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Matérias / Sequestros em Cleveland

Sequestros em Cleveland: Veja o que aconteceu com o sequestrador Ariel Castro

Sequestros em Cleveland, disponível na Netflix, retrata os crimes de Ariel Castro; ele manteve vítimas em cárcere privado por cerca de uma década

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 20/05/2024, às 19h00

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Ariel Castro em seu julgamento, em 2013 - Getty Images
Ariel Castro em seu julgamento, em 2013 - Getty Images

Presente no catálogo da Netflix, o filme 'Sequestros em Cleveland' é considerado um dos mais agonizantes da plataforma. O drama retrata a história real de três mulheres que foram sequestradas e passaram cerca de uma década em cárcere privado. 

Tudo começou em 2002, quando Ariel Castro sequestrou a jovem Michelle Knight, de apenas 21 anos, no bairro de Tremont, em Cleveland (Estados Unidos). A mulher foi mantida aprisionada por 11 anos. 

+ 'Sequestros em Cleveland': Veja história real por trás do filme

Nos anos seguintes, Castro também trancafiou Amanda Berry e Gina DeJesus que tinham, respectivamente, 16 e 14 anos. Os 'Sequestros em Cleveland' acabaram em maio de 2013; mas o que aconteceu com Ariel Castro

Modus operandi

Ariel Castro tinha um método estabelecido para sequestrar suas vítimas — embora tenha testemunhado que os raptos aconteceram por impulso e não premeditados. Para isso, ele se aproximava de seus alvos aparentando ser uma pessoa confiável e oferecia carona. 

A primeira delas, explica a CNN Internacional, foi Michelle Knight em 23 de agosto de 2002. Naquele dia, a jovem de 21 anos precisava comparecer no tribunal para uma audiência de custódia de seu filho. Ansiosa, a mulher foi abordada por Castro, que para 'ajudá-la', ofereceu carona até o local. 

Cerca de uma ano depois, em 21 de abril de 2003, Amanda Berry, de 16 anos, foi raptada depois que Ariel se ofereceu para levar a jovem até o restaurante onde ela trabalhava. Na época, o sequestrador disse que seu filho também era contratado pelo estabelecimento.

Mugshot de Ariel Castro  / Crédito: Wikimedia Commons

Já em 2 de abril de 2004 foi a vez de Gina DeJesus ser vista pela última vez após falar em um telefone público, no caminho entre a escola e sua casa. A menina era amiga da filha de Ariel, Arlene — que pouco antes havia ligado para sua mãe, Grimilda Figueroa (já separada há anos do sequestrador) pedindo para que a colega fosse dormir em sua casa. Como Figueroa recusou o pedido, as meninas se separaram. Foi aí que Castro agiu. 

Com 43 anos na época, Ariel levou a jovem para sua casa, na 2207 Seymour Avenue, onde mantinha as outras duas mulheres em cárcere privado. O endereço foi todo adaptado para manter o paradeiro delas em sigilo. 

Segundo a BBC, o agente do FBI Andrew Burke testemunhou que a porta dos fundos foi equipada com alarmes, além de Castro ter colocado colchas e cortinas nas janelas para deixar o interior do imóvel escuro. 

Casa de Ariel, onde as três mulheres ficaram presas / Crédito: THD3 via Wikimedia Commons

Além disso, ele mantinha suas reféns acorrentadas. As vítimas também eram mantidas em quartos diferentes, separados apenas por paredes finas. 

Relatos do inferno

A BBC aponta que durante os anos em que ficaram trancafiadas, as mulheres foram autorizadas a relatarem em diários os abusos cometidos por Ariel, fornecendo detalhes sobre as agressões físicas e sexuais que sofriam. 

Desde quando foi capturada, Michelle foi alvo contante de abusos e espancamentos, sendo obrigada a abortar durante cinco vezes. Por conta dos socos que levou, ela perdeu a audição em um dos ouvidos e teve que passar por uma reconstrução facial. 

Amanda também engravidou por conta dos estupros de Castro, mas acabou dando à luz em 25 de dezembro de 2006 — quando seu cárcere já acontecia há três anos. O parto aconteceu dentro da casa, com ajuda de Michelle

Quando o bebê nasceu ela não respirava. Michelle Knight respirou na boca do bebê em um esforço para salvá-la", relatou o promotor do condado de Cuyahoga, Timothy McGinty, com base no que foi encontrado nos diários, aponta a BBC.

As três mulheres pouco viam a luz do dia e também os rostos umas das outras. A pequena filha de Amanda viveu no cativeiro até seus seis anos, sem ter conhecimento de como era o mundo além da realidade infernal que vivia vendo sua mãe presa em uma cama. 

Michele, Amanda e Gina ainda eram obrigadas a ouvir os gritos durante as sessões de abuso. Ariel até mesmo tinha um ritual macabro para a data de 'aniversário' de cada um dos sequestros: ele colocava cada uma das suas vítimas, em suas respectivas datas, em uma mesa com um bolo. Ele também punha em uma TV imagens de suas famílias em matérias de televisão sobre suas buscas. 

Fim do horror 

Os momentos de tensão acabaram na manhã de 6 de maio de 2013.Ariel Castro saiu de casa, mas esqueceu de trancar um dos quartos onde mantinha suas vítimas em cativeiro. Amanda conseguiu chegar até a porta principal do imóvel e gritar por ajuda. 

Vizinhos escutaram e arrombaram a porta da propriedade, o que permitiu a mulher fugir com sua filha no colo. Ao ligar para a polícia, recorda o The Independent, ela disse: "Me ajudem, eu sou Amanda Berry... Eu fui sequestrada e estive desaparecida por dez anos... Eu estou aqui, estou livre agora". As autoridades chegaram ao local e libertaram as outras duas vítimas. 

Se declarando culpado de 937 acusações, incluindo homicídios (por conta dos abortos forçados), sequestros, agressões, cárcere privado e estupro, Ariel Castro foi condenado, em agosto daquele mesmo ano, a mais de mil anos de prisão sem a possibilidade de liberdade

Notícia do dia em que as três mulheres foram encontradas / Crédito: Getty Images

No entanto, ele só cumpriu cerca de um mês de sua pena, visto que, na noite de 3 de setembro, foi encontrado morto em sua cela — após tirar a própria vida. Castro tinha 53 anos na época. 

Segundo o legista Dr. Jan Gorniak explicou à CNN, a equipe médica do Centro de Recepção Correcional no Oriente, onde ele estava preso, tentou reanimá-lo, mas não consegui. Castro ainda foi levado Pas pressas ao Centro Médico Wexner da Universidade Estadual de Ohio, onde foi declarado morto às 22h52.

Ao anunciar a morte de Ariel Castro, o promotor do condado de Cuyahoga, Timothy J. McGinty, foi duro com suas palavras: "Esses molestadores degenerados são covardes", disse. 

Este homem não aguentou, nem por um mês, uma pequena porção do que havia distribuído por mais de uma década", afirmou, segundo a CNN.