Qual a história real? Existem sobreviventes? Teve canibalismo? Tudo o que você precisa saber sobre o filme na Netflix
Em outubro de 1972, um avião que transportava 45 pessoas caiu em uma parte isolada da cordilheira dos Andes. Aqueles que sobreviveram, entretanto, não encontraram um cenário esperançoso. Vivendo isolados por mais de dois meses no frio intenso, precisaram até mesmo recorrer à carne dos cadáveres das vítimas do acidente para não morrerem de fome.
Esta é a sinopse do filme 'A Sociedade da Neve', lançado pela plataforma de streaming Netflix na última quinta-feira, 4. O filme, incrivelmente, é baseado em uma história real que ficou conhecida como 'Milagre dos Andes'. Pensando nisso, separamos 7 coisas que você precisa saber sobre o filme e a história real. Alerta: os parágrafos podem apresentar spoilers.
O avião levava 45 pessoas a bordo quando caiu em uma área remota dos Andes em 13 de outubro de 1972. Além do Old Christians Club, time de rugby, a aeronave também contava com familiares e amigos da equipe em questão, repercute a BBC internacional. O objetivo era que o avião chegasse ao Chile para uma competição após partir de Montevidéu, no Uruguai.
Infelizmente, a tragédia se deu quando o avião colidiu contra uma montanha da região. Na ocasião, os pilotos acreditaram que estavam próximos do aeroporto Pudahuel, localizado no Chile. Assim, iniciou a aterrizagem antes do esperado. O resultado foi a tragédia.
Na ocasião, eles enfrentaram fortes ventos, o que dificultou a viagem. Segundo repercutido pela ABC News, a aeronave não foi capaz de alcançar os 26.000 pés necessários para seguir trajeto diretamente nos Andes. Como resultado, seguiram uma rota em forma de U, e foram capazes de voar mais baixo em uma passagem da montanha, explicou ao veículo John Nance, especialista em aviação.
Com a autorização do controle de tráfego aéreo, iniciaram a descida. Entretanto, não perceberam que se precipitaram. Com isso, o avião acabou no coração dos Andes. Sem conseguir ultrapassar a cordilheira, o avião colidiu com uma montanha. Com o impacto, o avião perdeu as asas e parte da cauda.
Isolados de tudo e todos, os sobreviventes estavam a mais de 3 mil metros de altitude e encontraram temperaturas de até -30ºC no período da noite. Sem alimentos ou remédios, encaravam o frio e a fome.
Os sobreviventes ficaram isolados durante mais de 70 dias. A medida que o número de sobreviventes diminuia e a fome aumentava, os que precisavam resistir precisaram recorrer à carne das vítimas para não morrerem de fome.
Eles chegaram a essa decisão após um pacto coletivo. Na ocasião, todos concordaram que, caso não resistissem, os seus corpos poderiam ser usados para que outros sobrevivessem ao acidente.
Após mais de 70 dias na área remota, Fernando Parrado e Roberto Canessa decidiram que precisavam pedir ajuda. Assim, eles partiram sem equipamentos adequados, apenas com a coragem.
Depois de 10 dias, foram capazes de encontrar agricultores chilenos. Foram eles que conseguiram auxiliar os sobreviventes que aguardavam na área remota. Infelizmente, apenas 16 pessoas sobreviveram ao acidente.
Sim. 'A Sociedade da Neve' compreende uma adaptação da obra de mesmo nome escrita pelo jornalista Pablo Vierci e lançada em 2008, explica o Tudum, site da Netflix. Ele, inclusive, era colega de faculdade dos sobreviventes da tragédia aérea.
"Montamos o projeto ao longo de mais de 10 anos, desenvolvendo uma abordagem para a história enquanto trabalhamos em estreita colaboração com Pablo Vierci", disse o diretor Juan Antonio Bayona à Netflix. "É uma história fascinante e complexa. O livro [de Vierci] está cheio de fortes contrastes entre claro e escuro e é muito humano. Fiquei especialmente interessado no sentimento de culpa que permeia toda a história, que desmonta o conto do herói clássico dos filmes que retratam esse tipo de história.”
Com cenas eletrizantes, o filme foi gravado no Uruguai, Argentina e Chile. Cenas também foram gravadas no Valle de las Lágrimas, local como é conhecido o local do acidente. Lá, foram feitas filmagens de paisagens.
"Neste filme você vê a imensidão dos Andes", afirmou Canessa a Tudum. "Éramos como moscas no meio do nada… Quando você ver [o filme], terá que entender o que sentimos quando estávamos perdidos ali".
Inclusive, o diretor visitou o local do acidente antes das gravações do longa. "Foi incrível visitar o Vale das Lágrimas – no mesmo local e na mesma época do ano do acidente", explicou Bayona. "É um lugar fascinante e assustador… Mas vivenciar o frio extremo, a falta de oxigênio e a exaustão constante nos ajudou a entender o que os personagens principais passaram".
Sim! O diretor e a equipe criativa do filme conversaram em diferentes momentos com os familiares das vítimas e também com os nomes que sobreviveram a tragédia. Uma curiosidade, é que os atores do filme tiveram contato com os sobreviventes.
"Os sobreviventes foram fundamentais. O entusiasmo deles alimentou o filme e minha perspectiva", relembrou Bayona à Netflix. "Foi essencial para os [atores] se conectarem com os sobreviventes e outras famílias".
O site Tudum também explica que 15 sobreviventes do acidente estão vivos e foram importantes durante as gravações do filme.
"Os 15 sobreviventes que ainda estão vivos — e que são testemunhas da história — foram fundamentais para compreender a magnitude do que aconteceu lá", enfatizou Belén Atienza, um dos produtores do longa, ao site da Netflix.
