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Matérias / Assassino por Acaso

Assassino por Acaso: Veja a história do falso matador de aluguel que inspirou filme

Contratado por pessoas nos Estados Unidos, Gary Johnson atuava como um falso assassino, que agora inspira o filme Assassino por Acaso

por Thiago Lincolins

tlincolins_colab@caras.com.br

Publicado em 07/06/2024, às 18h12 - Atualizado em 08/06/2024, às 12h32

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Gary Johnson: ficção e realidade - Divulgação e arquivo pessoal
Gary Johnson: ficção e realidade - Divulgação e arquivo pessoal

No próximo dia 12, os cinemas brasileiros recebem o filme 'Assassino por Acaso'. Do cineasta Richard Linklater, o longa-metragem apresenta Glen Powell no papel principal de uma comédia para lá de inusitada. 

"Fingindo ser um assassino de aluguel para prender seus contratantes, o policial Gary Johnson quebra seus protocolos profissionais, assim se colocando em risco, ao salvar uma mulher de seu namorado abusivo", explica a sinopse. 

Mais surpreendente que saber que o personagem era um falso assassino, é que o lançamento se baseia num policial da vida real. 

"(...) Acho que ele [Gary] ficaria surpreso com o filme em que o filmamos e que vai muito além de sua própria vida", disse o diretor ao Comic Book. 

Com isso em mente, conheça a história verdadeira de Gary Johnson, o policial que fingia ser um assassino para ajudar as autoridades. 

A história de Johnson se destacou no final dos anos 90. Em Houston, explica a Esquire, ele foi contratado por mais de 60 pessoas. A missão era uma só: executar rivais ou até mesmo parentes dos clientes. De qualquer maneira, nenhuma morte foi registrada.

Vida dupla

A saga de Gary Johnson foi apurada pelo jornalista Ski Hollandsworth. Em 2001, ele publicou um perfil sobre a figura em questão no Texas Monthly. O texto tratava de um professor de psicologia, na casa dos 50 anos, que tinha uma vida dupla.

Enquanto cuidava de seus gatos e se divertia ao ler Carl Jung, o homem assumia diferentes identidades e se tornava um assassino de aluguel.

Cena do filme "Assassino por Acaso" - Divulgação

Gary trabalhava meio período como investigador no gabinete de um promotor público. No cargo, passou ajudar a polícia a prender assassinos em potencial. Com o seu desempenho, era possível registrar confissões dessas pessoas, e, consequentemente, prendê-las antes mesmo do crime acontecer. 

Os advogados de defesa tentavam livrar os clientes da prisão. Alegavam que eles passavam por um "período particularmente estressante de suas vidas", explicou Ski Hollandsworth. Ao mesmo tempo, tentavam culpar Gary Johnson: diziam que os contratantes jamais teriam conspirado se não tivessem conhecido um "assassino de aluguel". 

"Tudo o que posso dizer é: ouçam as fitas das conversas que tive com eles naquela época. Seu raciocínio cognitivo estava tão avançado quando os conheci que eles não iriam recuar. Eles não seriam dissuadidos disso. E se eles não tivessem me encontrado, teriam encontrado outra pessoa para matar por eles – e é isso que é tão assustador", afirmou Johnson ao Texas Monthly. 

Fora do personagem

Gary também vivenciou um caso descrito pelo jornalista como "fora do personagem", que, inclusive, inspirou o filme. Na ocasião, conheceu uma mulher que vivenciava um relacionamento abusivo.

Desesperada, ela acreditava que a única maneira de acabar com o abuso era executar o parceiro. Assim, perguntou se um funcionário do estabelecimento tinha contato de algum assassino de aluguel. O empregado logo contatou a polícia, que acionou o investigador.

Diferente dos outros casos, não enganou a mulher. Ao contrário, como ela se encontrava numa situação de vulnerabilidade, decidiu que o correto era ajudá-la da maneira correta.

Assim, a encaminhou para uma agência de serviço social, que a ajudaria a romper o relacionamento em segurança e também garantiria vaga num abrigo para mulheres na mesma situação. 

Imagem promocional do filme "Assassino por Acaso" - Divulgação

O camaleão

Na vida dupla, ele ajudou em mais de 60 prisões e foi amplamente elogiado pelas autoridades. "Ele é o camaleão perfeito", afirmou um dos ex-supervisores do falso assassino ao Texas Monthly. "Ele nunca fica nervoso e nunca diz a coisa errada. De alguma forma, ele é capaz de persuadir pessoas ricas e não tão ricas, bem-sucedidas e não tão bem-sucedidas, de que ele é real. Ele os engana todas às vezes". 

Johnson não sobreviveu para ver a sua história no cinema. O falso assassino faleceu em 2022, pouco antes das filmagens serem iniciadas. De qualquer maneira, ele não teve envolvimento no longa.

"Eu o ouvi muito em gravações antigas e li muito do que ele fez em interrogatórios policiais", disse o ator Powell durante entrevista à Netflix. "Estávamos criando um momento para Gary, não onde ele está agora. Às vezes, quando você conhece pessoas da vida real, você as conhece em uma fase diferente de suas vidas e isso pode manchar quem elas costumavam ser".