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Matérias / Rainha Mary

Avó de Elizabeth II: Rainha Mary, uma das mais intrigantes figuras da monarquia britânica

Colecionadora da Família Real britânica, Mary viu seu filho abdicar do trono por amor

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 26/11/2022, às 00h00 - Atualizado em 02/02/2023, às 17h41

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Rainha Mary de Teck - Domínio Público
Rainha Mary de Teck - Domínio Público

Filha de Francisco, príncipe e duque de Teck, e da princesa Maria Adelaidede Cambridge, a rainha Mary também tinha outra importante ligação familiar: era neta de George III. Em 1893, ela se casou com o rei George V, com quem teve seis filhos. 

No entanto, apesar de pertencer à casa de Windsor, a rainha Mary não teve um começo digno de realeza. Mesmo assim, após sua ascensão, ela se tornou uma importante colecionadora de artigos da família real britânica

Além disso, viu dois de seus filhos se tornarem reis, um com uma enorme polêmica. Já sua neta mais velha, Elizabeth Alexandra Mary, foi coroada rainha Elizabeth II, dez meses antes de sua morte. Para muitos o nome não é uma surpresa. Afinal, muitas vezes o nome da monarca foi citado na série 'The Crown', da Netflix.

Vida de princesa?

Conforme aponta matéria do portal Royal Collection Trust, o início de vida de Mary foi muito distante do que se imagina para uma princesa. Por ser oriunda de uma família da realeza menor, ela não era tão rica quanto se pode imaginar. 

Mary de Teck na infância / Crédito: Domínio Público

Por conta disso, em 1883, sua família, endividada, passou a viver no exterior, a fim de economizar. Assim, os Tecks visitaram parentes em diversas partes da Europa. Um desses lugares foi Florença, na Itália, onde Mary desenvolveu um gosto em conhecer museus e igrejas. 

A andança pelo Velho Continente terminou em 1885, quando os Tecks voltaram a Londres. Nesta época, passaram a residir em White Lodge, em Richmond Park. Mais próxima de sua mãe, Mary passou a servir como sua secretária não-oficial, lhe ajudando a organizar eventos sociais e festas. 

A princesa Mary também era muito apegada a sua tia, a grã-duquesa Augusta de Cambridge, a quem escrevia semanalmente. Durante a Primeira Guerra Mundial, porém, essa atividade só foi possível graças a ajuda da princesa herdeira sueca Margarida de Connaught

Margarida ajudava a repassar as cartas entre Mary e Augusta, visto que a tia da princesa vivia na Alemanha, considerado ‘território inimigo’. A troca de missivas permaneceu até a morte da grã-duquesa, em 1916, aponta James Pope-Hennessy em ‘Queen Mary’. 

Casamento

Como já dito, Mary casou-se com o rei George V em 1893. Mas, antes disso, ficou noiva do príncipe Albert Victor, duque de Clearance e Avondale; filho mais velho do príncipe da Gales e, curiosamente, primo de primeiro grau de Mary

Entretanto, o príncipe acabou morrendo apenas seis semanas depois, vítima da pandemia mundial de gripe que assolou a Grã-Bretanha entre o inverno de 1891 e 1892, recorda Pope-Hennessy

Mary em seu casamento com George V/ Crédito: Domínio Público

Assim, o príncipe George, irmão de Albert, se aproximou da viúva enlutada e, com ajuda da rainha Vitória, fortaleceu laços com a mulher com quem viria a se casar dois anos depois. Os dois passaram a viver em York Cottage, em Sandringham; e em apartamentos no St. Jame’s Palace. Isso, claro, antes da acensão de George ao trono. 

Mary, a colecionadora

Neste mesmo período, Mary retomou seus interesses anteriores aflorados na Itália e passou a colecionar obras de arte por conta própria, muitas delas que pertenceram outrora à sua família. 

Meticulosa pesquisadora de objetos, mantinha registros de peças em diversos catálogos. Também tinha certa facilidade em encontrar itens que a muito haviam sido vendidos, como uma terrina que pertenceu a Adolphus Frederick, duque de Cambridge. 

Aos poucos, Mary ampliou esse interesse para objetos que tinham relações históricas com a família real britânica, passando a se tornar frequente visitante em museus de Londres e se tornando conhecida de negociantes. 

Conforme o Royal Collection Trust, a rainha Mary ainda foi responsável por remodelar os interiores do Palácio de Holyroodhouse e algumas partes do Palácio de Buckingham e da Froogmore House — onde também replantou grande parte do jardim. 

Seguindo conselhos do bibliotecário real, Owen Morshead, a rainha Mary também catalogou suas coleções valiosas, que incluíam objetos que pertenceram à rainha Charlotte e aos Stuarts

Mary ficou conhecida por colecionar móveis do século 18, numa época em que isso era menos popular. Ela também tinha coleções de caixas de ouro, joias, sinetes e, junto a George V, de ovos de Fabergé que pertenceram à Alexandra, última czarina da Rússia — e prima de George.  

Em 1924, a rainha Mary adquiriu a, agora, famosa Casa de Bonecas, projetada por Lutyens e que está em exibição no Castelo de Windsor. O item foi lhe apresentado pela princesa Marie-Louise de Schleswig-Holstein, neta da rainha Vitória. O objeto foi exibido ao público pela primeira vez em 1924, na Exposição do Império Britânico. 

O legado

O rei George V morreu em 20 de janeiro de 1936. Segundo Francis Watson, autor de ‘The Death of George V’, isso aconteceu após seu médico, lorde Dawnson de Penn, lhe receitar uma injeção de morfina e cocaína. 

Isso fez com que seu filho mais velho, Edward VIII, ascendesse ao trono. Desta forma, Mary tornou-se oficialmente ‘rainha-mãe’, embora não quisesse ser tratada desta forma, mantendo ‘Sua Majestade, a rainha’. Edward, entretanto, provocou uma grande crise na monarquia ao abdicar para se casar com Wallis Simpson

Wallis, Duquesa de Windsor e o Duque no dia de seu casamento/ Crédito: Wikimedia Commons

Assim, o príncipe Albert, segundo filho mais velho de Mary, assumiu o trono como George VI — posto que ficou até sua morte, em 1952. Neste mesmo ano, a neta mais velha de Mary se tornou rainha. Ela era Elizabeth II.

Mary morreu no ano seguinte, em 24 de março de 1953, aos 85 anos, apenas dez semanas após a coração da monarca mais longeva da história do Reino Unido. A rainha Mary foi acometida por um câncer de pulmão.