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Matérias / China

Há 70 anos, nascia a República Popular da China

A China tem a segunda maior economia do mundo, entretanto, foi necessário um longo processo para alcançar tal marco, principalmente após a morte de Mao Zedong

André Nogueira Publicado em 01/10/2019, às 10h55

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Reprodução
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No dia 1º de Outubro de 1949, como o fim da Guerra Civil travada entre as alas do Kuomintang chinês, foi fundada a República Popular da China. O líder nacionalista Chiang Kai-Shek, que controlava algumas cidades do sul, fugira para seu exílio em Formosa enquanto o comandante do Partido Comunista, Mao Zedong, anunciava a fundação do novo país nos portões da Praça Tian’anmen.

Diante de um cenário catastrófico, numa China que passara pelo colonialismo inglês e pelas atrocidades indescritíveis na mão dos japoneses durante a Segunda Guerra, além da destruição causada pela Guerra Civil, Mao tinha a dura missão de reconstruir o país.

Há 70 anos, Mao anunciava a fundação da RPC / Crédito: Reprodução

A República Popular da China é consequência direta da ação política da Conferência Consultiva Política do Povo, que estabeleceu as diretrizes do que seria essa República, pautando um projeto nacional representado por sua bandeira: o vermelho do comunismo seria marcado pelas quatro estrelas, simbolizando os camponeses, os operários, a pequena burguesia e a burguesia urbana.

Entre 1949 e 1976, durante o governo Mao, a China passou por um governo revolucionário abertamente pautado na visão e no dogma comunista. Aspectos da vida pública como a sociedade, a cultura e a economia estiveram a serviço de um compromisso ideológico. Apesar de a planificação econômica projetada por Mao e o compromisso do governo com o combate à pobreza terem criado bases para o que seria e a estabilização da economia chinesa, as ações de Mao resultaram em grandes catástrofes.

O Salto para Frente, por exemplo, não regulou corretamente os fluxos de produtos e resultou na Grande Fome que assolou o país. Os projetos nacionalistas, como o combate às pragas da lavoura, acabaram aumentando o problema do ataque às safras. O poder do Partido Comunista tornou-se cada vez mais intenso e Mao se tornou uma importante referência ideológica para os chineses, resultando num regime autoritário.

A contrarrevolução Xiaoping

No entanto, a morte do ditador deu início ao processo que transformaria a China na segunda maior economia do mundo: o Secretariado do Partido Comunista, na missão de reestabelecer uma liderança para o país, levou ao cargo de presidente do partido um opositor da proposta de economia política maoísta, Deng Xiaoping.

Em 1952, a China tinha um PIB de 30 bilhões de dólares; aumentando para 13,6 trilhões em 2018. O país passou de 11ª economia mundial nos anos 1960 para a 2ª nos dias atuais.

Usualmente, o projeto econômico de Xiaoping é tratado como Comunismo de tipo Chinês ou, ainda, mais precisamente, como um Capitalismo de Estado. Pautado na ideia de “quatro modernizações”, a nova agenda econômica chinesa provocou uma revolução no PIB e em sua capacidade de exportação.

Deng Xiaoping / Crédito: Reprodução

Para Xiaoping, não importava a matriz comunista ou capitalista da economia chinesa, o objetivo era que ela funcionasse. "Não importa se o gato é preto ou branco desde que cace ratos", afirmou o chinês em um discurso na conferência da Liga da Juventude Comunista da China. A partir de 1978, seu programa entrou em curso e a modernização econômica chinesa deu início ao movimento que transformou a China em potência.

Durante uma reforma na política fundiária no país, o setor agrícola deixou progressivamente o programa de planificação rural, aumentando sua produtividade e movimentando fluxos de migração do campo para a cidade. Também foram abertas oportunidades para investimentos estrangeiros, inédito desde a revolução, e até a criação de cadeias privadas.

Em compensação, a economia tornou-se cada vez mais inconstante, devido à abertura para as forças de mercado. Acompanhado do acirramento do autoritarismo do governo federal, os projetos econômicos da China deixaram de projetar quantidade de produção e preços para o acesso ao consumo e passaram a ser estabelecidos pela economia de mercado, segundo regras da oferta e da demanda.

Xiaoping abriu a costa chinesa aos estrangeiros. Já era incentivado, desde sua posse, que os chineses seguissem os moldes do ocidente – o que era contrário ao compromisso maoísta. Entretanto, a partir do final dos anos 1970, foram criadas as Zonas Econômicas Especiais no litoral pacífico, que transformaram as cidades chinesas em polos capitalistas (o que aumentou, ao mesmo tempo, a produção de riquezas e a exploração da mão de obra).

Esse processo culminou em procedimentos do Estado Chinês posteriores à gestão Xiaoping, como a adesão da China na OMC em 2001 e a integração real do país no comércio internacional e na globalização. A China tornou-se a fábrica do mundo, sobrevivendo às últimas crises mundiais e podendo ganhar o posto de maior economia do mundo.