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Matérias / Arte

Evolução do desenho: O graffiti e a conexão com a arte rupestre

O mais moderno traço das artes visuais teve inspiração milenar nas artes rupestres

Izabel Duva Raporort Publicado em 25/06/2023, às 21h00 - Atualizado em 07/12/2023, às 14h24

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Pinturas Rupestres e pinturas no estilo graffiti - Getty Images e Acervo T-Kid / Itaú Cultural
Pinturas Rupestres e pinturas no estilo graffiti - Getty Images e Acervo T-Kid / Itaú Cultural

Não é de hoje que a arte urbana está nas paredes e muros das cidades. Há registros do gênero datados de 40 mil anos antes de Cristo, passando pelo Antigo Egito e a arte popular romana em um rastro visto em Paris de 1968 e nos trens suburbanos de Nova York.

Na década de 1970, ela desemboca no Brasil, com o grafiteiro Alex Vallauri, que viveu em São Paulo até 1987.

Não se pode afirmar exata mente como tudo começou, mas é possível ter uma ideia deque entre os nossos sentimentos mais primitivos está a necessidade de nos expressar, o desejo de marcar a nossa passagem pela história, de deixar um registro, de transmitir a nossa visão e o retrato do momento em que vivemos – e que sonhamos viver”, explica Binho Ribeiro, curador da exposição ‘Além das Ruas: Histórias do Graffiti’, em cartaz no Itaú Cultural, em São Paulo.

Ao entrar no lugar, logo no piso 1, o visitante é recebido por uma linha do tempo, a qual traça o trajeto da grafitagem desde os tempos das cavernas até a atualidade. Confira um trecho a seguir.

Pinturas rupestres (cerca de 40 mil a.C.)

Cenas que narram o cotidiano de um grupo social, com suas lutas e glórias, foram as primeiras formas de pinturas feitas pela humanidade, com as paredes das cavernas como suporte. Houve também quem optou por soprar atinta por entre os dedos e registrar o contorno de suas mãos, criando assim uma primeira versão do que hoje conhecemos por estêncil.

Antigo Egito (cerca de 2.500 a.C.)

Muito do que veio a formaras sociedades do mundo ocidental nasceu ali, às margens do Nilo. Um dos legados da civilização egípcia foi a documentação de sua cultura, dos costumes e do dia a dia de sua população. Os registros existem em paredes que ainda hoje nos fascinam, milênios depois.

Arte popular romana (cerca de 62 d.C.)

Quando a erupção do Vesúvio devastou a cidade de Pompeia, no ano 79, a lava levou consigo diversas frases e desenhos que adornavam suas paredes–já foram escavados mais de 11 mil exemplares só naquela região. A prática, frequente em todo o Império Romano, era também a única oportunidade de expressão do cidadão comum.

Muralismo mexicano (início do século 20)

Após o fim de uma ditadura militar, a Revolução Mexicana soprou novos ares também criativos no país, que viu surgir painéis que contavam a história danação, enalteciam suas ancestralidades e promoviam a luta contra as desigualdades sociais. Ruas e prédios eram decorados com arte de cunho popular para todos verem.

Exemplo de obra que fez parte do muralismo mexicano - Crédito: Getty Images

Paris, maio de 68 (1968)

Na década de 1960, a França era palco de movimentos estudantis que ficaram marcados pela presença de pichações, principalmente nas universidades. Nas ruas, os estêncils ganhavam força como uma forma de arte característica deste novo tempo, ao lado de pôsteres e murais que ajudaram a construir o imaginário da street art ao redor do globo.

Trens de Nova York (1970)

O bairro do Bronx, na periferia da cidade, ganhou traços e cores à medida que crescia um sentimento de inquietação com as desigualdades e violências contra sua população marginalizada. Os trens, assinados com uma grafia inédita, logo se tornaram ícones deste novo movimento, que se espalharia pelas ruas com grande fôlego pelos próximos anos.

Street art (1971)

No Brasil, artistas como Carlos Matuque, Jaime Prades e o grupo Tupy Não Dá, protagonistas do novo movimento, realizavam intervenções e ocupavam muitas ruas de São Paulo. Anos depois, dois grupos marginalizados (o hip hop da São Bento e o skate) começaram a se unir, influenciados por NY e Paris. Juntos, lutariam por espaço, reconhecimento e legitimidade na arte da cidade.

Primeiras parcerias (1990)

Surgem novas oportunidades para o universo do grafite em São Paulo. A prefeitura incentivou a prática, cedendo materiais e espaços físicos para a produção dos grafiteiros, como forma de oferecer uma alternativa às pichações. Alguns trabalhos eram remunerados. Em paralelo, o hip hop foi fomentado pela Secretaria de Cultura e o skate, finalmente, legalizado.

Cena de produção audiovisual que retrata o Graffiti - Crédito: Eurecka Filmes / Itaú Cultural