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Notícias / Miniórgão

Cientistas anunciam descoberta de novo miniórgão em células de mamíferos

A organela recém-descoberta, que pode estar associada a doenças autoimunes, recebeu o nome de 'exclusoma'

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 03/10/2023, às 08h22

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A organela recém-descoberta (ponto verde-amarelo) fica no citoplasma próximo ao núcleo (azul) - Divulgação/Schenkel L. et al. Molecular Biology of the Cell
A organela recém-descoberta (ponto verde-amarelo) fica no citoplasma próximo ao núcleo (azul) - Divulgação/Schenkel L. et al. Molecular Biology of the Cell

Pesquisadores da Universidade ETH Zurique, localizada na Suíça, fizeram uma descoberta notável ao identificarem uma nova organela nas células de mamíferos. Esse "miniórgão" pode estar associado a doenças autoimunes e tem o potencial de aprofundar nossa compreensão sobre a evolução dos núcleos celulares.

A organela, denominada pelos cientistas como "exclusoma", foi detalhada em um artigo publicado em 21 de setembro na revista Molecular Biology of the Cell. Essa estrutura presente no citoplasma das células é composta por anéis de DNA conhecidos como plasmídeos.

Como explicou o portal Galileu, a presença de DNA nessa organela é excepcional, uma vez que as células eucarióticas (células com núcleo definido) normalmente mantêm a maior parte do material genético em seus núcleos, organizado em cromossomos.

Alguns dos plasmídeos do "exclusoma" provêm de fontes externas à célula, enquanto outros, chamados de anéis teloméricos, originam-se dos "capuzes" localizados nas extremidades dos cromossomos, conhecidos como telômeros.

Descoberta

Os cientistas conseguiram demonstrar pela primeira vez que o núcleo celular elimina os anéis teloméricos e os transporta para o citoplasma, juntamente com os plasmídeos de origem externa à célula. Isso indica que as células têm a capacidade de distinguir entre seu próprio DNA e material genético estranho.

Ruth Kroschewski, coordenadora do estudo e pesquisadora do Instituto de Bioquímica da ETH, explicou que essa é uma das funções essenciais de limpeza que as células realizam para proteger seus cromossomos.

Kroschewski também sugere que o "exclusoma" pode desempenhar um papel na memória imunológica das células. Ela e sua equipe especulam que uma proteína que tem sido estudada por biólogos por muitos anos pode se ligar aos anéis de DNA presentes na organela, criando uma "ilusão de infecção".

O corpo continua recebendo o sinal de que o problema ainda está presente. E, como a cascata de sinalização pró-inflamatória não diminui, mas continua, isso pode facilitar respostas autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico", ela acrescenta.

Estágios iniciais da evolução

De acordo com a cientista, é provável que o "exclusoma" tenha suas raízes nos estágios iniciais da evolução, quando os eucariotos surgiram.

À medida que a evolução avançou, um mecanismo emergiu para assegurar que as moléculas de DNA fossem encapsuladas automaticamente em uma membrana, semelhante ao que ocorre com essa nova organela.

Embora a membrana do "microorganelo" se assemelhe à do núcleo celular, ela é consideravelmente mais simples, como ressalta Kroschewski. A pesquisadora observa que o invólucro do "exclusoma" possui aberturas que se assemelham às encontradas no envelope nuclear apenas durante os estágios iniciais de sua formação.

Kroschewski especula: "Talvez o 'exclusoma' seja a primeira tentativa de produzir um núcleo celular". Ela tem planos de continuar desvendando os enigmas desse "miniórgão" juntamente com sua equipe de pesquisa.

+ Confira aqui o estudo completo.