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Notícias / Inglaterra

Vida de internos em hospital medieval de caridade é detalhada em estudo

Fundado em 1195, hospital em Cambridge foi criado para ajudar “pobres e enfermos”; mas tinha critérios de seleção bastante rigorosos

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 01/12/2023, às 14h11

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Ilustração da Universidade de Cambridge de um interno chamado 'Wat' - Mark Gridley/After the Plague
Ilustração da Universidade de Cambridge de um interno chamado 'Wat' - Mark Gridley/After the Plague

Fundado em meados de 1195, o hospital de São João Evangelista, em Cambridge, na Inglaterra medieval, abrigou cerca de uma dúzia de internos. Em 2010, o local foi escavado; quando foi encontrado mais de 400 restos mortais dos antigos 'moradores'.

Embora fosse criado para ajudar os "pobres e enfermos", os indivíduos ali enterrados provinham de uma grande variedade de origens — desde estudiosos a crianças órfãs. Além do mais, para permanecer no local por longos períodos, as pessoas precisavam passar por critérios de seleção bastante rigorosos.

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Os internos

Segundo o Daily Mail, o hospital foi criado para fornecer caridade para aqueles que não tinham muito dinheiro. Entretanto, o local tinha espaço e fundos limitados para isso. Assim, os pesquisadores da Universidade de Cambridge buscaram esclarecer as decisões tomadas no século 13 sobre quem tinha permissão para permanecer no hospital.

Descobriu-se, então, que existia uma espécie de sistema de "benefícios" que ajudou a decidir quem receberia cuidados. A equipe descobriu que órfãos doentes e pobres frequentavam o hospital, possivelmente motivados pela pena; enquanto os estudantes eram permitidos, pois isso gerava um "benefício espiritual".

Enquanto isso, indivíduos prósperos e íntegros que sofreram infortúnios também foram considerados dignos. Porém, mulheres grávidas, leprosos e pessoas consideradas 'insanas' não eram permitidas no local. 

Como todas as cidades medievais, Cambridge era um mar de necessidade", contextualizou John Robb, um dos autores do estudo e professor de arqueologia da Universidade de Cambridge.

"Algumas das pessoas pobres mais sortudas conseguiram alojamento e alimentação no hospital para o resto da vida. Os critérios de seleção teriam sido uma mistura de carência material, política local e mérito espiritual", prosseguiu. 

O estudo, publicado hoje na revista Antiquity, também revelou que os internos eram cerca de 2,5 centímetros mais baixos, em média, do que outras pessoas que viviam na cidade. Eles também tinham maior probabilidade de morrer mais jovens e apresentar sinais de tuberculose.

Os restos mortais foram encontrados durante escavações/ Crédito: Cambridge Archaeological Unit/St John's College

Seus ossos também eram mais propensos a apresentarem vestígios de uma infância marcada pela fome e por doenças. No entanto, também tiveram taxas mais baixas de traumas corporais, sugerindo que a vida no hospital reduziu as dificuldades ou riscos físicos.

Além dos pobres de longa data, até oito residentes de hospitais apresentaram sinais que indicavam uma dieta de qualidade inferior em idades mais avançadas — e podem ser exemplos dos chamados "pobres envergonhados"; aqueles que saíram do conforto para miséria, talvez, após terem ficado impossibilitados de trabalhar.

Os investigadores sugerem que a variedade de pessoas no hospital — desde órfãos e acadêmicos piedosos até aos anteriormente prósperos — pode ter ajudado a atrair uma série de doadores.