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Matérias / Três Dias Que Mudaram Tudo

Três Dias Que Mudaram Tudo: A tragédia real por trás de sucesso da Netflix

Maior desastre nuclear desde Chernobyl, em 1986, inspirou série fenômeno que está entre as mais vistas da Netflix

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 15/06/2023, às 17h17 - Atualizado em 16/06/2023, às 09h43

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Cena de Três Dias Que Mudaram Tudo - Divulgação/Netflix
Cena de Três Dias Que Mudaram Tudo - Divulgação/Netflix

Três Dias Que Mudaram Tudo entrou no catálogo da Netflix no início do mês. Dividido em oito episódios — por volta de 45 minutos a um hora, cada —, a trama dirigida por Masaki Nishiura é uma das mais assistidas da plataforma nos últimos dias.

Os funcionários da usina nuclear de Fukushima Daiichi precisam enfrentar um desastre sem precedentes. Será que eles são heróis ou culpados?", detalha a sinopse.

A produção japonesa narra com detalhes o momento em que um terremoto atingiu o Japão, em 2011, causando um tsunami devastador. A tragédia ainda serviu de gatilho parta outro episódio de proporções catastróficas: o acidente nuclear de Fukushima

Desastre em três atos

Estrelado por Yakusho Koji, Três Dias Que Mudaram Tudo volta ao fatídico 11 de março de 2011, quando um terremoto de magnitude 9.1 atingiu o Japão. Naquela sexta-feira, por volta das 14h46 do horário local, um tremor no Oceano Pacífico, a cerca de 130 quilômetros da costa leste da cidade de Sendai, sacudiu o Japão.

O fenômeno foi responsável por deslocar o país. Afinal, o "Grande Terremoto do Leste do Japão", como o episódio foi chamado, acabou 'empurrando' a ilha de Honshu, a maior do país, em 2,4 metros para leste, explica a BBC.

Para se ter ideia, a 24,4 quilômetros abaixo do fundo do mar, no ponto exato do abalo sísmico, o atrito das placas tectônicas do Pacífico e da Eurásia se mexeram em 50 metros — a maior movimentação já registrada num terremoto.

As ondas acabaram deixando cerca de 18 mil pessoas mortas no país. O terremoto, que durou cerca de seis minutos, foi tão forte que foi até mesmo sentido na capital Tóquio, que fica a mais de 370 quilômetros de distância do epicentro. Além disso, acabou 'forçando' o mar para cima, resultando em mais uma tragédia: um tsunami.

Três minutos após o início do abalo, às 14h49, o primeiro aviso sobre um tsunami foi enviado. Aquela altura, havia-se estimado que o terremoto tinha a magnitude de 7.9 e, portanto, pensava-se que as ondas do tsunami pudessem atingir entre 3 e 6 metros.

A realidade foi completamente diferente: em alguns pontos, as ondas atingiram 10 metros e em casos mais extremos chegaram em até 15. Outro alerta, agora com a previsão mais certeira, foi enviado às 15h10. Mas o estrago já estava perto demais. Meia hora após o terremoto, as ondas gigantes atacaram a costa leste japonesa.

O terceiro ato desse efeito dominó causou preocupação ainda no dia 11. Enquanto prédios, móveis e tudo que estivesse pela frente era 'varrido' pelas águas, duas usinas nucleares estavam próximas ao epicentro.

Na de Onagawa, na província de Miyagi, próximo do centro do terremoto, um incêndio foi registrado no salão de turbinas, mas o problema logo foi contido. Na usina de Fukushima Daiishi, três dos quatro reatores funcionam normalmente e a situação não foi nada boa.

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Com os tremores, como mostra a produção, as linhas de transmissão de energia foram danificadas, o que foi responsável por ativar os geradores a diesel responsável pelo resfriamento dos reatores.

Os quatro prédios dos reatores danificados da usina de Fukushima/ Crédito: Digital Globe via Wikimedia Commons

Por volta das 15h42, a usina foi atingida pela primeira grande onda do tsunami, a segunda chegou apenas oito minutos depois — ambas com 15 metros de altura, enquanto os muros de proteção tinham apenas um terço disso. Logo, o subsolo de Fukushima ficou alagado, justamente onde ficavam os geradores.

A água impediu seu funcionamento, o que deixou a usina sem energia para resfriar os reatores. A sequência de desastres deu início ao maior acidente nuclear desde Chernobyl, em 1986.

Consequências

Na noite do dia 11, as autoridades japonesas anunciaram um estado de emergência nuclear. Além disso, evacuaram moradores que viviam perto da usina de Fukushima. Primeiro em uma distância de 2 quilômetros, depois, 3, 10 e por último 20 — mas apenas no dia seguinte.

Já no sábado, dia 12, a notícia que ninguém queria dar: por volta das 15h36 uma explosão de hidrogênio atingiu o prédio de contenção do Reator 1; o que destruiu o teto e topo da construção. Durante dias, vapores radioativos foram liberados na atmosfera. Houve também o vazamento de água radioativa no Pacífico.

Nas primeiras 72 horas, os núcleos dos reatores da usina de Fukushima derreteram — já o vazamento de radiação continuou durante quase uma semana. Levou cerca de 15 dias para que os reatores fossem considerados estáveis de novo.

O acidente nuclear de Fukushima foi responsável por evacuar mais de 160 mil pessoas. No final de março de 2011, a área de evacuação foi estendida de 20 para 30 quilômetros da usina.

Cidades próximas a Fukushima, como Okuma e Futaba, por exemplo, ficaram interditadas até 2019 e 2020, respectivamente, quando foram parcialmente abertas. Outras regiões estão isoladas em processo de descontaminação até 2050.

Aviso de níveis perigosos de radiação em Kashiwa, 2012 Crédito: Domínio Público

Por fim, embora a tragédia não tivesse deixado mortos, em 2018 o governo do Japão confirmou o óbito de um trabalhador da fábrica em decorrência de câncer causado pelo exposição à radiação.