Série mais assistida do momento na Netflix conta a história de Griselda Blanco, a 'Madrinha da Cocaína'; mas tiroteio em shopping realmente aconteceu?
por Fabio Previdelli
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Publicado em 30/01/2024, às 18h00 - Atualizado às 18h51
Série mais assistida da Netflix no momento, 'Griselda' estreou na plataforma de streaming na última semana. Dividida em seis episódios, retrata a história de Griselda Blanco, a 'Rainha da Cocaína'e uma das pioneiras na rota do tráfico da Colômbia para os Estados Unidos.
A mulher que comandou um cartel, e abriu as portas para Pablo Escobar, é vivida na ficção por Sofia Vergara. 'Griselda' ainda conta com Andrés Baiz e Eric Newman na produção — eles também foram responsáveis por 'Narcos'.
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A obra não é diferente de 'Hamlet' ou 'Macbeth', todas as tragédias clássicas onde a personagem é muito arrogante", diz Eric à Netflix. "A violência dela foi construída em cima da sua presunção e sede por poder. Mas é importante destacar que nos mantivemos fiéis à realidade".
Um dos notórios momentos retratados na série, aliás, aconteceu em 1979. Na tarde do dia 11 de julho, um massacre aconteceu em um centro comercial de Miami. Na ocasião, Jimenez Panesso (que se tornou inimigo de Griselda) foi morto por integrantes do cartel.
Era por volta das 14h30 do dia 11 de julho de 1979 quando uma saraivada de tiros se iniciou. Em plena luz do dia, pistoleiros armados invadiram um movimentado shopping center em Miami.
O episódio, apelidado de 'Massacre do Dadeland Mall', um dos mais infames da guerra às drogas contra os 'Cowboys da Cocaína' culminou com a morte de dois homens e com funcionários de uma loja feridos. Tudo isso, é claro, supostamente a mando de Griselda Blanco.
Na ocasião, os homens entraram loja Crown Liquors do shopping e abriram fogo contra seu alvo: Jimenez Panesso e seu guarda-costas, Juan Carlos Hernandez. Na época, recorda a NBC 6 South Florida, Panesso era uma figura importante no tráfico de drogas colombiano.
Além da confusão na loja, dezenas de tiros foram disparados em todo o estacionamento do shopping, o que deixou diversos veículos crivados de balas. Uma fumaça tomou conta do local, fazendo testemunhas descreveram o cenário como 'um tiroteio no estilo velho oeste selvagem'. Jimenez e Hernandez acabaram mortos, e outros dois funcionários da loja de bebidas ficaram feridos.
Para completar a situação, os homens armados fugiram do local em uma van de entrega blindada que tinha estampado em sua lateral a frase: "Fornecimento completo para festa Happy Time".
Mais tarde, porém, o veículo, que transportava um verdadeiro arsenal de armas de fogo e coletes à prova de balas, foi detido pelas autoridades. O co-criador da série, Doug Miro, falou a Netflix sobre as armas.
"Ela deixou o veículo cheio de armas. (...) Ela sempre teve, como parte de seu jogo, um fator de intimidação, pois como mulher, precisava percorrer um caminho maior. E ela entendeu isso pela maneira como organizou sua violência, mas também porque ela estava encurralada e era uma oprimida", explicou ele.
Nelson Andreu, então detetive de homicídios da cidade de Miami, que investigou uma série de assassinatos envolvendo os 'Cowboys da Cocaína', relembrou o ataque: "O que aprendemos com o tiroteio em Dadeland é que é real", disse à NBC 6 South Florida.
Esses caras vão lá e se quiserem bater ou matar alguém, não importa onde isso aconteça, quem mais esteja por perto ou a hora do dia em que isso aconteça, eles vão acertar o alvo e é melhor que todos os outros tenham cuidado e estejam atentos ao que está ao seu redor".
Embora o mais emblemático, o 'Massacre do Dadeland Mall' não foi o único e nem o primeiro a ocorrer no sul da Flórida com relação ao então crescente comércio de drogas.
Na verdade, os sete primeiros meses de 1979 foram marcados por inúmeros tiroteios, o que fez o período ser considerado o mais sangrento da região.
Um exemplo do como o cartel comandava Miami foi exposto por Andreu, que apontou que enquanto a polícia carregava revólveres de seis tiros, os bandidos eram munidos com armas semiautomáticas e submetralhadoras.
Era um caos completo naquela época", disse ele.
"No Departamento de polícia, não tínhamos nenhum dos avanços tecnológicos que temos agora. Eram basicamente impressões digitais, depoimentos de testemunhas. As câmeras de vigilância eram muito, muito limitadas, se houvesse, geralmente de baixa qualidade, sem DNA, nada do tipo", continuou.
Embora o ex-detetive e outros investigadores acreditem que a 'rainha da cocaína', Griselda Blanco, tenha sido a mentora do ataque, ela jamais foi processada pelo tiroteio. Entretanto, acabou presa nos Estados Unidos por acusações de tráfico.
Eles eram implacáveis, não se importavam com onde ou quem, se tinham que fazer um trabalho eles o fariam", finalizou Andreu.
