912, mas dizem que nunca superou a separação. Morreu pobre e sozinha em 1956.
Além de posar para Picasso, ela lhe proporcionou estabilidade e segurança para experimentar novas cores e estilos, o que acabou sendo a transição entre a fase azul, caracterizada pela tristeza, miséria e morte, e a fase rosa, mais lúdica e alegre, repleta de figuras circenses. Foi sua musa até o início da fase cubista.
Tinha 25 anos quando conheceu Picasso. Era delicada, sensível e casada, mas logo trocou o marido pelo pintor. Morreu de tuberculose, em 1915, deixando Picasso arrasado. Eva não chegou a posar para o pintor, que, nessa fase, não retratava pessoas. No entanto, ele não deixou de manifestar sua paixão escrevendo em vários quadros cubistas “Eu amo Eva”.
Casou-se com Picasso em 1918, aos 27 anos. Possessiva e ambiciosa, manteve a união estável até a chegada do filho, Paulo, em 1921. Os conflitos violentos entre eles levaram à separação do casal e, por anos, ela seguiu brigando com o pintor e suas amantes, morrendo de câncer em 1955.
Na tentativa de transformar Picasso no artista da alta sociedade parisiense, Olga o estimulava a retratar condes, princesas e baronesas, retornando ao período clássico.
Marie-Thérèse Walter conheceu Picasso aos 17 anos. Atraente e com lindos olhos azuis, foi a eterna amante do pintor. Em 1935, tiveram uma filha, Maya. Em 1977, quatro anos após a morte de Picasso, Marie-Thérèse se enforcou.
Ao longo de sua vida, teve forte presença nas obras de Picasso, que exaltou as linhas e formas sensuais de seu corpo voluptuoso em obras de grande erotismo, marcando a fase lírica, sensual e surrealista do artista.
Amante de Picasso por oito anos, era inteligente e bonita. Morena de olhos verdes, foi musa dos surrealistas e também pintora e fotógrafa. Das mulheres do artista, dizem que foi a que mais sofreu depois da separação.
Foi internada em sanatórios e conventos e morreu sozinha aos 90 anos. Na execução de Guernica, teve papel fundamental: acompanhou, fotografou e até chegou a ajudar Picasso a pintar o mural. No início dos anos 1940, suas feições estão presentes em vários trabalhos, principalmente os que mostram uma mulher desfigurada, chorando.
Aos 62 anos, o pintor se encantou pela estudante de 21, cabelos ruivos e olhos verdes. Com os dois filhos, Claude e Paloma, viveram uma serena união familiar por dez anos. Mas, em suas memórias, diz-se uma jovem seduzida, manipulada e traída por Picasso. Retratada como a mulher-flor, foi sua modelo durante o fim dos anos 1940, que ficaram conhecidos como “período Françoise”.
Foi a última mulher de Picasso. Moraram juntos por 20 anos, até a morte do pintor, em 1973. Era jovem e bonita, tinha cabelos negros, olhos azuis e feições marcadas por traços fortes. Cultivava uma veneração pelo marido e afastou-o de familiares a amigos. Suicidou-se em 1986.
Musa dos últimos anos, foi a mulher que Picasso retratou de forma mais obsessiva e com quem mais produziu. Era também sua secretária e agente, cuidava das exposições, das galerias e dos marchands.