Em 'A Favorita', de Yorgos Lanthimos, acompanhamos a alucinada disputa por favoritismo pela rainha entre Sarah Churchill e Abigail Masham; confira!
Éric Moreira Publicado em 29/01/2024, às 18h18 - Atualizado em 03/02/2024, às 16h31
Lançado em 2018, 'A Favorita' se tornou um dos filmes mais famosos de Olivia Colman. A atriz interpretou Anne da Grã-Bretanha, a monarca que esteve no meio uma das histórias mais polêmicas da corte britânica do início do século 18. As outras duas protagonistas desta história eram Sarah Churchill (interpretada por Rachel Weisz) e Abigail Masham (Emma Stone).
"Na Inglaterra do século 18, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough, exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da rainha Ana. Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail, nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes essa oportunidade única", resume a sinopse do longa, agora disponível na Netflix.
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Ao longo de suas duas horas de duração, acompanhamos os altos e baixos de uma história repleta de controvérsias e, até mesmo, divergências históricas, incluindo casos da rainha com mulheres, envenenamento e uma série de traições em busca de cada vez mais influência e poder na corte real. Mas afinal, o que acontece com Sarah Churchill e Abigail Masham após o período retratado em 'A Favorita', na vida real? Confira!
A verdadeira protagonista de 'A Favorita' — por mais que Emma Stone tenha disputado o Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante —, Abigail Masham é quem trouxe o clima de disputa na corte da rainha Ana.
Isso porque foi somente depois de sua chegada que ela e sua prima, a então guardiã da Bolsa Privada do Reino Unido e amiga mais próxima da monarca, Sarah Churchill, começaram uma disputa pelo favoritismo da rainha; o que, por sua vez, acarretaria também em mais influência e poder.
Em dado momento da história, Abigail consegue convencer a rainha a destituir Sarah da função de guardiã da Bolsa Privada do Reino Unido e da própria corte.
Conquistando o espaço de nova favorita da rainha, ela almeja tal cargo para si. Assim, enquanto permanece na corte, cuidando do tesouro real, Sarah e seu marido são banidos de seus aposentos, e depois partem para a Alemanha.
Abigail, no caso, permaneceria na corte realizando seus afazeres comuns até o dia da morte da rainha Anne, em 1º de agosto de 1714, apenas três anos depois de Sarah ter sido expulsa.
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Depois, ela retirou-se para a vida privada com seu marido, Sir Francis Masham, e permaneceu com a fortuna que conquistou nos anos anteriores. Assim, eles compraram uma mansão perto de Windsor.
Quando o marido de Abigail morreu, em 1758, ela e seus filhos mudaram-se para o local, que ficaria conhecido como casa dos Masham, em Essex.
Já a história de Sarah após os eventos de 'A Favorita' apresentam maiores desdobramentos. Ela, que era duquesa de Marlborough ao lado de seu marido, o duque John Churchill, foi perseguida pela imprensa da época, de forma que a opinião pública voltou-se fortemente contra o casal. Não era incomum que pessoas atirassem pedras contra sua casa, por exemplo, repercute o site Town & Country.
Foi essa situação, acompanhada por um possível impeachment por acusações de peculato — desvio de dinheiro público —, que levou o duque a decidir que uma mudança para a Alemanha seria a melhor opção. Vale dizer que, eventualmente, essa acusação foi deixada de lado durante o comando do monarca que sucedeu Anne, George I.
Inclusive, apenas três dias após a morte da rainha, Sarah e John Churchill regressaram à Inglaterra, e até mesmo tornaram-se próximos de George I, embora já não desejassem regressar à corte. Porém, a rainha ainda não fora esquecida por Sarah.
Antes de morrer, Sarah Churchill publicaria seu livro de memórias, para que as pessoas soubessem finalmente a sua versão dos fatos. No livro, ela descreveu Abigail como uma pessoa "instrumental para causar o maior dano que uma nação pode sofrer, reduzindo-a da condição mais próspera para, pelo menos, uma condição muito perigosa; e como agindo da forma mais ingrata e prejudicial a uma pessoa a quem ela deve muito pão."
Por fim, Sarah faleceu no dia 18 de outubro de 1744, aos 84 anos. Segundo a historiadora Ophelia Field no livro 'A favorita: a vida de Sarah Churchill e a história por trás do grande filme' (o livro original é de 2003, mas foi republicado em 2018), um observador da época teria dito que, mesmo tendo se justificado ao reino, sua morte "foi pouco lamentada, seja por sua própria família ou pelo mundo em geral."
