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Matérias / Bizarro

Macabro ponto turístico de guerra: Por dentro da Torre de Crânios de Niš

Com pouco menos de mil cabeças decapitadas e enfileiradas, o bizarro monumento fúnebre do século 19 demonstra a brutalidade da história da independência da Sérvia

Isabela Barreiros Publicado em 16/10/2020, às 07h00

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A Torre de Crânios de Niš, na Sérvia - Wikimedia Commons
A Torre de Crânios de Niš, na Sérvia - Wikimedia Commons

Muitos monumentos são construídos para demonstrar vitórias em guerras. Grandes estátuas, capelas e homenagens são alguns exemplos. No entanto, na cidade de Niš, na Sérvia, contou a história da Primeira Revolta Sérvia de uma maneira muito mais peculiar e macabra: no local, é possível visitar a Torre de Crânios de Niš, uma escultura com quase mil cabeças.

O conflito que gerou essa fúnebre estátua foi a Primeira Revolta Sérvia, que aconteceu entre os anos de 1804 e 1813. Naquele período, muitas batalhas foram travadas entre os sérvios e seu inimigo número 1, o Império Otomano. Contra a dominação turca, essa população iniciou uma batalha para formar um estado independente.

Inúmeras tropas rebeldes participaram da guerra, a maioria em menor número. Em um desses embates, para defender proteger a cidade estrategicamente vital de Niš, os sérvios se encontravam em poucos contra ao menos 36 mil guardas imperiais turcos. Quando o comandante Stevan Sindelić percebeu a situação em que se encontrava, tomou uma drástica decisão.

Sacrificando a si e aos seus soldados, o líder atirou em dos um barril de pólvora que estavam dentro de um local cheio da carga com o intuito de matar o matar o maior número possível de turcos e evitar que eles fossem capturados e torturados. Explodindo tudo, foi capaz de acabar com a vida de vários de seus inimigos, mas não conseguiu matar o general turco Hurshi Pasha.

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Pasha havia ficado indignado com o ato de rebeldia do sérvio. Por mais que conflitos fossem geralmente sangrentos, o final deste superou essas suposições: o general ordenou aos seus homens que, como ato de desprezo, mutilassem cruelmente os corpos dos rebeldes. Os rivais, já mortos, foram decapitados e tiveram sua pele descascada.

Depois de realizarem a prática brutal, os soldados enviaram os restos mortais remanescentes dos inimigos à corte imperial em Istambul. A atitude foi considerada uma “prova” de sua vitória na batalha travada. No entanto, isso não era tudo.

A Torre de Crânios de Niš

Crédito: Wikimedia Commons

Como essa é a história da Torre de Crânios de Niš, é possível adivinhar onde foram parar os crânios desses soldados sérvios. Sim, Hurshi Pasha mandou, ainda, que seus homens construíssem um monumento que consistia basicamente em ordenar as cabeças decapitadas dos inimigos em uma torre.

A tradição se tornou marca registrada dos otomanos: para que não desafiassem seu poder, os otomanos edificavam construções enormes com os restos de seus opositores apenas nesse intuito. Foi assim que surgiu a famosa escultura que contém crânios.

O poeta francês Alphonse de Lamartine descreveu a estrutura em um de seus escritos da década de 1830. "Vi uma grande torre erguendo-se no meio da planície, branca como o mármore pariano. Descobri que as paredes eram compostas por fileiras regulares de crânios humanos. Em alguns lugares, partes de cabelos ainda pendiam e acenava, como líquen ou musgo, com cada sopro de vento. Que os sérvios mantenham esse monumento! Ele sempre ensinará a seus filhos o valor da independência de um povo, mostrando-lhes o preço real que seus pais pagaram por ele”.

Com quase quatro metros e meio de altura e cerca de quatro de largura, o monumento inicialmente ostentava 952 crânios humanos. Em 56 fileiras de 17 caveiras cada uma, a macabra torre está na entrada principal da cidade, demonstrando logo de cara o que acontecera na região.

Caveiras da Torre / Crédito: Wikimedia Commns

Construída ao fim daquele embate, em 1809, a estátua foi nomeada de “élele Kula”, que na tradução literal quer dizer “torre da caveira”. No topo, está colocado o crânio do comandante Stevan Sindelić, protagonista da última ação do conflito e símbolo das atrocidades cometidas durante a guerra pela independência sérvia.

Hoje, porém, o local está um pouco diferente de como foi deixado por Pasha no início do século 19. Muitas das famílias, em luto pela perda, retiraram a parte restante do esqueleto de seus entes queridos da famosa e fúnebre estátua. Atualmente, restam cerca de 60 crânios no monumento. Além disso, o governo sérvio construiu uma capela nas proximidades do monumento em 1892.


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