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Matérias / Betinho

Betinho: Veja a história do homem que se tornou símbolo do combate à fome

A TV Globo exibirá o primeiro episódio da série 'Betinho: No Fio da Navalha', que conta a história do sociólogo que se tornaria símbolo do combate à fome

Éric Moreira Publicado em 31/01/2024, às 17h16

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Herbert José de Sousa (Betinho): realidade e ficção - Foto por Ibasenarede pelo Wikimedia Commons / Reprodução/TV Globo
Herbert José de Sousa (Betinho): realidade e ficção - Foto por Ibasenarede pelo Wikimedia Commons / Reprodução/TV Globo

Nesta quarta-feira, 31 de janeiro, será exibido pela TV Globo o primeiro episódio de uma série inspirada em uma figura importante para a história recente do Brasil: 'Betinho: No Fio da Navalha'.

Com grandes nomes no elenco, como Júlio Andrade, Julia Shimura, Humberto Carrão e Leandra Leal, a produção gira em torno do sociólogo Herbert José de Sousa, mais conhecido como Betinho.

Segundo descrito pela TV Globo, a produção narra a intensa luta de Herbert José de Sousa por grandes pautas sociais, em especial no combate à AIDS e à fome, e reproduz grandes acontecimentos da história recente do Brasil, incluindo a ditadura militar (1964 - 1985).

Além disso, a obra também revela um lado pessoal pouco conhecido do sociólogo e ativista, com uma tensa trama familiar em meio à narrativa.

A exibição do primeiro episódio de 'Betinho: No Fio da Navalha' terá início logo após a exibição do Big Brother Brasil 2024, às 23h15. Pensando nisso, confira a seguir a história por trás de Herbert José de Sousa:

Lutas 

Terceiro filho de uma família de oito irmãos — entre eles, o cartunista Henfil e o músico Chico Mário —, Herbert José de Sousa nasceu no dia 3 de novembro de 1935 no município de Bocaiúva, em Minas Gerais.

Desde seus primeiros anos de vida, enfrentou infortúnios contra sua própria existência: com poucos dias, teve hemofilia, doença sanguínea que interfere na coagulação.

Além disso, passou oito anos de sua juventude morando em uma penitenciária, onde seu pai, Henrique José de Souza, trabalhava.

Seu envolvimento com a militância política iniciou-se com o movimento Juventude Universitária Católica, em Belo Horizonte. Foi lá que ele estudou na Universidade de Minas Gerais, e eventualmente formou-se em sociologia, em 1962. Depois disso, ainda trabalhou no Ministério da Educação e Cultura, e também na Superintendência de Reforma Agrária, explica o portal de notícias UOL.

Vida de resistência

Em 1964, após o golpe militar no Brasil, Betinho rapidamente engajou-se na resistência contra a ditadura. Logo, partiu para o Uruguai, onde passou sete meses e depois, de volta ao Brasil, começou a trabalhar como operário em Mauá, na região metropolitana de São Paulo. Sempre engajado em movimentos de oposição aos militares, eventualmente viu-se numa posição em que foi forçado ao exílio, para onde partiu em 1971.

Enquanto exilado político, Betinho morou em vários países. Nesse tempo, deu aulas na Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais, no Chile, onde também assessorou o presidente Salvador Allende; até que ele foi deposto por Augusto Pinochet em 1973, quando começou a ditadura no país. Então, exilou-se por um tempo no Canadá e, depois, no México, onde fez seu doutorado e foi professor na Universidade Autônoma do México.

+ Há 50 anos, um golpe de estado iniciava a sangrenta ditadura de Pinochet;

Fotografia de Herbert José de Sousa / Crédito: Reprodução/X/@dommenrod

Anistiado politicamente, Betinho retornou ao Brasil em 1979, e tornou-se um importante símbolo de resistência política, enquanto os militares ainda governavam. Dois anos após o retorno, fundou o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas).

Além disso, ele se destacou no meio intelectual por ser um dos primeiros a se posicionar a favor de organizações não-governamentais, ou seja, independentes do estado ou da iniciativa privada, de acordo com o UOL.

Betinho também foi um dos fundadores da campanha nacional pela reforma agrária. Em 1990, ele liderava o movimento Terra e Democracia, que reuniu certa vez no Aterro do Flamento, no Rio de Janeiro, milhares de pessoas em prol da democratização da terra.

AIDS e últimas batalhas

Em 1986, Betinho teve o diagnóstico de sua contaminação pelo HIV, vírus causador da AIDS, confirmado. A doença foi contraída em uma de suas recorrentes transfusões sanguíneas, devido ao seu tratamento de hemofilia.

Por isso, no ano seguinte, fundou a ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinas de AIDS), que luta pelos direitos das pessoas portadoras do vírus HIV ou que sofrem com AIDS, dirigindo-a por onze anos.

Um detalhe é que a doença não atingiu somente ao próprio Herbert: em apenas um ano, ele perdeu dois irmãos pela AIDS. Por isso, ao perceber que a melhor maneira para lidar com a doença era discutindo o assunto, Betinho iniciou uma grande campanha em vários meios de comunicação, onde esclarecia uma série de dúvidas.

Em 1992, ainda engajado no ativismo político, Betinho liderou o movimento pela Ética na Política, que teria levado ao impeachment do então presidente eleito, Fernando Collor, em setembro daquele mesmo ano.

Foi esse movimento que serviu de base para a Ação da Cidadania contra a Miséria e pela Vida, que evidenciou para todos os brasileiros os graves problemas da fome e da miséria no país — sendo esse o contexto que originou uma de suas mais famosas frases: "A alma da fome é política!"

Herbert José de Sousa (Betinho) / Crédito: Reprodução/X/@Pensand26861913

Figura notória, Betinho ficou conhecido por abrir várias frentes de trabalho, especialmente no que se refere ao seu relacionamento com a mídia. Por conta disso, em 1993, foi considerado pelo Jornal do Brasil o "homem de ideias do ano".

Por fim, após uma intensa vida de combate, seja político, seja pela própria vida, Betinho faleceu no dia 9 de agosto de 1997, aos 61 anos de idade, em sua casa, no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro.