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Matérias / Religião

Isolamento no campo: A comunidade amish

Para preservar os mandamentos da Bíblia, esses cristãos não assistem televisão e escolhem não fazer faculdade ou ter contato com tecnologias atuais

Fred Linardi Publicado em 27/12/2019, às 06h00 - Atualizado em 02/10/2022, às 09h00

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Comunidade amish da Pensylvannia - Getty Images
Comunidade amish da Pensylvannia - Getty Images

Em 1693, o suíço Jacob Amman se desligava da religião menonita. Para ele, o grupo estava se distanciando dos ensinos do líder Menno Simons, que acreditava no anabatismo — o adiamento do batismo até a criança ser capaz de escolher a própria crença. Amman dava início, assim, a um novo grupo: os amish.

Esses cristãos saíram da Europa e se instalaram em assentamentos rurais nos Estados Unidos no século 18, para se isolar e fugir do serviço militar.

Estudiosos da Bíblia, eles interpretam literalmente os textos e vivem de forma humilde e pacífica. Entre eles, falam um dialeto alemão, e conversam em inglês com pessoas de fora do distrito. Ignoram televisão, jornais e revistas.

São uma sociedade fechada com regras religiosas próprias, reunidas numa lista de condutas transmitidas verbalmente chamada Ordnung. Hoje, estão em mais de 31 estados americanos: são cerca de 330 mil membros, distribuídos em distritos de até 40 casas cada.

Entre colchas e cavalos: cotidiano Amish

A escola é exclusiva para as crianças do distrito e ensina matemática, inglês e alemão — o suficiente para iniciarem os trabalhos adultos e ingressarem no comércio. Depois disso, a vida escolar se encerra, já que um jovem amish nunca deve frequentar faculdade. Quando atingem 16 anos, os jovens podem sair de casa e deixar de lado as restrições da religião.

O rito, chamado Rumspringa, os autoriza a experimentar bebidas e ir a festas. Eles têm a oportunidade de retornar aos assentamentos ou desligar-se da vida amish. De 85% a 90% voltam e são batizados.

A casa tem o básico, sem telefone, televisão ou qualquer outro eletrônico. Os cômodos têm apenas móveis de madeira feitos pela comunidade. A cozinha é o principal espaço — a maioria não tem pia, apenas uma bomba de água.

Cada fazenda da comunidade tenta produzir o que necessita, mas elas não são autossuficientes e negociam com o mundo externo. Assim, em pequenas lojas familiares, os amish vendem móveis, colchas e comidas típicas. Parte dos ganhos é doada para a compra de terras coletivas.

Fazenda amish localizada próximo à cidade de Morristown, Nova Jersey / Crédito: Wikimedia Commons

As cerimônias e cultos são realizados aos domingos, a cada 15 dias, nas casas do distrito. O costume vem da origem da religião. Perseguidos por séculos, seus membros se uniam discretamente para orar. Os líderes são bispos, pregadores e diáconos, eleitos pela comunidade. Após os cultos, a família anfitriã oferece uma refeição.

As carroças são utilizadas para ir a localidades próximas, mas, quando necessário, as pessoas pegam carona com conhecidos. A energia elétrica é usada apenas para ordenhar vacas — a iluminação é feita com lampiões. Os aparelhos de marcenaria funcionam à base de força hidráulica, pneumática ou de geradores.

A construção de um celeiro é um evento comunitário e reúne homens e mulheres. É organizado para ajudar recém-casados ou para substituir outro celeiro danificado. O uso de guindaste mecânico para levantar as vigas de sustentação já é permitido, mas o restante é realizado de forma tradicional.

A vestimenta amish também chama a atenção: os homens vestem calças sem pregas e terno de cor escura, sem lapela e colarinhos. Usam chapéu, suspensórios e ganchos para prender a roupa. A meia é preta, cinza ou azul.

Quando se casam, deixam a barba crescer. Não usam bigode. Já as mulheres usam vestidos escuros, com mangas e saias longas e aventais claros nos trabalhos domésticos e nos cultos. Uma touca cobre os cabelos e o gorro preto é o símbolo matrimonial. O sapato deve cobrir o calcanhar.