Em alguns casos, aliás, elas foram campeãs de votos e superaram até mesmo seus cônjuges
A partir de 2023, quase um quarto das mulheres que assumirão uma cadeira na Câmara dos Deputados são esposas de políticos — ou tiveram algum relacionamento com eles. Importante ressaltar que as últimas eleições elegeram a maior bancada feminina da história.
Segundo levantamento da Folha de São Paulo, das 91 deputadas que foram eleitas, 21 delas possuem, ao menos, parte do capital ligado a maridos e ex-maridos; ou seja, 23%. O que inclui, inclusive, aquelas sendo campeãs de votos.
Um exemplo disso é Daniela do Waguinho, eleita pelo partido União Brasil, no Rio de Janeiro. Casada com Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, prefeito de Belford Roxo, ela recebeu 213 mil votos.
Além disso, há casos também de esposas, que entraram pela primeira vez na vida política, que superaram a votação de seus cônjuges. Como Detinha, do PL no Maranhão, eleita para a Câmara com 3 mil votos a mais que seu marido, o deputado federal Josimar Maranhãozinho — que também se reelegeu.
À Folha, Iara Cordeiro, assessora parlamentar da Secretaria da Mulher da Câmara, relatou que isso acontece pelo fato de “a própria lei eleitoral incentivar isso”.
Como os partidos têm que preencher a cota dos 30% acaba sendo mais fácil para eles investirem em mulheres que acabem já herdando um capital político”, aponta.
"As mulheres sofrem diversas violências políticas na disputa", explica a assessora, que também faz parte do Observatório Nacional da Mulher na Política. "Elas não recebem recurso, ou recurso não é repassado a tempo. Isso também influencia nas mulheres que se projetam, porque as que não têm sobrenome podem acabar sendo escanteadas pelos partidos."