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Matérias / Brasil

Etarismo em faculdade: desistência de alunas e o desabafo da colega de classe

Na última semana, vídeo viralizou ao mostrar jovens alunas debochando de uma colega de classe que tem mais de 40 anos

Redação Publicado em 18/03/2023, às 10h00 - Atualizado em 19/03/2023, às 11h54

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As alunas que debocharam da colega de sala - Reprodução/Vídeo
As alunas que debocharam da colega de sala - Reprodução/Vídeo

Na última semana, um vídeo ganhou repercussão e despertou indignação nas redes sociais ao mostrar três jovens debochando de uma colega de classe que tem mais de 40 anos. O episódio lamentável se deu no curso de biomedicina da Unisagrado, em Bauru. 

"Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?", disse uma das jovens durante a gravação, publicada no 'close friends' do Instagram. Ela, então, é respondida pela colega: "Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada". A outra jovem que aparece no vídeo também responde: "Realmente".

Embora tenha sido publicado no recurso privado do Instagram, o vídeo vazou nas redes sociais. "Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opinião", diz a estudante no vídeo. Elas também afirmam que a colega de sala "não sabe o que é Google".

A comunicação da Universidade Unisagrado disse ao portal de notícias G1 que as estudantes que aparecem no vídeo são maiores de idade e também estudavam biomedicina. Ao mesmo veículo, uma das estudantes afirmou fala foi 'imprudente e infeliz' e que elas estão arrependidas. 

"Nunca foi na intenção de dizer que pessoas de mais idade não podem adquirir uma graduação, pois não tenho esse pensamento. Foi uma fala imprudente e infeliz que tomou uma proporção que não imaginávamos", disse ela ao G1.

Na quarta-feira, 16, foi revelado pela própria universidade que as alunas desistiram da graduação. A faculdade havia iniciado um processo disciplinar contra as alunas, contudo, o mesmo foi encerrado, afinal, "o processo perdeu o objeto e por isso foi finalizado".

A universitária

Patrícia Linares, que tem 45 anos, e foi alvo do deboche das colegas de classe afirmou que não pensa em desistir do curso. Ela contou ao G1 que, por muito tempo, adiou o sonho de estudar, mas agora não abriria mão.

“É um sonho de adolescência que nunca pude realizar porque tive várias interrupções de estudo. E agora também não vou desistir, o sonho não morreu dentro de mim”, explicou ela. 

Patrícia soube do vídeo antes de apresentar um trabalho da faculdade, o que agravou seu nervosismo. Ela explicou ao G1 que chorou depois que uma colega de sala mostrou a gravação. 

“Eu estou estarrecida com essa corrente de amor que eu tenho recebido. A gente vê muitos relatos na internet de pessoas que sofrem preconceito, mas eu não sabia que tinha tanta gente bacana, que também já passou por esse tipo de coisa. Eu chorei, mas eu tenho pessoas que cuidam muito de mim”, disse ela. 

Em desabafo publicado em rede social, a sobrinha de Patrícia destacou que a tia sempre 'batalhou trabalhando sem parar desde pequena'. 

"Minha tia, de 40 anos, sempre batalhou trabalhando sem parar desde pequena com as irmãs, para ajudar a minha avó e a cuidar dela", escreveu em desabafo. "Ela sempre teve o sonho de estudar e nunca teve oportunidade. Hoje, ela conseguiu entrar em um curso que ela sempre quis e estava muito feliz e animada para começar as aulas, e daí surgem três meninas que só vivem na própria bolha, gravando vídeo zombando pela minha tia ser a mais velha da turma".

A faculdade

Após o episódio viralizar, a instituição publicou um comunicado enfatizando a importância do direito a educação para toda e qualquer pessoa. 

"Não compactuamos com qualquer tipo de discriminação", diz trecho do comunicado. "Acreditamos que todos devem ter acesso à educação de qualidade, desde pequenos até quando cada um quiser, porque educação é isso: autonomia. Isso tudo faz sentido para nós".