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Matérias / Personagem

Anjo do inferno: Os pecados de Madre Teresa de Calcutá

Amada no mundo todo por sua suposta gentileza e misericórdia, a santa canonizada era amiga de ditadores e a situação de suas missões foram comparadas a campos de concentração

Pamela Malva Publicado em 01/03/2020, às 10h00

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Madre Teresa de Calcutá, a santa amada por milhões - Wikimedia Commons
Madre Teresa de Calcutá, a santa amada por milhões - Wikimedia Commons

Beatificada em 2003 e canonizada em 2016, a Madre Teresa de Calcutá provavelmente é uma das santas milagrosas mais amadas por todo o mundo. Da Índia, onde morreu, até os países mais remotos, a freira emocionou milhões de pessoas com sua bondade.

Poucos sabem, no entanto, que muitas das críticas direcionadas à freira, na realidade, são verdadeiras e bastante coerentes. Por décadas, a santa foi acusada de corrupção tanto financeira, quanto médica em suas missões.

Assim, artigos, estudos, livros e documentários foram criados sobre Madre Teresa e seus crimes. Publicado em 2012, o texto de Serge Larivée, Genevieve Chenard e Carole Sénéchal é um desses documentos. Os autores são especialistas do Departamento de Psicoeducação da Universidade de Montreal e da Universidade de Ottawa.

No artigo, eles descrevem que quando médicos visitavam as missões da santa, descobriam que um terço dos pacientes “morria sem receber os cuidados adequados”. O documento ainda narra a falta de cuidados e a escassez de alimentos e de analgésicos. Isso sem contar os milhões de dólares arrecadados pela madre que sumiram.

Presidente da Itália Sandro Pertini recebendo Madre Teresa, em 1978 / Crédito: Wikimedia Commons

Segundo os autores do artigo, as missões de Teresa eram tão terríveis que, por vezes, eram comparadas às fotografias do “campo de concentração nazista na Alemanha de Bergen-Belsen”. E as críticas quanto às missões não acabaram por aí.

Em entrevista ao El País, o cubano-norte-americano Hemley González definiu os centros de cuidados da santa como “uma violação sistemática dos direitos humanos e um escândalo financeiro”. Ele ainda conta que testemunhou agulhas sendo lavadas com água e usadas novamente, além doentes recebendo remédios vencidos.

Sempre que Madre Teresa era confrontada com as acusações, segundo Christopher Hitchens, ela respondia que “há algo de bonito em ver os pobres aceitarem o seu destino”. Em seguida, pregava: “O mundo ganha muito com o sofrimento deles”.

E quanto ao milagre que a beatificou? Para o racionalista Debasis Bhattacharya, a cura do tumor em Mónica Besra não passou de uma mentira planejada. “O tumor não era cancerígeno, mas de tuberculose”, afirma. “Curou-se porque foi diagnosticado e tratado no hospital.”

Madre Teresa recebendo uma Medalha Presidencial da Liberdade, em 1985 / Crédito: Wikimedia Commons

Ainda em 2012, os jornalistas Christopher Hitchens e Tariq Ali lançaram um documentário chamado Hell's Angel (Anjo do inferno, em português), que falava sobre o lado obscuro da santa. Na obra, Hitchens definiu Teresa como "uma demagoga, obscurantista e serva de poderes terrenos” que preferia denunciar o aborto, em vez de ajudar os pobres.

O filme ainda trazia narrativas detalhadas sobre amizades contraditórias da freira, como com Jean-Claude Duvalier. Conhecido como Baby Doc, o homem foi um ditador haitiano responsável pelo sequestro e tortura de diversas pessoas, filho de Papa Doc.

Ou sua proximidade com Charles Keating, um preso pela maior fraude financeira dos Estados Unidos até os anos 1980. Do criminoso, Madre Teresa teria recebido doações substanciosas, que colocaram uma pulga atrás da orelha dos estudiosos.

No fim, o mundo ainda se divide muito quando o assunto é a santa Madre Teresa de Calcutá. Para Aroup Chatterjee, um médico indiano, isso se justifica porque “ninguém quer saber que seu ícone da compaixão, Prêmio Nobel da Paz, era uma fanática religiosa amiga de ditadores, ricos e corruptos”.


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