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Curiosidades / Egito Antigo

Relacionado a descoberta feita no Egito: Como é o impressionante 'Livro dos Mortos'

Mais lidas do ano: Possíveis capítulos do artefato sagrado foram encontrados em uma descoberta de 2021 feita em Saqqara

Redação Publicado em 08/01/2021, às 08h00 - Atualizado em 30/12/2022, às 12h33

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Montagem mostra o 'Livro da Morte' e um registro dos sarcófagos de nova descoberta - Divulgação/ Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito/ Wikimedia Commons
Montagem mostra o 'Livro da Morte' e um registro dos sarcófagos de nova descoberta - Divulgação/ Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito/ Wikimedia Commons

No ano de 2021, um anúncio de uma nova descoberta impressionante ocorreu na cidade egípcia de Saqqara. Conforme informações do Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito, 250 sarcófagos foram encontrados, assim como 150 estátuas de bronze, vasos e poços funerários. 

A rica missão arqueológica, que é o resultado de escavações iniciadas ainda em 2018, ocorreu nos pés da pirâmide do Faraó Djoser, e análises preliminares dataram os artefatos de 2,5 mil anos atrás.

Fotografia de estátua encontrada no local / Crédito: Divulgação/ Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito

De forma ainda mais impressionante, os pesquisadores identificaram, dentro de um dos caixões descobertos, um grupo de possíveis capítulos do Livro dos Mortos, uma obra de grande importância para os egípcios que trazia instruções para que eles pudessem fazer uma transição tranquila para o além-vida. 

O trecho do possível documento foi enviado para análise no Museu do Egito, onde passará por restaurações, e trará mais informações a respeito das crenças que a civilização egípcia possuía em relação à morte. 

Mas como o livro funcionava? 

A maioria da arte do Egito Antigo tinha algo de paradoxal: não era para ser vista. Feita para passar a eternidade dentro de tumbas, sua função era ritual e mágica, garantir o bem-estar do falecido no pós-vida.

Por isso também toda a formalidade, com os personagens iconicamente de frente, parados e com a cabeça de perfil — a função disso era ajudar os deuses a reconhecê-los.

Mesmo com essas limitações, em escultura e pintura, foram os pioneiros egípcios que abririam caminho para o realismo fluido dos gregos, que viria séculos e séculos depois.

O Livro dos Mortos não é um só. Ele foi escrito e modificado ao longo de mil anos por diversos sacerdotes. Suas cópias em papiro, tidas por mágicas como todo o resto, cumpriam a mesma função que as pinturas nas tumbas. Os desenhos e os textos seguiam um modelo original, mas foram sendo modificados ao longo do tempo.

Página do Livro de Emergir na Luz / Crédito: Wikimedia Commons

Na imagem, pode-se ver o livro que pertenceu ao escriba de Tebas,Ani. Ainda que ele fosse um escriba, acredita-se que o papiro, extremamente profissional, tenha sido encomendado a um especialista. É uma das peças de literatura e arte egípcias mais bem preservadas conhecidas.

Magia

O Livro dos Mortos não pode ser comparado com uma Bíblia: o artefato egípcio era uma coleção de feitiços, não histórias ou profecias. Esses encantamentos eram destinados a ajudar os mortos a cruzar com sucesso o caminho descrito na imagem, para o Duat, o submundo. O nome do livro em egípcio é mais bem traduzido para Livro de Emergir na Luz.

Na primeira cena (presente na imagem acima) fica o que parece ser uma fila de assentos de ônibus. Estes são os deuses que irão acompanhar o julgamento do escriba, postado de joelhos diante deles. Da direita para a esquerda, em ordem de importância: Ra, Atom, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Isis e Néftis, Hórus, Hathor, Hu e Sai.

O livro também indica que caso a alma fracassasse no teste, seu coração seria consumido pelo demônio feminino Ammit. Esta era uma bizarra mistura de crocodilo, hipopótamo e leão. Que não era aleatória: são os maiores matadores de humanos que os egípcios conheciam. O que vinha depois tinha várias interpretações: alguns acreditavam ser o nada. Para outros, o tormento eterno num lago de fogo.

Deus dos mortos

Com cabeça de chacal (ou talvez um lobo) está Anúbis, o deus dos mortos, responsável por trazer as almas para o submundo. Ele opera a balança do julgamento. À esquerda da banca, mais três divindades prestam assistência: Shai (o destino) e as deusas Renenutet and Meskhenet.

O escriba Thoth — à direita na imagem, com cabeça de ave, o íbis — anota os resultados da pesagem conduzida por Anúbis. O babuíno sobre a balança, por sua vez, é outra personificação do deus escriba.

O coração da pessoa deveria pesar exatamente o mesmo que uma pluma, conforme diz a escritura. Os antigos egípcios acreditavam que o coração, e não o cérebro, era o centro da consciência e das emoções.