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Notícias / Ancestralidade

Mapeamento genético nacional revela origens do povo brasileiro

A partir de análises de mais de 200 mil DNAs, laboratório Genera realizou maior levantamento de dados genômicos da América Latina; confira!

Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 23/03/2023, às 09h50

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Imagem meramente ilustrativa de DNA - Imagem por Gerd Altmann pelo Pixabay
Imagem meramente ilustrativa de DNA - Imagem por Gerd Altmann pelo Pixabay

Na última terça-feira, 21, o laboratório brasileiro Genera divulgou um estudo em que realiza o maior mapeamento genético da América Latina. Com isso, a empresa foi capaz inclusive de destrinchar parte da história do DNA da população do Brasil, o que possibilita compreender mais sobre diferentes características de uma nação tão miscigenada.

Ao todo, a pesquisa trabalhou com mais de 200 mil códigos genéticos coletados não só no Brasil, como também na Argentina e no Uruguai. Dessa forma, foi possível traçar uma relação entre o perfil genético, ancestralidade e particularidades histórico-sociais dos três países, estabelecendo tanto semelhanças quanto diferenças entre elas, como informa a Revista Galileu.

Esse é um recorte que abrange pessoas que tiveram condições financeiras para adquirir o produto [teste genético]. No entanto, ainda assim é um volume significativo", disse Ricardo di Lazzaro, médico e CEO da Genera, em evento de divulgação do estudo realizado em São Paulo.

Com os estudos, foi possível apontar que grande parte do DNA nacional advém dos europeus, sendo quase 75% do total. Em segundo lugar nesse ranking, fica a ancestralidade africana (11%), seguida logo por Américas (6,5%), Oriente Médio (5,4%), judaica (2,7%) e asiática (2%).

Além do mais, a pesquisa apontou algumas diferenças entre o Brasil e os países vizinhos analisados, Argentina e Uruguai: aqui, a incidência de ancestralidade africana é bem maior que neles, sendo 10,95% contra 1,13% na Argentina e 1,94% no Uruguai. Já a origem relacionada aos povos nativos americanos é maior na Argentina, com 12,59%; em segundo lugar fica o Uruguai, com 6,73%, e por fim o Brasil, com 6,56%.

Ancestralidade por regiões

É de conhecimento geral que o Brasil é um país de proporções continentais, de forma que é praticamente impossível estabelecer padrões e características em comuns para populações de diferentes regiões, como Norte, Nordeste e Sul. A partir da análise de ancestralidade unicamente dos brasileiros, foi possível identificar miscigenação em todo país, mas as predominâncias genéticas variam dependendo da região ou estado.

Como já mencionado, a ascendência europeia é a que mais se destaca no país como um todo, sendo notável em 72% da população. Porém, na região Sul do Brasil, essa incidência é ainda maior: em Santa Catarina fica em 83%, contra 82% no Rio Grande do Sul e 77% no Paraná.

Já o Nordeste é a região em que se encontra a maior parcela da ancestralidade africana no país. Somente na Bahia, por exemplo, 3.258 pessoas foram testadas; destas, 23% apresentavam traços advindos da África na genética. Já outros estados como Sergipe e Maranhão apresentam uma incidência de 16,9% e 15,9%, respectivamente.

Já os estados com mais traços indígenas são os localizados na região Norte: cerca de 28% da população do Amapá apresenta esse traço de ancestralidade; o Amazonas possui incidência de 22%; o Pará, 19%; Roraima, 17,5%; e o Acre, 16%.

Agora quando se fala sobre uma ascendência em específico, a asiática — advinda principalmente de países como Japão, China e Coreia do Sul — possui mais força em São Paulo, sendo presente em 3,64% da população. Em segundo lugar nesse ranking fica o Mato Grosso do Sul, com 2,89%, e em terceiro o Paraná, com 2,63%, de acordo com a fonte.

A ancestralidade advinda do Oriente Médio, por sua vez, é mais notável também no Nordeste, sendo presente em 6,6% da população da Paraíba, 6,5% de Pernambuco e 6,4% do Rio Grande do Norte. 

Por fim, ainda falta a ascendência judaica: os líderes no ranking são os estados de São Paulo, com 3,07%; Rio de Janeiro, com 2,99%; e o Rio Grande do Norte, com 2,6%.

Por fim, Ricardo di Lazzaro avalia a importância de se conhecer a própria ancestralidade, e de que forma essas informações podem auxiliar na compreensão de algumas características da nação: "Muitos brasileiros, são celíacos ou têm intolerância à lactose, algo que tem origem genética. Tomar leite, por exemplo, vem muito de uma cultura europeia, algo que os povos originários aqui no Brasil não estavam acostumados", explica.