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Matérias / Personagem

Yang Kyoungjong, o soldado que teria representado três países em uma única guerra

Durante a Segunda Guerra Mundial, Kyoungjong foi alvo de uma saga insana, sendo capturado inúmeras vezes

Caio Tortamano Publicado em 25/07/2020, às 09h00

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Possivelmente o soldado coreano Yang Kyoungjong - Wikimedia Commons
Possivelmente o soldado coreano Yang Kyoungjong - Wikimedia Commons

A existência de um soldado durante o curso da Segunda Guerra Mundial chamou tanta atenção que, inclusive, tem até a própria existência questionada. Yang Kyoungjong foi um soldado coreano que durante o confronto mundial teria lutado pelo Império Japonês, o Exército Vermelho Soviético e a Wehrmacht Alemã Nazista.

Quando tinha 18 anos, em 1938, a Coréia (ainda unificada) era uma colônia do Japão, e por esses fatores o homem estava apto a servir na guerra pelo grande Império do Sol. A sua missão era atravessar o mar do Japão e enfrentar nada menos que o exército soviético liderado por Joseph Stalin.

Luta pelo Japão

Os conflitos entre Japão e União Soviética não haviam sido declarados, mas estava claro que as nações tinham grande interesse em duelar entre si a fim de um maior controle territorial. Em 1939, as duas nações travaram a Batalha de Khalkhin Gol, resultando na derrota dos japoneses com mais de 8 mil homens mortos e 3 mil prisioneiros de guerra foram para os gulags, incluindo Yang.

"Não bastasse ser obrigado a servir às forças armadas de um país que não era o seu, pouco mais de um ano depois de ser recrutado, Kyoungjong foi capturado pelo Exército Vermelho e enviado a um campo de trabalho", diz Otavio Cohen, na obra História Bizarra da Segunda Guerra Mundial.

No decorrer da Segunda Guerra, a União Soviética se encontrava em uma situação delicada, com força limitada. Já eram muitos os soldados enviados para a guerra, mas as pretensões da nação e a sua proporção continental a obrigaram a encontrar ainda mais pessoas para lutar no Exército Vermelho.

Foi nesse contexto em que Kyoungjong teve sua história repercutida anos a fio depois da guerra. Na época, a solução dos soviéticos foi obrigar os prisioneiros de guerra — que logicamente já tinham algum conhecimento técnico para pisar em um campo de batalha — a formar uma nova leva de soldados nas lutas continentais.

Ao lado com outras centenas de prisioneiros, o coreano foi enviado para Frente Oriental na Europa. Em 1943, lutou na Terceira Batalha de Kharkov, no limite da União Soviética — onde atualmente está a Ucrânia —, delimitando o território socialista com o restante do continente.

Exército alemão durante a Terceira Batalha de Kharkov / Crédito: Wikimedia Commons

Todavia, para seu azar, Yang conseguiu a incrível proeza de perder mais uma grande batalha da qual participou, participando no lado perdedor e sendo capturado como prisioneiro, mas dessa vez pelo Reich. 

No frenesi dos alemães em conquistar a Europa da maneira mais rápida possível, eles, diferentemente dos soviéticos, não demoraram a tornar seus prisioneiros de guerra em aliados em combates. Assim, o combatente se viu, pela terceira vez em um mesmo confronto, lutando em um exército diferente.

Luta pelos nazistas

Agora a missão de Yang era representar a Alemanha na França ocupada, servindo em um batalhão feito exclusivamente por prisioneiros de guerra que vieram da União Soviética. O seu grupo ficava instalado na Península de Cotentin, especificamente na região da Normandia.

O local ficou mundialmente famoso por ter sido palco de nada menos do que um dos confrontos mais importantes e derradeiros da Segunda Guerra, o Dia D. Claramente, presente em tantas batalhas por tantos grupos diferentes, Kyoungjong  não estaria de fora da maior movimentação militar do período, com o maior número de soldados presentes.

"Em 1944, trajando o uniforme alemão, o jovem foi enviado para a França ocupada para servir ao batalhão da base localizada na Penísula do Cotentin, Kyoungjong chegou a tempo para o Dia D, quando foi rendido pelos soldados norte-americanos", relata Cohen. 

O soldado coreano, que já estava representando pela terceira nação diferente, foi novamente capturado, dessa vez por paraquedistas americanos do Exército dos Estados Unidos em junho de 1944.

Capturado mais uma vez

Agora sua vida estava sob as mãos dos Aliados — novamente. Em primeiro momento, os americanos acreditavam que Yang era um soldado japonês usando um uniforme alemão. Isso porque seguiram relatos do Tenente Robert Brewer, da Infantaria americana, o seu regimento havia capturado quatro asiáticos em roupas alemães, e que a princípio ninguém havia conseguido se comunicar com eles.

Utilizando a farda da Wehrmacht, Kyoungjong possivelmente era o homem por trás de uma fotografia tirada na época, que mostra um rapaz sendo registrado como prisioneiro de guerra por americanos. A legenda oficial da foto diz: “Jovem rapaz japonês”. Embora seja coreano, é provável que os americanos tivessem deduzido que ele pertencia ao Japão.

Yang é possivelmente o rapaz à esquerda / Crédito: Wikimedia Commons

Sem maiores informações a respeito de sua identidade o combatente  foi enviado para um campo de prisioneiros na Grã-Bretanha, onde permaneceu até ser enviado aos Estados Unidos, novamente para uma prisão.

"Seu aprisionamento só durou até o final do conflito mundial, quando foi libertado - um destino afortunado em uma guerra que matou tantos milhões de pessoas". 

Em 1947, o homem finalmente se viu livre de qualquer tipo de amarra militar, e com a oportunidade de continuar a vida nos Estados Unidos, fixou sua moradia em Illinois, onde viveu até o dia de sua morte, em 1992.


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