Descoberta pelo cafetão, a canadense que havia sido cotada para clássicos de Hollywood foi vítima de um verdadeiro inferno
Caio Tortamano Publicado em 26/06/2020, às 11h00
Dorothy Stratten sempre foi uma garota de beleza exuberante, e chamava atenção dos rapazes de Vancouver que frequentavam a badalada lanchonete que ela trabalhava como garçonete. No entanto, quando ela tinha 17 anos, em 1977, um homem chamado Paul Snider, 9 anos mais velho que a garota, a conheceu.
Snider era um cafetão que tentava a todo custo ser reconhecido publicamente para ser inserido no mundo das celebridades. Em Dorothy, ele enxergou uma oportunidade de transformar a beleza em sucesso e fama. Assim, a inscreveu no projeto da Revista Playboy, que buscava a mais nova coelhinha da revista, em 1978.
O processo contaria com diversas anônimas que pretendiam exibir a sensualidade para mostrar que poderiam figurar a mais conhecida revista masculina da época. Um prêmio em dinheiro era oferecido para os vencedores, e o cafetão levou a menina (na época, com 18 anos) para ser fotografada nua pelo fotógrafo Ken Honey.
Honey recusou a sessão porque, no Canadá, Stratten ainda era menor de idade, e não queria se envolver em um possível problema judicial. Só conseguiria reverter a situação se tivesse uma autorização da mãe da garota. Entretanto, a mãe não foi a favor da controversa decisão e o cafetão falsificou a assinatura.
Como consequência, as fotos foram feitas e entregues para a Playboy, que as aprovou e deu 1.000 dólares para Honey pela descoberta. Dorothy foi chamada para ir até Los Angeles e fazer um teste fotográfico para a revista. O ensaio foi um sucesso, mas ela acabou ficando de fora da capa da edição comemorativa de 25 anos da revista. Só seria estampada na edição de agosto de 1979.
Ao entrar no mundo da Playboy, Stratten logo chamou a atenção de Hugh Heffner, que enxergou nela a oportunidade de lapidar uma futura estrela de Hollywood. A partir daí, figurou em pequenos papéis pequenos em séries e fez pontas em filmes de pouco sucesso. Mesmo assim, as atuações da mulher sempre eram elogiadas.
Em 1980, Hefner elegeu Dorothy como a coelhinha do ano, e projetou a trajetória de celebridade. A fama cresceu e a modelo e atriz casou-se em Las Vegas com Paul Snider, mas a união não foi bem vista pelo dono da Playboy, que acreditava que seu — agora — marido era um aproveitador barato.
Estava certo. O tempo mostrou que a união do casal não seria tão pacífica como pareceria. Indo contra tudo que ele imaginou, Snider foi encoberto pelo brilhantismo e protagonismo da mulher. As brigas entre o casal começaram a ser muito mais frequentes, chegando ao ponto de Stratten pedir para que Paul e ela voltassem para o Canadá, o que ele recusou. Assim, permaneceram em Hollywood.
Em 1980, em uma festa na Mansão Playboy, o diretor de cinema Peter Bogdanovich conheceu a bela coelhinha. Encantado pela beleza e simpatia da mulher, a convidou para um teste no filme Muito Riso e Muita Alegria, ao lado de Audrey Hapburn e Bem Gazzara.
O longa teria como cenário Nova York, e o elenco foi para a cidade para as filmagens. O marido de Dorothy pediu para acompanhar a equipe, mas sua solicitação foi negada pela produção, que afirmou que ele não poderia frequentar os sets de filmagem. Snider, então, acatou e ficou em Los Angeles.
Porém, com o passar das semanas, a comunicação estava cada vez mais difícil, e Dorothy, quando os atendia, era menos afetuosa e carinhosa. O marido percebeu que algo estava errado, e a explicação foi revelada pela voz da própria esposa: ela estava apaixonada pelo diretor Bogdanovich, que queria um divórcio.
Dorothy voltou para Los Angeles e alugou uma casa em Beverly Hills, enquanto Snider morava na casa que dividiam anteriormente. A atriz estava no auge, sendo cotada para viver Marilyn Monroe em um filme para a televisão. Ela também ocuparia o lugar de Shelley Hack no clássico As Panteras.
Enquanto isso, Paul tentava processar Bogdanovich por seduzir sua espoa e romper um suposto contrato de gestão, que ele acreditava existir por estarem casados. A mulher sentia angústia por ter perdido o contato com o seu marido.
Em agosto de 1980, ela combinou de se encontrar com o ex-marido para resolver de uma vez por todas a questão do divórcio. Entretanto, Snider acreditava que ele poderia utilizar dessa data para reviver a antiga relação. A discordância gerou uma briga entre o casal, com Stratten reafirmando seu amor pelo cineasta.
Paul se sentiu desolado, e depois do encontro comprou uma espingarda. Ainda no mesmo mês, eles se encontraram mais uma vez na casa onde moraram juntos em Los Angeles. A arma seria usada para matar Dorothy, mas, antes disso, seu ex-marido a estuprou e depois de ter matado sua ex-mulher se suicidou.
O caso chocou a sociedade americana, especialmente pela maneira como os corpos foram encontrados. Os dois estavam completamente nus, e a atriz estava do lado de um aparelho de sexo sadomasoquista que pertencia a Snider, e os dois estavam cobertos de formigas pretas.
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