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Matérias / O sequestro do voo 375

O que aconteceu com o homem que tentou jogar um avião no Palácio do Planalto

Em 1988, Raimundo Nonato Alves da Conceição sequestrou o voo 375 da Vasp para tentar atingir sede da Presidência da República; história inspirou filme

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 28/11/2023, às 18h00 - Atualizado em 18/02/2024, às 16h39

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Fotografia de Raimundo Nonato e sua versão em 'O Sequestro do Voo 375', interpretado por Jorge Paz - Reprodução/TV Globo / Reprodução/Star Distribution Brasil
Fotografia de Raimundo Nonato e sua versão em 'O Sequestro do Voo 375', interpretado por Jorge Paz - Reprodução/TV Globo / Reprodução/Star Distribution Brasil

No dia 7 de dezembro, chega aos cinemas de todo o Brasil um filme que retrata um dos mais tensos acontecimentos do Brasil das últimas décadas: 'O Sequestro do Voo 375'. Dirigido por Marcus Baldini e roteirizado por Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque, o longa retrata a assustadora história de quando um avião da Vasp foi sequestrado, com mais de 100 pessoas a bordo, por um homem que planejava jogá-lo sobre o Palácio do Planalto, em Brasília.

"Baseado em fatos, 'O Sequestro do Voo 375' se passa durante o Plano Sarney, iniciado em 1986. No Brasil, passando por dificuldades econômicas e financeiras, Nonato, um homem simples, procura por emprego. Mas sem resultado, ele então resolve protestar de medida dramática: sequestrar o voo 375, da Vasp, com mais de cem passageiros — e ordena ao comandante Murilo que jogue o avião em cima do Palácio do Planalto. Para evitar a tragédia, o piloto acaba sendo obrigado a executar manobras que jamais haviam sido tentadas com um avião daquele tamanho", descreve a sinopse do filme.

Na vida real, o dramático evento ocorreu no dia 29 de setembro de 1988, quando um homem chamado Raimundo Nonato Alves da Conceição tomou a  decisão de realizar o sequestro que, felizmente, não teve sucesso. Apesar de tudo, o episódio infelizmente deixou uma pessoa morta e outros três feridos. Mas o que aconteceu com o responsável pelo acontecimento?

O sequestro

Conforme relembrado pelo g1, toda a história começou com a decolagem do Boeing 737-317, o voo 375 da Vasp, em Porto Velho, Rondônia, em direção ao Rio de Janeiro, ainda pela madrugada. Comandado por Fernando Murilo de Lima e Silva, piloto, e pelo copiloto Salvador Evangelista, a aeronave ainda tinha escalas nas cidades de Cuiabá (MT), Brasília (DF), Goiânia (GO) e Belo Horizonte (MG).

Era cerca de 10 da manhã daquele fatídico 29 de setembro, quando 60 pessoas embarcaram para a última etapa daquele voo — já havia outras 38 a bordo —, no Aeroporto de Confins, na capital mineira. Foi então, após 20 minutos da decolagem, que Raimundo Nonato, munindo uma arma calibre 32 e mais de 100 balas, anunciou o sequestro.

+ Inspirou novo filme: Como foi o insano sequestro do voo 375

Antes de entrar na cabine dos pilotos, Nonato disparou contra a porta do cockpit do avião e, como na época essas estruturas não eram blindadas, o comissário Ronaldo Dias, que tentou impedir a entrada do sequestrador na cabine, foi baleado. Além dele, outro tripulante, Gilberto Renhe, também foi atingido com um tiro na perna.

Percebendo a situação, o comandante Fernando Murilo, que tinha formação militar, acionou pelo transpoder o código 7500, que significa sequestro, à central. Foi após isso que Raimundo conseguiu entrar na cabine e, infelizmente, disparou na nuca do copiloto Salvador Evangelista, que morreu no mesmo local.

Raimundo Nonato e Fernando Murilo, interpretados por Jorge Paz e Danilo Grangheia em 'O Sequestro do Voo 375' / Crédito: Divulgação

Apontando a arma para Murilo, Raimundo ordenou que o piloto desviasse da rota em direção a Brasília, onde pretendia atingir o Palácio do Planalto, sede do Presidente da República — na época José Sarney, em um momento que o país enfrentava uma tensa crise econômica —, com o avião, que continha 108 pessoas, incluindo passageiros, funcionários e ele próprio.

Ato de desespero

Como o alerta de sequestro já havia sido enviado, a Força Aérea Brasileira (FAB) rapidamente enviou um caça para perseguir a aeronave. Após sobrevoar Brasília por algum tempo, o piloto tentou enganar o sequestrador. Ele disse que a visibilidade estava ruim, para tentar convencê-lo a seguir em direção a Goiânia. Então o sequestrador fez mais uma ameaça, e ordenou que a rota fosse desviada em direção a São Paulo.

Com o copiloto morto e grande risco do fim do combustível, o piloto tomou uma atitude arriscada: começou a executar uma série de manobras aprendidas durante seu tempo como militar e, pela primeira e única vez na história, um grande Boeing 737 realizou um tunneau barril, manobra na qual a aeronave circula em seu próprio eixo, para tentar derrubar Raimundo.

Esse primeiro movimento, porém, não funcionou. Em seguida, o piloto tentou colocar o avião em queda livre — a plenos 9 mil metros de altura — em parafuso. E foi nesse momento que, finalmente, Raimundo caiu. No entanto, quando o voo 375 pousou no Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, o sequestrador já estava de pé e iniciou-se assim uma tensa negociação com a polícia, que durou duas horas.

Queda de Raimundo

Em meio às negociações, a Polícia Federal deixou disponível a Raimundo avião Bandeirante, para tentar convencê-lo a descer do voo 375. Já era noite quando, finalmente, o sequestrador foi alvejado nas pernas pelos militares, enquanto se dirigia ao outro avião.

Raimundo Nonato Alves da Conceição / Crédito: Reprodução/TV Globo

Antes de ser preso, Raimundo foi rapidamente encaminhado a um hospital em Goiânia, no entanto, morreu dias depois, em decorrência de uma anemia falciforme, uma doença genética e hereditária que destrói os glóbulos vermelhos do sangue.

A causa da morte, no caso, foi tão inusitada que muito se questionou na época se a verdadeira razão para a morte não teria sido uma injeção letal. No entanto, o caso não foi investigado.