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Matérias / Hollywood

De queridinha da América ao isolamento: a brilhante e melancólica trajetória de Mary Pickford

Além de se tornar a primeira atriz a assinar um contrato milionário, a canadense ajudou a moldar a indústria cinematográfica — mas, no fim de sua vida, se entregou aos vícios e a solidão

Fabio Previdelli Publicado em 26/05/2020, às 09h00

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Retrato da atriz Mary Pickford - Wikimedia Commons
Retrato da atriz Mary Pickford - Wikimedia Commons

Em 1911, William deMille, um importante diretor e roteirista de cinema, fez a previsão mais complicada da história da atuação. Uma garota de teatro que ele conhecia estava saindo do palco para as telas de cinema.

“Ela não tem mais de 17 anos”, disse em uma carta, “e agora ela está jogando toda a sua carreira no lixo e se enterrando em uma forma barata de diversão. Nunca haverá dinheiro de verdade naqueles tipos de entretenimento. O teatro tinha 2.500 anos e essa garota estava arriscando seu futuro em uma moda. Diga adeus à pequena Mary Pickford. Ela nunca mais será lembrada”.

Mary Pickford em 1916 / Crédito: Wikimedia Commons

Quatro anos depois, Mary Pickford era a mulher mais famosa do mundo; a primeira celebridade feminina não apenas conhecida por nome, reputação ou imagem, mas também pela forma como os cantos dos olhos se curvavam quando sorria. Todo mundo que a tinha visto em Tess of the Storm Country (1914) ou Rags (1915) sabia exatamente como ela era: cachos longos, vestidos infantis, a imagem da inocência — e a congelavam assim para sempre. Mas deMille, até certo ponto, não estava errado.

A trajetória de Mary Pickford

Nascida como Gladys Louise Smith, a atriz canadense assumiu o nome artístico de Mary Pickford após ser escalada para atuar em sua primeira peça da Broadway, em 1907. Mas, logo, a moça deixaria os palcos para trabalhar exclusivamente nos cinemas e se juntou a lista de estrelas do conceituado diretor Adolph Zukor. Entretanto, sua primeira experiencia em A Good Little Devil (1913) não foi muito satisfatório e Pickford, mais tarde, declarou que aquela foi “uma das piores [produções] que já fiz... foi mortal”.

Mas a atuação da bela atriz foi bem aceita pelo público, o que atraiu muitos seguidores. Comédias dramáticas como In The Bishop’s Carriage (1913), Caprice (1913) e Hearts Adrift (1914), a tornaram irresistível para os espectadores. Essa última produção, inclusive, se tornou tão popular que Mary pediu o primeiro de seus muitos aumentos salariais estabelecidos com base nos lucros da produção. O filme também marcou a primeira vez que o nome de Pickford foi apresentado acima do título nas tendas de cinema.

Já em Tess of the Storm Country, lançado cinco semanas depois, foi, segundo o biógrafo Kevin Brownlow, o filme que "colocou sua carreira em órbita e a tornou a atriz mais popular da América, se não do mundo".

Pickford estrelou 52 filmes ao longo de sua carreira. Em 24 de junho de 1916, a atriz assinou um novo contrato com Zukor, que lhe concedeu total autoridade sobre a produção dos filmes em que atuava, além de um salário recorde de 10 mil dólares por semana.

Ela também conseguiu uma cláusula que lhe garantiria uma compensação de metade dos lucros de um filme, o que lhe rendeu mais de um milhão de dólares (cerca de 18 milhões de dólares em conversão atual), fazendo dela a primeira atriz a assinar um contrato milionário. Mary também se tornou vice-presidente da Pickford Film Corporation.

Retrato da atriz Mary Pickford / Crédito: Wikimedia Commons

O ano de 1918 foi marcante para a canadense mais queridinha da América, além de se separar de seu primeiro marido, ator Owen Moore, se juntou com DW Griffith, Charlie Chaplin e Douglas Fairbanks, e formaram a produtora independente United Artists. Assim, continuou produzindo e atuando em seus próprios filmes, além de poder distribuí-los como quisesse.

Conhecido como a "Queridinha da América", ou "A moça com os cachos", a atriz chocou os fãs quando cortou as madeixas para atuar em Coquette (1929) — o ato foi notícia de primeira página do The New York Times e de outros jornais. Apesar da polêmica, o filme fez muito sucesso e lhe rendeu seu primeiro Oscar de Melhor Atriz. O prêmio lhe fez pensar que continuaria famosa apesar da sonorização que acabara de chegar nos filmes.

Mas não foi bem assim, Mary Pickford parece ter subestimado muito a adição dos sons aos filmes. Uma vez, chegou a declarar: "Adicionando som a filmes seria como colocar batom no Vênus de Milo". Nos anos seguintes, o público já não respondia a ela como se era esperado. Assim, em 1933, se aposentou das atuações.

Os melancólicos dias finais de Mary Pickford

Depois de deixar as telas, a atriz se rendeu ao alcoolismo, vício que havia marcado outros membros de sua família: o que incluía seu primeiro marido, Owen Moore, sua mãe Charlotte, e seus irmãos mais novos, Lottie e Jack Pickford.

Charlotte morreu de câncer de mama em março de 1928, após várias operações. Alguns anos depois, Lottie e Jack pereceram de causas relacionadas ao álcool. As perdas, aliadas com a separação do ator Douglas Fairbanks, com quem formou um dos casais mais famosos do cinema por 18 anos, a deixaram completamente deprimida.

Mary gradualmente se tornou reclusa, mantendo-se quase a maior parte do tempo em Pickfair, a mansão onde morava em Beverly Hills. Lá, permitia apenas a visita de um seleto grupo de pessoa. Em meados dos anos 1960, muitas vezes recebia visitantes apenas por telefone, atendendo as ligações de seu quarto.

O túmulo da atriz Mary Pickford no Forest Lawn Memorial Park / Crédito: Wikimedia Commons

Mary Pickford morreu de hemorragia cerebral em 29 de maio de 1979, aos 87 anos, e foi sepultada no Forest Lawn Memorial Park em Glendale, Califórnia. Seu corpo foi enterrado ao lado de sua mãe e seus irmãos.


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