O Sequestro do Voo 375, que relembra um dos eventos mais impactantes do Brasil, chega hoje, 7, ao Star+; veja curiosidades
Isabelly de Lima Publicado em 07/02/2024, às 14h09 - Atualizado em 16/02/2024, às 10h49
Em1986, enquanto o Brasil passava pelo Plano Cruzado, a moeda do país mudou de cruzeiro para cruzado. Ainda no plano do então presidente, José Sarney, a inflação subiu graças a abolição da correção monetária, uma forma de atualização do valor do dinheiro pela taxa de inflação, segundo o Brasil Escola. Com isso, muitos brasileiros passaram por dificuldades, principalmente a porcentagem mais pobre da população.
Um dos protestos mais memoráveis daquele período quase terminou em uma grande tragédia. Um avião que saiu de Porto Velho (RO) e tinha como destino o aeroporto de Galeão, no Rio de Janeiro, foi alvo de um sequestro coletivo em 29 de setembro.
Raimundo Nonato Alves da Conceição, na época com apenas 28 anos, anunciou o sequestro com uma arma na mão e tinha como destino o Palácio do Planalto, em Brasília, visando atacar o presidente,José Sarney.
Essa é a trama do filme 'O Sequestro do Voo 375', dirigido por Marcus Baldini, que chegou ao Star+ nesta quarta-feira, 7, e retrata o trágico acontecimento nas alturas.
Estrelado por Jorge Paz como Nonato e Danilo Grangheia como o Comandante Murilo, a produção resgata um dos acontecimentos mais marcantes da história recente do Brasil.
Para explicar alguns detalhes curiosos do longa, separamos 5 curiosidades sobre o filme que retrata aquilo que foi considerado o “11 de setembro brasileiro”:
Ainda que muitos acreditem que a história eletrizante compreenda mais um filme com a receita básica de uma produção de ação, o caso em questão aconteceu na realidade. O episódio aconteceu durante um voo, após 20 minutos de a decolagem acontecer. Nesse momento, Nonato sacou sua arma e anunciou o sequestro.
O sequestro foi planejado cautelosamente por Raimundo, que portava 100 balas consigo. Ele tentou ter todo o controle do avião, chegando a matar o copiloto, um comissário e um tripulante. Quando a aeronave desceu até o Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, se iniciaram negociações entre o sequestrador e a polícia.
Outro avião chegou no local, em que Raimundo entraria para escapar (como parte da negociação), mas assim que saiu do avião, levou tiros nas pernas, chegando a ser levado para o hospital. Lá, ele não saiu com vida, falecendo graças a uma anemia falciforme, doença genética hereditária que destrói os glóbulos vermelhos do sangue.
Jorge Paz, que também trabalhou em ‘Marighella’ (2019) e ‘Cangaço Novo’ (2023), revelou para a Rolling Stone Brasil que as cenas do filme foram tão intensas que ele parou no hospital.
Teve um dia que eu acordei e meu corpo [estava] tremendo. No último dia, eu fui parar no hospital. A galera se preparando para comemorar e eu fui para o hospital. Acho que não tem como fingir uma loucura, uma tensão, e ficar ali no superficial. Eu tenho que sentir a coisa, meu corpo tem que vibrar junto.", disse Paz.
Ele ainda comentou que chegou a confundir ficção e realidade, entrando no personagem de corpo e alma, terminando as filmagens com certa raiva de seu colega de elenco, Danilo.
Ao analisar o caso real e o filme, é possível afirmar que um dos heróis de toda a situação foi Fernando Murilo de Lima, o piloto da aeronave. Após presenciar mortes, o piloto conseguiu acionar um código de sequestro para a central, necessitando distrair Raimundo.
Tudo foi possível graças a sua perspicácia e formação militar, que o auxiliou tanto na velocidade das ações quanto na maneira com que ele lidou com o "terrorista" brasileiro. Além disso, ele realizou manobras que aprendeu durante o período que era militar.
A fim de distrair Raimundo por muito tempo, o piloto precisou realizar algumas atividades além da fala, para tentar acalmar Nonato. Ele realizou algumas manobras que impediram uma desgraça de acontecer.
O piloto, com seu conhecimento militar, realizou um tunneau barril — um voo em torno de seu próprio eixo. Essa manobra, além de ser considerada de alta dificuldade, nunca fora realizada por uma aeronave do modelo Boeing 737-317, marcando a data como a primeira vez que isso aconteceu.
A produção, que é 100% brasileira, contou com um orçamento de 15 milhões de reais, de acordo com a Folha de S. Paulo e foi um sucesso nos cinemas brasileiros. A produtora Joana Henning afirmou para o jornal que essa produção é também um risco:
É um filme que subiu um patamar de investimento e assumiu um risco, com um cinema-catástrofe, que não tem cultura no Brasil, então é um projeto que merece fazer parte dessa retomada. Seria importante para a indústria".
O filme exibe pontos de vistas sociais, fazendo com que o público se sinta dividido entre entender os motivos de Nonato e pensar na vida dos tripulantes. A produção, agora disponível no Star+, promete uma aventura hollywoodiana se passando em terras tupiniquins.
