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Notícias / Arqueologia

Escavação arqueológica no Palácio do Catete revela piso histórico

Escavação arqueológica no Rio de Janeiro descobriu um incrível artefato

Redação Publicado em 13/03/2023, às 17h09

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Fotografia do piso descoberto - Divulgação/ Iphan/ Daniela Reis
Fotografia do piso descoberto - Divulgação/ Iphan/ Daniela Reis

modernização do sistema de esgoto do Palácio do Catete, iniciada há cerca de um mês, revelou um piso histórico em ótimo estado de conservação sob as camadas de terra do jardim.

Com padrões de impressionante requinte artístico, a descoberta surpreendeu até mesmo os arqueólogos que trabalham na obra, uma vez que as plantas e documentos antigos do local não registram essa construção.

Vale lembrar que o Palácio do Catete foi cenário de acontecimentos emblemáticos da história do Brasil, como a declaração de guerra à Alemanha em 1917, o lançamento da moeda Cruzeiro em 1943 e o suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Em vista disso, os artefatos arqueológicos recém-descobertos prometem resgatar detalhes esquecidos desses episódios históricos. 

Mais detalhes

Fotografia da descoberta arqueológica ocorrida no Palácio do Catete / Crédito: Divulgação/ Iphan/ Daniela Reis 

Um piso com a mesma aparência daquele escavado também pavimenta trechos do prédio principal, o que indica a possibilidade de a construção soterrada nos jardins ser contemporânea à edificação do palácio, erguido entre 1858 e 1867 para servir de residência ao Barão de Nova Friburgo.

O casarão também já foi lar da nobreza e sede do Poder Executivo Federal, e hoje abriga o Museu da República (MR), que é um dos principais pontos turísticos e culturais do Rio de Janeiro (RJ).  

Ficamos muito felizes com a descoberta desses achados, que agora se transformam em pesquisa arqueológica. Posteriormente, pretendemos expô-los ao público, mas, para isso, precisamos antes desenvolver projetos arqueológicos e museológicos”, afirmou o diretor do museu, Mário Chagas

A área onde os achados arqueológicos foram localizados ainda será escavada para que sejam verificadas as dimensões dos pisos remanescentes. Com 1,40 metros de largura, é provável que o comprimento se estenda para além do trecho atualmente visível.

Embora ainda não se saiba qual a função da estrutura que existia nas proximidades do palácio, relatos da cultura popular oral sugerem que os elementos podem ser parte de uma antiga casa de banhos, de uma entrada alternativa da propriedade, ou até mesmo da residência da sogra do Barão de Nova Friburgo.

Nos próximos meses, será realizada pesquisa histórica e documental para reconhecer a estrutura identificada, remanescente apesar das sucessivas intervenções posteriores e que pode ajudar a compreender usos e ocupações do espaço durante o século XIX. 

Esses achados arqueológicos no Museu da República mostram como a arqueologia histórica tem sido importante ao revelar parte da cidade que não é mais visível, ou seja, existe uma história que pode ser recuperada a partir das pesquisas arqueológicas das diversas intervenções pelas quais a cidade vem passando ao longo dos últimos anos”, explicou o superintendente do Iphan-RJ, Paulo Vidal.

“Assim foram revelados diversos sítios arqueológicos quando implementadas as linhas 1, 2 e 3 do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Por exemplo, na frente da Igreja Santa Rita, foi encontrado um cemitério. O Cais do Valongo também foi revelado a partir do trabalho de mudança do sistema de infraestrutura urbana no Porto Maravilha”, complementou ele.   

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) — que administra o Museu da República — se uniram para analisar o melhor modo de preservar os artefatos. É relevante apontar que ambas as entidades são autarquias federais vinculadas ao Ministério da Cultura. 

O Palácio do Catete

Fotografia do Palácio do Catete / Crédito: Divulgação/ Iphan/ Daniela Reis 

De estilo eclético, o palácio apresenta três pavimentos e fachadas de mármore, tendo sido projetado pelo arquiteto alemão Gustav Weschneldt, juntos aos pintores Emil Bauch, Tassani e Bragaldi. Já em seu interior, a construção ostenta escadas em mármore e salões nobres decorados com estuques, pinturas e um rico mobiliário. 

No período imperial, a propriedade recebeu os bailes suntuosos da elite, porém, após a Proclamação da República, foi desocupada. Ela acabou sendo vendida em 1890, ao que passou pelas mãos do Conselheiro Mayrinck e do Banco da República do Brasil antes de sediar a Presidência da República, em 1896. 

O imóvel passou por ampla reforma para abrigar os presidentes e suas famílias, processo do qual participaram nomes renomados, tais como os pintores Antônio Parreiras e Décio Villares, o engenheiro Aarão Reis e o paisagista Paul Villon. Entre as melhorias, é possível citar a instalação de luz elétrica nas imponentes acomodações. 

O palácio e seu respectivo parque foram tombados em 1938 pelo Iphan, além de ter sido incluído em dois Livros do Tombo: o Histórico e o das Belas Artes.

Em 1954, os helicópteros de Juscelino Kubistechek partiram de lá em constantes visitas às obras da futura capital. Seis anos depois, a propriedade, também conhecida como “O Palácio das Águias” transformou-se no Museu da República, que é como o imóvel permanece até os dias atuais. 

Hoje, ele é palco de feiras populares, peças teatrais, exposições museológicas, entre outras atividades — o Palácio é um dos corações do bairro do Catete. Quem mora nas imediações o considera como extensão do seu lar e referência de pertencimento em relação à região e à cidade ao redor.

Seja como local de respiro em meio à rotina, destino de passeios em família, ou ponto de encontro com amigos, tanto os cariocas quanto os turistas visitam o ponto turístico, usando-o como espaço de memória, lazer, identidade e afeto. 

Arqueologia no Iphan 

O patrimônio arqueológico é acautelado em âmbito federal e engloba os vestígios e os lugares relacionados a grupos humanos passados responsáveis pela formação identitária da sociedade brasileira. Frequentemente encontrados de modo fragmentado, os vestígios demandam estudos para sua reconstituição e compreensão.  

O Iphan, por sua vez, é o grande responsável pela gestão do patrimônio arqueológico, cujos artefatos são considerados Patrimônio Cultural Brasileiro e bens da União.

Vale lembrar que a preservação é um direito e um dever de todos os cidadãos, e que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios proteger os sítios arqueológicos. Por isso, são proibidos o aproveitamento econômico, a destruição ou a mutilação dos sítios arqueológicos antes de serem pesquisados com a devida autorização do Iphan.