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Desventuras / Harry Haft

O boxeador judeu que lutou contra outros presos para sobreviver a Auschwitz

As partidas eram consideradas uma "forma de entretenimento" pelos soldados nazistas

Ingredi Brunato Publicado em 16/01/2023, às 20h00 - Atualizado em 26/01/2023, às 18h05

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Montagem mostrando o Harry Haft real, e imagem do filme A Luta de uma Vida - Divulgação/ Uso Livre e Divulgação/ Amazon Prime
Montagem mostrando o Harry Haft real, e imagem do filme A Luta de uma Vida - Divulgação/ Uso Livre e Divulgação/ Amazon Prime

"A Luta de uma Vida" é um impactante filme inspirado na história real de Harry Haft, um judeu polonês que foi obrigado a participar de partidas de boxe com outros presos quando era um adolescente encarcerado em Auschwitz. 

Após sobreviver ao Holocausto,o homem tentou ser um boxeador profissional nos Estados Unidos durante dois anos antes de se aposentar do esporte. Sua história trágica foi registrada em um livro de mesmo nome escrito por seu filho,Alan Haft

Vale mencionar que o longa contou com a direção do renomado Barry Levinson — que vem de família judia. Ele foi lançado em festivais de cinema ainda em 2021 e disponibilizado no catálogo brasileiro da Amazon Prime no último mês de janeiro.

A história real

Harry Haft estava próximo de seu aniversário de 16 anos quando foi deportado para Auschwitz, campo de concentração nazista construído em seu país natal, a Polônia. Era então 1941, e a Segunda Guerra Mundial iria durar mais quatro anos. 

O jovem judeu conseguiria sobreviver ao Holocausto, mas não sem muitas cicatrizes psicológicas. Muitas delas seriam derivadas do fato que, em 1943, Haft seria escolhido para participar de lutas de boxe contra outros presos. 

As partidas, que persistiam até um dos lutadores não conseguir mais se levantar, aconteciam todos os finais de semana, portanto, a "diversão" de domingo dos oficiais nazistas. 

O adolescente, por sua vez, tinha um físico relativamente bom para alguém que passava fome e precisava realizar trabalhos forçados, uma vantagem que se provaria valiosa para que continuasse vivo naquele ambiente sádico, conforme repercutido pelo The New York Times. 

A diferença essencial da versão do esporte executada pelos nazistas era que o perdedor era frequentemente assassinado por não ser capaz de se recuperar rápido o suficiente, se tornando um "peso morto" nas tarefas braçais que era obrigado a realizar nos dias úteis da semana. Esses presos eram fuzilados ou então enviados para a câmera de gás.  

Já o vencedor, além de "ganhar" a chance de respirar por mais uma semana, recebia uma porção extra de comida para que continuasse lutando. Não era, todavia, uma vitória real: o vencedor precisava, afinal, viver com a culpa de ter sido forçado a contribuir para o destino trágico de outro judeu. 

Conforme revelado pela obra escrita pelo filho de Harry Haft, ele teria participado de três ou quatro partidas por domingo, e cerca de 76 homens teriam sido assassinados após perderem para ele.

A habilidade para o boxe demonstrada pelo jovem teria feito inclusive com que seus captores o apelidassem de "O Animal Judeu", segundo informações do portal History vs Hollywood. 

Trecho do filme A Luta de Uma Vida / Crédito: Divulgação/ Youtube

Haft apenas escapou dos campos de concentração em 1945, quando aquele onde estava preso começou a ser bombardeado pelos Aliados.

Vivendo após o inimaginável

O polonês tentaria ser boxeador profissional nos Estados Unidos aos 22, mas só durou dois anos no esporte antes de decidir abandonar os ringues. Já sua vida longe dos ringues durou até os 82, quando faleceu devido a um câncer.  

O Holocausto tomou muito de Harry, incluindo não apenas as vidas de sua mãe e cinco de seus irmãos, como também uma consciência leve. Ainda de acordo com o New York Times, após ser homenageado pelo Museu Nacional Esportivo Judaico, o homem foi perguntado se tinha algum arrependimento, ao que deu uma resposta impactante: 

Meus arrependimentos são as vidas que passaram por esses punhos", relatou na ocasião.