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Notícias / Meteorito

Meteorito mais antigo já encontrado causa controvérsia na comunidade científica

Datado de 4,6 bilhões de anos, ou seja, mais antigo que a existência da Terra, meteorito EC 002 foi encontrado em 2020 no Deserto do Saara

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 30/08/2023, às 13h50 - Atualizado às 17h36

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O meteorito mais antigo já encontrado, chamado de Erg Chech 002 (EC 002) - Steve Jurvetson via Wikimedia Commons
O meteorito mais antigo já encontrado, chamado de Erg Chech 002 (EC 002) - Steve Jurvetson via Wikimedia Commons

O meteorito mais antigo já encontrado, chamado de Erg Chech 002 (EC 002), é datado de 4,6 bilhões de anos — de um período que nem mesmo a Terra (que tem, aproximadamente, 4,5 bilhões de anos), existia.

A rocha espacial foi achada em 2020, no Deserto do Saara, na Argélia, e agora está lançando uma nova luz sobre a origem e 'aparência' de nosso Sistema Solar — além de apontar revelações controversas na comunidade científica.

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Afinal, uma equipe de pesquisadores australianos lançou um estudo que questiona a precisão de como os especialistas calculam a idade dos meteoritos, sugerindo que alguns podem não ser tão antigos quanto se pensava.

O fato se dá pelo grupo ter descoberto mais isótopo radioativo Alumínio-26 (26Al) no EC 002 do que outros acondritos antigos, ou meteoritos rochosos, de idade semelhante. O que vem desafiando uma teoria.

Até então, repercute o Daily Mail, pesquisadores entendiam que o 26AI — que se pensa fornecer uma fonte de calor para os blocos de construção dos planetas — foi distribuído de forma igual por todo o Sistema Solar inicial. Sendo assim, os especialistas estimam a idade dos meteoritos com base na quantidade de 26AI presente neles quando formados.

O novo estudo

A nova pesquisa, publicada na revista Nature Communications, porém, aponta que se o isótopo foi distribuído de forma desigual por todo o Sistema Solar inicial, então não se pode confiar nele para dar uma indicação precisa da idade de uma rocha espacial ou do papel que a mesma poderá ter desempenhado na formação do planeta.

Sabemos que nosso Sistema Solar foi formado há cerca de 4,5 bilhões de anos, a partir de uma nuvem em colapso de gás e poeira interestelar que provavelmente fazia parte de uma nebulosa muito maior.

Com isso, os cientistas pensam que seu colapso pode ter sido desencadeado pela onda de choque de uma supernova próxima, ou estrela em explosão, que por sua vez levou à criação de uma nebulosa solar — um disco giratório e rodopiante de material a partir do qual o Sistema Solar se originou.

A 26AI, então, teria sido vital no processo que nos levou a caminhar na Terra hoje porque fornece calor suficiente através do decaimento radioativo para produzir corpos planetários com interiores em camadas, como o nosso. A substância também ajudou a secar os primeiros planetesimais para produzir planetas rochosos.

Devido à sua vida relativamente mais curta, com cerca de 770.000 anos, os cientistas pensam que o 26AI deve ter sido formado ou misturado no disco de formação planetária circundante do jovem Sol, pouco antes da condensação da primeira matéria sólida no nosso Sistema Solar. A sua existência no meteorito EC 002 oferece, portanto, uma oportunidade para explorar mais a fundo a distribuição inicial do isótopo antes da formação da Terra.

Liderados por Evgenii Krestianinov, pesquisadores da Universidade Nacional Australiana estudaram o meteorito e determinaram que a sua idade isotópica de chumbo era de cerca de 4,566 bilhões de anos. Com isso, combinaram a descoberta com os dados existentes do meteorito e os compararam com outras rochas espaciais antigas que cristalizaram a partir de derretimentos.

Os pesquisadores demonstraram que o 26Al tinha uma distribuição desigual na nebulosa solar inicial. Por esta razão, eles disseram que os estudos de cronologia de meteoritos devem ser cautelosos e adotar uma abordagem generalizada para datar isótopos de vida curta.