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Matérias / JFK

Quais segredos o México guarda em relação ao assassinato de JFK?

Lee Harvey Oswald visitou o país semanas antes da morte de John Fitzgerald Kennedy

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 04/12/2021, às 11h00 - Atualizado em 22/11/2023, às 09h15

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JFK durante compromisso na Casa Branca - Norwegian Digital Learning Arena
JFK durante compromisso na Casa Branca - Norwegian Digital Learning Arena

Mesmo quase após seis décadas, o assassinato de Jonh Fitzgerald Kennedy continua sendo um dos crimes mais misteriosos da história. Embora a investigação oficial aponte Lee Harvey Oswald como único responsável por dar três tiros em um dos presidentes mais populares da história do país, as controversas da Comissão Warren e os arquivos que continuam classificados deixam uma grande lacuna para inúmeras teorias da conspiração

Apesar de, em tese, muitas delas já terem sido desmentidas, um ponto, até hoje, nunca foi realmente esclarecido: afinal, o que Lee Harvey Oswald foi fazer no México semanas antes da morte de JFK?

Lee Harvey Oswald, acusado de assassinar o presidente norte-americano Kennedy/ Crédito: Getty Images

Bom, antes de mais nada, vamos aos fatos: quase dois meses antes de assassinar Kennedy, Lee Harvey pegou um ônibus do Texas e seguiu até a Cidade do México. Sua estadia durou pouco tempo na capital, de 27 de setembro de 1963 até 2 de outubro. Afinal, o que aconteceu nesse período?

Viagem secreta?

De acordo com sigilosos arquivos da Direção Federal de Segurança, como se fosse a polícia secreta do México, aos quais o El País teve acesso, Oswald chegou ao local através de um ônibus da viação Flecha Roja.

Para atravessar o rio Grande, o ex-fuzileiro se passou por um fotógrafo e, em nenhum momento, ocultou sua simpatia pela ideologia comunista. Inclusive, à dois turistas australiano, chegou a falar sobre os anos que passou em Cuba e deu detalhes de sua vida obscura. 

Na Cidade do México, Lee Harvey se hospedou no hotel Comércio, que fica na rua Sahagún. Por lá, a primeira coisa que fez foi ir até a Embaixada cubana. Tentou a qualquer custo um visto para a URSS e cumpriu o passo-a-passo de todos os trâmites para tirá-lo. 

Quando lhe foi solicitado novas fotos, conforme narram os documentos, aproveitou para se dirigir até a representação da União Soviética, onde dialogou com dois agentes da KGB que estavam no consulado.

À eles, confidenciou que o FBI não o queria mais vivo, praticamente lhes implorando para que o documento fosse expedido o mais rápido possível. Porém, quando soube da demora burocrática, teve um ataque de fúria.

Isto vai terminar em tragédia para mim”, vociferou. 

De volta à embaixada cubana, levou toda a documentação que foi solicitada. Lá teve mais um ataque de histeria ao descobrir que sem autorização soviética não conseguiria prosseguir com a documentação cubana. 

Documento sobre a entrada de Lee Harvey Oswald no México/ Crédito: Library of Congress

A secretária do local tentou abafar seus gritos chamando o cônsul para atendê-lo, mas nem isso o acalmou. Sua falta de controle irritou ainda mais o diplomata, que prometeu que não lhe ajudaria. Foi embora inconsolado. 

No dia seguinte, num sábado, retornou determinado. Os funcionários, que se preparavam para disputar uma partida de vôlei, pouco ficaram felizes em vê-lo. Sua insistência, mesclada com choro e um tom de ameaça, aflorava os ânimos de qualquer um. 

A situação ficou ainda pior, segundo relata o El País, depois que Oswald deixou um revólver em cima de uma mesa. Assim, um funcionário, como todo o cuidado do mundo, descarregou a arma antes de devolvê-la. Pouco depois, após outra negativa, Lee Harvey deixou o local arrasado. 

Aparentemente, um furo toma a história a partir daí, já que os próximos passos do assassino de JFK só voltaram a ser registrados no domingo, quando ele foi em uma tourada e visitou alguns museus.

No dia seguinte, em visita à Cidade Universitária, tentou buscar ajuda com alguns estudantes castristas. No fim da noite, ainda arranjou tempo para participar de uma festa organizada por ex-funcionários cubanos. 

Às 6h30 da terça-feira, deixou o hotel Comércio e partiu de volta aos Estados Unidos. Cerca de oito semanas depois, em 22 de novembro de 1963, matou o presidente americano que estava desfilando em um carro aberto por Dallas. Dois dias depois, acabou sendo assassinado a sangue frio, e em rede nacional, por Jack Ruby

Como o México ganhou importância na história?

Essa teoria, conforme aponta matéria da BBC, teve início em março de 1967, quando Benjamin Ruyle, cônsul americano na cidade de Tampico, no México, se reuniu com alguns jornalistas locais, para os quais comprou algumas cervejas. 

Na ocasião, o repórter Óscar Contreras Lartigue afirmou que conheceu Lee Harvey em 1963, quando estudou Direito na Universidade Nacional Autônoma do México. Ele teria sido um dos estudantes ao qual o ex-fuzileiro pediu ajuda.

Temendo ser perseguido por suas atividades políticas, como a derrubada da estátua de um ex-presidente mexicano no campus, Contreras não deu muitos detalhes sobre o encontro, embora confidenciou que já havia comentado sobre o episódio com seu editor na época do assassinato. 

John kennedy durante passeata pela Irlanda/ Crédito: Crative Commons via PxHere

Segundo o jornalista, a CIA classificou seus relatos como "a primeira pista investigativa sólida que temos sobre as atividades de Oswald no México". Mesmo passando por seis horas de interrogação com o serviço de segurança do país, disse que nunca entrou em maiores detalhes, apenas que Lee Harvey jamais teria dito que pretendia matar JFK e que ele afirmava repetidamente que “deveria chegar em Cuba”o quanto antes. 

Em 2013, Contreras foi entrevistado pelo repórter do New York Times Philip Shenon, autor de ‘Anatomia de um Assassinato: A História Secreta da Morte de JFK’, que disse que o bate-papo com Óscar “foi muito mais longe” do que qualquer agente da CIA conseguira. 

Após ler o livro de Shenon, Dan Hardway, um investigador do comitê da Câmara dos Deputados de 1978, declarou que Oswald poderia ter feito parte de uma rede de inteligência cubana muito mais ampla do que é de conhecimento público. 

A contradição

Óscar Contreras faleceu em 2016. Segundo uma pesquisa de Gonzalo Soltero, do The Conversation, no entanto, o Contreras abandonou o campus da Unam e se mudou para Tampico somente em 1964. Assim, como ele mesmo citou, teria contado para seu editor sobre o encontro com Lee Harvey após o assassianto de JFK, ainda em 1963. 

Soltero descobriu, então, que, na época, Óscar escrevia para um jornal de sua cidade natal, El Sol de Tampico, em uma coluna social dominical chamada “Crisol” (ou, “Caldeirão” em tradução livre).

Oswald sendo escoltado pela polícia em 22 de novembro de 1963 / Crédito: Getty Images

Seu nome começou a ser estampado na coluna em 6 de junho de 1963 e permaneceu por todas as semanas de setembro e outubro. Ou seja, enquanto Lee Harvey Oswald estava na Cidade do México, Óscar Contreras, teoricamente, ainda estava em Tampico, cerca de 500 quilômetros de distância.

Assim, a grande pergunta que fica é: Será mesmo que o México guarda algum segredo em relação ao assassinato de JFK?