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Tigre II: mamute de aço

Durante a Segunda Guerra Mundial, o temível tanque alemão não tinha adversários à altura nos campos de batalha

João Barone Publicado em 01/11/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
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Se havia uma coisa que os alemães sabiam fazer bem eram seus tanques, os famigerados Panzer. Antes de começar a Segunda Guerra, engenheiros e projetistas alemães já testavam avançados desenhos e protótipos de blindados. Por isso, quando o conflito explodiu, as forças alemãs saíram na frente, tanto em termos de design quanto de eficiência dessas máquinas. Inicialmente, vieram os tanques leves. Com o desenrolar da guerra, eles foram sendo substituídos por modelos mais pesados e com maior poder de fogo, o que fica claro na linha evolutiva dos PanzerKampfWagen I, II, III, IV, V e VI. Os PanzerKampfWagen (abreviadamente, Panzer) I e II eram leves (entre 10 e 20 toneladas), os III e IV eram médios (entre 20 e 30 toneladas) e os V (Panther) e VI (Tigres I e II) eram pesados (entre 40 e 70 toneladas). Alguns historiadores relatam que Hitler teve interferência direta no design desses tanques, pois queria vê-los mais pesados e fortemente armados, apesar das limitações de matéria-prima e mão-de-obra que a Alemanha começou a enfrentar logo depois do início da guerra.

Os primeiros desenhos do Tigre II foram feitos no começo de 1941. A linha de produção do temeroso Tigre Real, ou Tigre VI Ausf B (modelo B, pois o Tigre VI Ausf A era seu antecessor, o Tigre I), teve início em fins de 1943. Apenas três protótipos foram fabricados e rapidamente testados e, até o fim da guerra, foram produzidos somente 487 Tigres II dos 1,5 mil encomendados. Como é comum ocorrer no final de um conflito, em função da urgência, esses tanques eram despachados imediatamente após a montagem para serem usados pelas claudicantes unidades blindadas alemãs. Não havia tempo para testar os tanques, o que acabava acarretando problemas mecânicos, especialmente a quebra dos comandos de direção e do motor (o mesmo usado no Panther e no Tigre I), que era subdimensionado para a tonelagem desse monstro de aço.

Mesmo assim, os Tigres II que funcionavam deram muito trabalho aos Aliados, desde sua estréia nos campos de batalha da Normandia, causando espanto nos inimigos. Depois, esse tanque foi empregado no front oriental, na derradeira ofensiva alemã nas Ardenas, e participou da luta frenética pela defesa de Berlim. O alto consumo e a escassez de combustível deixaram muitas dessas máquinas inoperantes, que eram então abandonadas pelas tripulações e destruídas, para não serem capturadas intactas pelo inimigo.

Sem adversário

Com blindagem frontal de 18 cm e o temível canhão de 88 mm em sua torre, não foi à toa que o Tigre II se tornou um dos carros de combate mais temidos nos campos de batalha, pois suplantava qualquer tanque inimigo existente na época, capaz de colocá-lo fora de ação a mais de 1,5 quilômetro de distância. De janeiro a abril de 1945, o batalhão blindado 503 da SS, composto de Tigres II, nocauteou cerca de 500 tanques soviéticos e sofreu a perda de apenas 45 unidades.

Apesar dos constantes problemas mecânicos, o Tigre II era suficientemente ágil para seu tamanho, mesmo não ultrapassando a velocidade de 41 km/h. Seu conjunto de lagartas permitia uma rodagem suave, o que tornava o tanque uma excelente e estável plataforma de tiro. Cada um dos elos que compunham as lagartas do Tigre II pesava cerca de 60 quilos. Como um Sherman americano não era capaz de penetrar a blindagem frontal do Tigre II nem mesmo atirando à queima-roupa, as forças aliadas tiveram de desenvolver estratégias para engajamento em combate. Elas usavam de três a cinco tanques para atacar um Tigre. Dessa maneira, os aliados conseguiam enquadrar e acertar a blindagem traseira do Tigre II, um dos pontos fracos do terrível adversário. Só assim muitos tanques alemães foram postos fora de ação.

Na prática, o conceito de tanque pesado, com blindagem, peso e armamento avantajados, não evoluiu além do Tigre II – outros projetos alemães de supertanques não passaram da fase de protótipo. No final da guerra, os rivais peso pesados americanos, como o tanque Pershing e os russos Stalin I e II, não tiveram a oportunidade de muita ação. Novos armamentos (bazucas, foguetes e canhões) e a superioridade aérea mostrariam eficácia fulminante contra esses mamutes de aço. Ficou provado que tanques pesados não eram boas armas ofensivas – e que seu emprego como arma de defesa também era limitado. A lenda do Tigre II como um imbatível rival nos campos de batalha passou, como um pesadelo.

João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, coleciona peças e carros militares da Segunda Guerra Mundial e estuda diversos temas referentes a esse e outros conflitos históricos.

Ficha técnica

Fabricante: Heinschel & Son

Ano do projeto: 1943

Total produzido: 487 unidades

Peso: 69,8 t (com munição, mais de 70 t)

Comprimento: 7,61 m

Largura: 3,75 m

Altura: 3,9 m

Tripulação: 5 (comandante, atirador, municiador, operador de rádio e motorista)

Blindagem: frontal de 18 cm, lateral de 10 cm, traseira de 2,5 cm

Armamento: canhão de 88 mm L/71 (87 tiros), metralhadoras MG34 (4 800 tiros)

Motorização: Maybach V12 HL230 P30, com 690 cavalos

Suspensão: barras de torção

Autonomia: 170 km

Velocidade: 41 km/h