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Notícias / Escravos

Durante Copa, jovens que eram escravos em time de futebol foram resgatados

Adolescentes em condições análogas às de escravidão foram resgatados no Rio Grande do Sul

Redação Publicado em 29/12/2022, às 11h56

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Um local do alojamento do time do RS - Divulgação/Inspeção do Trabalho
Um local do alojamento do time do RS - Divulgação/Inspeção do Trabalho

O mundo inteiro voltou sua atenção para os jogos da Copa do Mundo no Qatar, que começou no dia 20 novembro e se encerrou no dia 18 de dezembro, em virtude da grandeza da competição.

Entretanto, o que algumas pessoas não sabem é que nesse curto período, graças a 26 operações realizadas no Rio Grande do Sul, Piauí, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Distrito Federal, Roraima, Rio Grande do Norte e Minas Gerais, 235 trabalhadores que tinham condições análogas às de escravo foram resgatados.

Conforme informações do colunista do UOL, Leonardo Sakamoto, entre todas essas pessoas que estavam sendo escravizadas, haviam alguns são adolescentes enganados por escutarem que seus sonhos seriam realizados: se tornarem jogadores de futebol.

Cerca de sete jovens de 15 a 23 anos — que possuem famílias que passam por extremas dificuldades em Santa Catarina, Pará e Minas Gerais — se tornaram vítimas de tráfico de pessoas e escravidão contemporânea ao serem enganados por falsos 'olheiros' que afirmavam que, graças a eles, os meninos teriam uma chance de começar a carreira de jogador no Levi Futebol Clube, time do Rio Grande do Sul.

Promessas

Os jovens escutavam que teriam alimentação, que jogariam no Campeonato Gaúcho, ajuda para serem transferidos para um clube grande do futebol brasileiro, um bom lugar para treinar e um lugar para ficar durante o período que estivessem no clube.

Eles ainda tiveram que pagar uma certa quantia para o clube e para o 'olheiro'. Ainda segundo a fonte, além deles terem tirado dinheiro do próprio bolso para irem até o Rio Grande do Sul, os jovens também pagavam cerca de R$700 por aquilo que foi prometido, ou seja, eles eram cobrados mensalmente pela alimentação, alojamento e pelo lugar que servia de treino.

Já as pessoas que tinham mais de 18 anos e não tinham uma boa condição financeira para pagar os 700 reis por mês, trabalhavam em um frigorífico ou em uma fábrica de calçados local.

Resgate

A ação para resgatar as 235 pessoas que estavam sendo escravizadas foi comandada pela vigilância em Saúde do Trabalhador, pela Inspeção do Trabalho, pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social e pelo Ministério Público do Trabalho.

Lucilene Pacini, auditora fiscal do trabalho responsável por guiar a ação de resgate, contou que a alimentação era péssima e muitas vezes os próprios adolescentes tinham que fazer a comida — vale ressaltar que foi encontrado comida estragada no ambiente da cozinha. O alojamento, que era limpo pelos jovens, também se encontrava em condições precárias.

Além disso, os jogadores não tinham apoio do time quando se machucavam. "Quando o atleta se machucava, tinha que arcar com os custos do tratamento médico", declarou.

Os representantes do time do Rio Grande do Sul vão pagar verbas rescisórias e também terão que reembolsar todo o dinheiro que pegaram dos adolescentes, dando no total R$ 38.728,95.

Os jovens, que deixaram o RS e voltaram para casa, terão o direito de receber três parcelas do seguro-desemprego designado a vítimas da escravidão.