Movimentação irregular de tropas e ameaças de golpe de Estado agravam crise política no país; ataques começaram na última terça-feira, 25
Gabriel Marin de Oliveira Publicado em 26/06/2024, às 19h13 - Atualizado às 19h19
O presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciou nesta quarta-feira, 26, uma “mobilização irregular” de unidades do Exército. A situação se agravou com as acusações do ex-presidente Evo Morales, que afirmou que o general Juan José Zúñiga planejava um golpe de estado.
Vídeos compartilhados nas mídias sociais mostram soldados fortemente armados e veículos blindados reunidos na Plaza Murillo, no coração da capital boliviana.
Na última terça-feira, 25, o ex-comandante do Exército boliviano, Juan José Zúñiga, foi destituído de seu cargo após fazer ameaças. Em entrevista a uma TV local, Zúñiga confirmou a investida militar: “Os três chefes das Forças Armadas vieram expressar nossa consternação. Haverá um novo gabinete de ministros, certamente as coisas mudarão, mas nosso país não pode mais continuar assim”, afirmou o general.
Evo Morales, que recentemente se desvinculou publicamente de Arce apesar de ambos pertencerem ao mesmo movimento socialista, acusou o general de tentativa de golpe.
Morales anunciou uma paralisação geral e convocou a população para bloquear estradas, declarando que “não permitiremos que as Forças Armadas violem a democracia e intimidem as pessoas”.
Apelamos a uma mobilização nacional para defender a democracia contra o golpe de Estado que se prepara à frente do General Zuñiga. Declaramos greve geral por tempo indeterminado e bloqueio de estradas. Não permitiremos que as Forças Armadas violem a democracia e intimidem o povo," disse o ex-presidente em sua postagem no X, reforçando o chamado à mobilização.
Diante da repercussão, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi questionado sobre a situação da Bolívia. O político disse que solicitou informações ao Itamaraty e disse que é preciso ter certeza a respeito do que acontece no país.
"Eu o ministro Mauro [Vieira, de Relações Exteriores] ligar para a Bolívia, ligar para o presidente [boliviano], ligar para o embaixador brasileiro, para a gente ter certeza, para ter uma posição", afirmou Lula. "Mas, como eu sou um amante da democracia, eu quero que a democracia prevaleça na América Latina, golpe nunca deu certo."
