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Matérias / Segunda Guerra

Clara Stauffer: A mulher que ajudou 800 nazistas a fugirem da Justiça pós Segunda Guerra

Espanhola de família alemã, integrada à Falange desde a Guerra Civil, Stauffer trabalhou em nome das boas relações entre Hitler e Franco — ajudando os nazistas depois da Guerra

Daniela Bazi e André Nogueira Publicado em 23/01/2020, às 08h00

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Clara Stauffer - Wikimedia Commons
Clara Stauffer - Wikimedia Commons

Clara Stauffer, mais conhecida como Clarita, foi uma atleta espanhola, de origem alemã, que ajudou cerca de 800 nazistas a fugirem da Justiça internacional após o fim da Segunda Guerra. Como esportista, competiu em torneios de natação e de xadrez.

A família Stauffer havia se fixado na Espanha por conta dos negócios da cervejaria de Conrad, seu pai. Com a ascensão de Hitler (em 1933) e de Franco (em 1936), Alemanha e Espanha passaram a ter relações ideológicas bem fortes e, mesmo que o regime franquista tenha se mantido neutro na Guerra, a Falange apoiava diretamente o Reich.

Clarita foi uma peça fundamental na criação dos laços calorosos entre a Espanha e o Império Nazista, colaborando com o fortalecimento das relações diplomáticas entre as unidades nacionais fascistas da época.

Bandeira da Falange / Crédito: Wikimedia Commons

Ela foi a única mulher presente na lista pedida pelo Conselho de Controle Aliado, em 1947, que contava com 104 pessoas que deveriam ser entregues para serem julgadas. Porém, Clara, assim como outros presentes na lista, conseguiu proteção pelo regime do ditador Francisco Franco.

Stauffer era uma das defensoras do nazismo desde sua juventude. Em seu escritório, retratos de Hitler, Mussolini, Francisco Franco e José Antonio Primo de Rivera enfeitavam as paredes da sala.

Sua afinidade ideológica acabou por levá-la a atividades práticas em favor do fascismo. Sua Amiga Pilar Primo de Rivera, irmã de José Antonio e ideóloga franquista, a indicou, por exemplo, para o comando do Escritório de Imprensa e Propaganda da Sessão Feminina da Falange durante a Guerra Civil.

Em meados de 1943, Clarita viajou para a Alemanha nazista junto de Pilar, onde participou de redes de esconderijo e refúgio feitos para ajudar nazistas perseguidos — que eram chamados de ratlines (linhas de rato, em livre tradução).

A partir das relações traçadas na Alemanha, sua cumplicidade na administração das ratlines se tornou aliada importante dos nazistas que iam sendo expulsos dos fronts por conta das derrotas sofridas no final da Guerra. A partir de 1945, já de volta ao seu apartamento em Madrid, ela comandou uma rede administrativa que buscava formas de exílio clandestino aos nazistas fugidos. 

Franco era claramente um fascista / Crédito: Getty Images

O que mais destacou a ação de Clara no fim da Guerra é o fato de que sua fama, e sua personalidade, levavam a crer que ela era uma excelente pessoa. Inteligente, talentosa, simpática e absolutamente generosa, a moça optou pelo pior lado da história. Nascida em um berço de ouro, ela nunca foi de ostentar: sempre preferiu compartilhar com os conhecidos.

Entretanto, sua generosidade foi parte importante de seu trabalho no acolhimento de criminosos de guerra a partir da queda de Berlim. Em sua casa, ela construiu um grande armário onde guardava roupas e sapatos de tamanhos diversos — para possíveis necessitados em suas fugas da Europa —, além de financiar a alimentação de todos que lhe fossem pedir ajuda. Com seu poder, conseguiu também documentos falsos, vagas de emprego e viagens para a América para seus amigos hitleristas.

Por conta da cumplicidade do regime espanhol, Stauffer, assim como os nazistas fugidos para a Espanha, nunca foi punida, passando bom tempo despercebida como acolhedora de criminosos. Clara morreu em 1984, aos 80 anos, em Madrid.


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