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Matérias / 'O Poderoso Chefão'

Como a máfia de verdade influenciou na produção de 'O Poderoso Chefão'

Um dos maiores clássicos do cinema, filme de mafiosos de Francis Ford Coppola possui histórias de bastidores curiosas

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 23/07/2023, às 11h00

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Cena de 'O Poderoso Chefão' (1972), com Marlon Brando - Reprodução/Paramount Pictures
Cena de 'O Poderoso Chefão' (1972), com Marlon Brando - Reprodução/Paramount Pictures

A arte não só é uma característica inerente à própria humanidade, sendo um traço presente em diferentes maneiras e vários contextos, sejam geográficos ou temporais. E com isso, vai se reinventando, de maneira que novas formas de produção artística surgem com o tempo, sendo o cinema a mais recente.

Da mesma forma como é com qualquer outro tipo de produção artística, a sétima arte teve, em si, vários marcos temporais e produções que a influenciaram para sempre, surgindo, assim, os chamados "clássicos". Entre os filmes que assim são referidos, destacam-se produções como 'Titanic' (1997), de James Cameron, 'Cidadão Kane' (1941), de Orson Welles e, presente nas listas de melhores filmes da maior parte das pessoas, 'O Poderoso Chefão' (1972), de Francis Ford Coppola.

Marlon Brando como Vito Corleone em 'O Poderoso Chefão' (1972)
Marlon Brando como Vito Corleone em 'O Poderoso Chefão' (1972) / Crédito: Reprodução/Paramount Pictures

Mesmo hoje, mais de 50 anos depois de seu lançamento, os filmes da trilogia 'O Poderoso Chefão' são considerados os filmes de máfia mais famosos e influentes da história, eternizando o nome de Francis Ford Coppola como entre os maiores cineastas de todos os tempos. Porém, mesmo depois de tanto tempo, novas informações sobre seu desenvolvimento são descobertas até hoje.

Famílias poderosas

Neste mês de julho, foi publicado o livro 'The Life We Chose: William 'Big Billy' D'Elia and The Last Secrets of America's Most Powerful Mafia Family' ('A vida que escolhemos: William 'Big Billy' D'Elia e os últimos segredos da família mafiosa mais poderosa da América', em português), escrito por Matt Birkbeck. Na obra, é revelado que o primeiro filme da família Corleone só pôde ser rodado após negociações com pelo menos três grupos mafiosos dos Estados Unidos.

No EUA, em meados das décadas de 1960 e 1970, existiam inúmeras famílias mafiosas, tal como retratado na obra-prima de Coppola. E uma das famílias mais famosas da época, era a ítalo-americana Colombo, cujo membro Joseph Anthony Colombo Sr., fundador da Liga Ítalo-Americana de Direitos Civis — que visava combater o preconceito que italianos sofriam na mídia —, teve bastante destaque.

A organização chamava bastante atenção, pois, sempre que contrariada, era certeza que haveria uma reação violenta em sequência. Quando ficaram sabendo que Coppola daria origem a um filme sobre a máfia e seus crimes, ficaram atentos para garantir que nada ocorresse de maneira indesejada.

Então, para manter tudo sob controle, a Liga Ítalo-Americana de Direitos Civis começou a ameaçar os executivos da Paramount, produtora do longa, o que atrasou sua produção. Nem mesmo a amizade entre o ator James Caan — que deu vida a Sonny Corleone no filme — com Andy Russo, importante membro da família Colombo, foi suficiente para apaziguar a situação.

Sonny Corleone, personagem de James Caan em 'O Poderoso Chefão'
Sonny Corleone, personagem de James Caan em 'O Poderoso Chefão' (1972) / Crédito: Reprodução/Paramount Pictures

Acordo com a máfia

Então, conforme narrado por Matt Birkbeck em seu livro, o produtor de 'O Poderoso Chefão', Albert S. Ruddy, se viu de mãos atadas e só encontrou uma solução para dar continuidade tranquilamente com a produção do filme: um acordo com os mafiosos

Ruddy aceitou tirar a palavra 'máfia' do filme; doaria U$ 1 milhão à liga; suspenderia a venda de jogo de tabuleiro da produção e faria uma première em Nova York", escreve Birkbeck.

Com a aproximação entre a Liga Ítalo-Americana de Direitos Civis e a produção do filme, o mafiosoRussell Bufalino — outro nome importante entre as famílias criminosas da época — começou a, inclusive, defender a produção do longa, e até mesmo participou de uma entrevista coletiva ao lado de Ruddy.

Esse fato, no entanto, desagradou os executivos da Paramount, que não gostaram da relação próxima do filme com a máfia e, por isso, Albert S. Ruddy foi eventualmente demitido. Mas isso não durou muito, já que Coppola considerava sua presença fundamental, e o buscou de volta ao projeto.

Histórias do elenco

Eternizado como o verdadeiro "poderoso chefão" Vito Corleone no longa de Coppola, o ator norte-americano Marlon Brando teria, inclusive, feito uma ligação a Bufalino para falar sobre o longa, e pedir conselhos para melhorar sua interpretação do líder mafioso, o que nos trouxe o suprassumo da atuação de Brando

Russell Bufalino mostrou os caminhos para ele: como falar, as manias e o jeito quieto, tudo o que Brando usou no filme", contou a Birkbeck para o livro o também mafioso William 'Big Billy' D'Elia, um homem de confiança de Bufalino.

A relação próxima entre a máfia e o elenco de 'O Poderoso Chefão' não ficaria por aí. Até porque o personagem do guarda-costas de Vito Corleone, Luca Brasi, foi interpretado por Lenny Montana, um segurança de Andy Russo.

Sua entrada para o elenco se deu porque, certo dia, Montana decidiu roubar uma das câmeras utilizadas no set de filmagens; o que não agradou Bufalino, que deu-lhe uma bronca por atrapalhar as gravações. Então, quando devolveu o objeto, o homem chamou a atenção de Coppola, que buscava alguém com seu porte físico e, por isso, aproveitou para convidá-lo a compôr o elenco.