Daniel Smith, nascido nos Estados Unidos, era o último filho vivo de uma pessoa escravizada em território estadunidense
Redação Publicado em 07/11/2022, às 19h11
Aos 90 anos, Daniel Smith, última pessoa filha de alguém que foi escravizado no território dos Estados Unidos, faleceu em 19 de outubro em Washington. A morte, segundo sua esposa, foi uma falência cardíaca e um câncer na bexiga.
Daniel Smith experienciou, como repercutido pela Folha de São Paulo, muitos dos principais momentos da história afro-americana. Seu pai foi, Abram Smith, que nasceu como escravizado em Virgínia durante a Guerra Civil americana.
Sua esposa, Clara, muito mais nova que ele, deu a luz à Daniel em 1932, quando ele já tinha 70 anos. Mesmo com as dificuldades, apesar de ter nascido pobre, Daniel e seus irmãos fizeram faculdade e tiveram empregos de classe média.
Segundo historiadores que estudaram sua geração, não existe o conhecimento de outros filhos de escravizados, apesar de não ser possível determinar se Daniel foi, de fato, o último filho vivo de uma pessoa escravizada.
Daniel Smith escreveu uma autobiografia publicada esse ano, de nome "Son of a Slave: A Black Man’s Journey in White America". Ele estudou no Instituto Tuskegee, historicamente negro. Ele já ajudou a comandar um programa de alfabetização de adultos no Alabama e já dirigiu uma iniciativa de combate à pobreza no condado rural e pobre de Lowndes.
O pai, Abram Smith, era um funcionário federal aposentado, nascido em Massies Mill, uma pequena comunidade a sudoeste de Charlottesville, na Virgínia. Ele nunca soube precisamente sua data real de nascimento — infelizmente como muitas pessoas escravizadas — mas sabia que havia sido por volta de 1862 ou 1863. Ele faleceu vítima de um atropelamento de carro quando tinha 6 anos.
Por suas vivências, Daniel Smith foi até mesmo chamado de "Forrest Gump negro", pelos inúmeros acontecimentos históricos que presenciou. Em 1963, ele tomou parte na Marcha a Washington, em 1965 atravessou a ponte Edmund Pettus, em Selma, no Alabama, com Martin Luther King Jr, e esteve na plateia para assistir à posse de Barack Obama, em 2009.
Daniel Smith viveu, entre outras, uma situação de racismo em 1950, enquanto tentava salvar a vida de uma mulher. Ele trabalhava num acampamento da Associação Cristã de Moços no Connecticut e viu uma mulher branca ser resgatada de uma pedreira inundada. Ela estava desmaiada, mas ainda viva.
Um policial branco o viu e mandou que parasse, o que resultou na morte da mulher.
"Isso é racismo no máximo", disse Martin Dobrow, professor do Springfield College, para um artigo em 2020. "Ele deixou a garota morrer, preferindo isso a ver um negro tocar os lábios dela. Nunca me esquecerei disso.", contou o professor da instituição onde Daniel estudou.
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