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Matérias / Personagem

Escravizada e possível mãe dos filhos de Thomas Jefferson: a saga de Sally Hemings

Fruto da relação forçada entre um homem branco e uma escrava, a jovem criada viveu sob constantes abusos e, com herdeiros no colo, lutou pela liberdade deles até o fim

Pamela Malva Publicado em 01/08/2020, às 08h00

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Retrato de Sally Hemings - Wikimedia Commons
Retrato de Sally Hemings - Wikimedia Commons

Na posição de um renomado advogado em Virgínia, John Wayles era um homem respeitado, um comerciante de escravos e o dono de grandes propriedades. Em suas fazendas, ele detinha todo o poder que queria e mandava em seus criados.

Betty Hemings, fruto de um relacionamento abusivo entre outro senhor inglês e uma de suas servas, era uma das escravas de John e vivia nas terras do advogado. Com ela, o homem branco teve seis filhos, incluindo a enigmática Sally Hemings.

Filha mais velha do relacionamento forçado entre senhor e criada, Sally era meia-irmã de Martha Wayles, uma jovem de cor livre. Muito além da fazenda do pai, no entanto, as meninas tiveram suas histórias cruzadas quando Thomas Jefferson entrou na equação.

Retrato de Sally Hemings / Crédito: Domínio Público

Correntes eternas

Ainda que o pai de Sally fosse um homem branco, tanto ela, quanto seus irmãos foram legalmente escravizados pela lei da Virgínia. Assim, ela passou a desempenhar intensos e abusivos trabalhos forçados na fazenda de John Wayles.

Em 1773, quando o patriarca morreu, todas as propriedades dele foram herdadas por Martha Wayles e seu marido, o imponente Thomas Jefferson. Não satisfeitos com as terras e plantações, o casal ainda ficou com os 135 escravos da propriedade.

Entre os muitos criados, Sally Hemings e seus irmãos eram alguns dos servos mais conhecidos e respeitados de Monticello — se é que escravos eram bem tratados na época. No geral, a família era composta por domésticos, cozinheiros e artesãos.

Thomas Jefferson, o terceiro presidente dos Estados Unidos / Crédito: Wikimedia Commons

Parceria perigosa

Acostumada com o trabalho que era obrigada a desempenhar, Sally viu sua vida mudar quando sua meia-irmã, Martha Jefferson, faleceu, em 1782. Não se conhece exatamente o momento da mudança, mas sabe-se que, a partir daquele ano, a relação entre a mulher escravizada e Thomas Jefferson virou de cabeça para baixo.

Quando tinha cerca de 14 anos, dona de belos cabelos castanhos e de uma beleza angelical, Sally foi enviada até Paris, junto com uma das filhas de Thomas. Na França, o ex-presidente agora trabalhava como ministro norte-americano, em meados de 1787.

Após a Revolução de 1789, no entanto, o país europeu não mais aceitava a escravidão e, assim, Sally passou a ganhar US$ 2 por mês. Ainda assim, a jovem negra nunca deixou de ser vista como uma escrava por Jefferson, que a mantinha em correntes simbólicas.

Herança bastarda

Durante os 26 meses que ficou em Paris, Sally teve seus primeiros filhos com Thomas Jefferson. Embora a verdade sobre a relação permaneça um mistério, James Madison, um dos filhos da escrava, afirma que ela engravidou pela primeira vez aos 16 anos.

Temendo pela vida dos filhos, então, Sally aceitou retornar para os Estados Unidos ao lado de seu senhor, mas sob uma condição: todos os seus herdeiros deveriam ser libertados quando atingissem a maioridade. E Thomas Jefferson concordou.

De volta a Monticello, Sally trabalhou como companheira, ama, doméstica, camareira e costureira. Ela brilhava em trabalhos manuais, enquanto seus filhos, como James, Harriet e Eston Hemings, aprenderam as artes da carpintaria aos precoces 14 anos. Todos eles, inclusive, tiveram aulas de violino, uma oportunidade bastante rara na época.

Eston Hemings, o último filho de Sally / Crédito: Wikimedia Commons

Gosto de liberdade

Entre páginas e mais páginas de nomes de escravos, Thomas Jefferson apenas riscou seis deles por vontade própria. Cumprindo o acordo que fizera com Sally, ele só entregou as tão sonhadas cartas de alforria para os filhos da mulher, já idosa.

Ainda que nenhuma emancipação da própria Sally tenha sido encontrada entre os documentos de Monticello, acredita-se que ela tenha sido libertada ao lado dos filhos. Assim, ela morou na casa de Eston, em Virgínia, até a sua morte, em meados de 1835.

A relação entre os filhos de Sally e Thomas Jefferson, contudo, gera polêmicas até hoje, ainda que diversos estudos tenham comprovado a paternidade. Em 1998, por exemplo, uma análise genética demonstrou que realmente existe uma ligação entre Eston, o último filho da mulher escravizada, e o terceiro presidente dos Estados Unidos.


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