Das papas a pizza, viajante espacial tem de ter estômago
Redação Publicado em 10/07/2020, às 08h00
Muitas expedições foram frustradas pela fome. Durante as grandes navegações, o escorbuto era o inimigo – em uma das viagens, Vasco da Gama perdeu 100 homens (de uma tripulação de 160) para a doença, causada pela carência de vitamina C, derivada de uma dieta que consistia de biscoitos secos, carne putrefata e água salobra.
Os primeiros astronautas se depararam com problemas similares. O soviético Yuri Gagarin, em 1961, foi o primeiro a comer no espaço. A refeição de purê de carne entubado e calda de chocolate não impressionaria nenhum epicurista, mas foi um marco.
Não se sabia se o processo de digestão seria possível em gravidade zero. Nos início da corrida espacial, a alimentação foi baseada nas rações militares secas e papas colocadas em tubos para serem chupadas com canudinho. Os alimentos precisavam pesar pouco, ser compactos e nutritivos – e aguentar longos períodos sem refrigeração.
Assim, a comida era desidratada ou pré-cozida e cortada em cubos ou pulverizada e tinha de ser reidratada no espaço, com água fria. E era perigosa: as migalhas interferiam nos equipamentos.
No projeto Gemini, de 1964, uma embalagem de plástico foi desenvolvida, e os alimentos cortados passaram a ser cobertos por gelatina, para não esfarelar. A inovação permitiu incrementar o cardápio: coquetel de camarão, frango com legumes e até pudim.
A estação espacial Skylab, em 1973, tinha refrigerador – como não produzia água, as comidas secas foram substituídas por congelados. O sorvete era a comida preferida. Em 1985, as tortilhas se popularizaram.
Hoje, na Estação Espacial Internacional, astronautas podem escolher entre vários cardápios e têm acesso a um forno e condimentos, como catchup e molho de pimenta. Em 2001, por exemplo, os russos inauguraram o delivery espacial: pizzas, enviadas pela Pizza Hut numa ação de marketing.
