Apelidada de Madame Butterfly, renomada estilista faleceu na última quinta-feira, 11, aos 96 anos
Isabela Barreiros Publicado em 18/08/2022, às 08h01
A estilista japonesa Hanae Mori, que conquistou o mundo da alta costura com suas peças que chegaram a ser vestidas por Grace Kelly, Nancy Reagan e até mesmo a atual imperatriz japonesa, Masako, faleceu na última quinta-feira, 11, informou seu escritório.
Segundo relatou a fonte ao jornal britânico The Guardian, Mori morreu em sua casa em Tóquio, no Japão, aos 96 anos. A causa do óbito não foi revelada pela família. Ela deixa dois filhos, uma filha, sete netos e vários bisnetos. O marido dela, Ken, morreu em 1996.
Mori ficou conhecida pelo apelido “Madame Butterfly” (Madame Borboleta, em português) devido às características de suas peças, que se tornaram sua assinatura. Além de roupas, também enfeitava perfumes, bolsas e outros com borboletas coloridas.
Alavancando sua carreira para além de Tóquio, a estilista apresentou sua primeira coleção no exterior em 1965, nos Estados Unidos, levando o tema “East Meets West” a Nova York. Depois, suas coleções foram vistas por décadas no Japão até sua aposentadoria em 2004.
Ela foi responsável pelos uniformes dos comissários de bordo da Japan Airlines, as roupas da equipe japonesa na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 e o lendário vestido de noiva da imperatriz japonesa Masako em 1993. Também ficou conhecida por criar figurinos para muitos filmes do Japão nas décadas de 1950 e 60.
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Em uma entrevista ao Washington Post, Hanae contou como encontrar Coco Chanel no estúdio dela em Paris, na França, foi “uma espécie de ponto de virada” para ela, pois a estilista francesa deu dicas para como alavancar seus designs. Uma delas foi usar algo em laranja brilhante para contrastar com o cabelo preto.
Todo o conceito japonês de beleza é baseado na ocultação”, disse Mori na época. “De repente, percebi que deveria mudar minha abordagem e fazer meus vestidos ajudarem uma mulher a se destacar.”
Além de ser uma renomada estilista, ela também se tornou uma ótima empresária para lidar com seus negócios, sendo a primeira mulher a ingressar a Associação Japonesa de Executivos Corporativos em 1986.
Mori ainda ganhou a Medalha com Fita Roxa em 1988 do governo japonês como reconhecimento à sua contribuição para a arte do país. Também recebeu, em 2002, a Legião de Honra, mais alta condecoração francesa.
Ela foi uma pioneira da moda no Japão. Em uma época em que a indústria ainda não havia se estabelecido, ela moldou o que significava trabalhar como designer”, afirma a curadora de moda e pesquisadora Akiko Fukai à Kyodo.
“Ser a primeira japonesa listada como estilista de alta costura em Paris, o pico mais alto do mundo da moda, significa que ela foi reconhecida no cenário global. Ela deixou uma marca enorme”, acrescenta.
