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StandWithUs Brasil / Olímpiadas

Há 87 anos, Hitler usava as Olímpiadas como propaganda

A Olímpiada da hipocrisia: Neste dia, em 1936, Hitler realizava a cerimônia de abertura dos jogos em Berlim

Redação Publicado em 01/08/2023, às 10h44 - Atualizado às 10h57

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Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim - Reprodução/fortepan
Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim - Reprodução/fortepan

Em 1º de agosto de 1936, Adolf Hitler realizou a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos em Berlim. Três anos e seis meses antes, o partido nazista chegou ao poder na Alemanha.

Em um espaço de tempo curto, acabaram com a oposição, construíram o primeiro campo de concentração em Dachau e impuseram um estado de terror, com Hitler na liderança.

Os nazistas implementaram a falsa teoria da superioridade ariana e os judeus passaram a ser perseguidos. Em 15 de setembro de 1935, um ano antes da Olimpíada, foram implementadas as primeiras leis de “proteção da raça ariana” que, entre outras barbaridades, tornaram os judeus alemães cidadãos de segunda classe, sem direitos civis.

A propaganda

As Olimpíadas, infelizmente, sempre foram usadas por governos autoritários como propaganda. Hitler não fez diferente, queria transformar os Jogos Olímpicos de Berlim numa vitrine da superioridade dos arianos perante os outros povos e não poupou investimentos. A cineasta Leny Riefenstahl produziu o filme Olímpia, onde exibia os alemães e alemãs como deuses maravilhosos. Para não chocar a opinião pública mundial, Hitler tratou de maquiar o país.

Mandou retirar todos os cartazes racistas e antissemitas, deu uma baixada de bola na perseguição e ataques as minorias e fingiu que tudo estava normal na terra de Goethe.  Os jornalistas e turistas também fingiram que o nazismo não era tão mal assim e que os judeus, homossexuais, Testemunhas de Jeová e ciganos viviam livremente na Alemanha nazista.

Mãos sujas de sangue

A comunidade judaica alemã aproveitou a presença da imprensa mundial e fez sérias denúncias, todas vergonhosamente ignoradas. Presidentes, primeiros-ministros e reis de diversos países cumprimentaram Hitler como se ele fosse um estadista absolutamente normal. Ninguém se abalou em sujar as mãos de sangue. A Olimpíada de Berlim de 1936 ganhou a medalha de ouro da Fake News.

Nem tudo correu como Hitler esperava. O atleta americano afrodescendente, Jesse Owens, conquistou 4 medalhas de ouro em atletismo ao vencer representantes da “raça ariana”, o que foi um tapa na cara do Führer.

Uma prova de que os alemães não eram melhores que os outros seres humanos. Pior que isso, perderam para um negro! O líder alemão ficou tão irritado com a empáfia desse untermenschem, que abandonou o estádio para não ter que participar da premiação de um “ser tão inferior”.

A vitória do negro Jesse Owens sobre os arianos é o que ficou na memória da história dos Jogos Olímpicos de 1936. A Alemanha sediou outra Olimpíada em 1972. Terroristas palestinos tomaram 11 atletas israelenses como reféns e numa operação desastrosa da segurança alemã, todos os reféns foram mortos num tiroteio entre a polícia germânica e os palestinos.

Owens durante os Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim |Crédito: Arquivo Federal Alemão

Tanto a Olimpíada de Berlim quanto a de Munique, não são lembradas pelas provas esportivas ou recordes quebrados, e sim por tristes acontecimentos contra os judeus. A política ofuscou as competições.


*Marcio Pitliuk é professor do StandWithUs-Brasil, especialista no Holocausto e autor dos livros A alpinista e O homem que venceu Hitler. O texto foi proporcionado pela StandWithUs Brasil, instituição que trabalha para lembrar e conscientizar sobre o antissemitismo e o Holocausto, de maneira a usar suas lições para gerar reflexões sobre questões atuais.