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Matérias / Incêndio no Ninho do Urubu

Incêndio no Ninho do Urubu: O que aconteceu com as vítimas e os responsáveis?

Em fevereiro de 2019, um incêndio no alojamento das categorias de base do Flamengo tirou a vida de 10 crianças que tinham entre 14 e 16 anos

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 09/02/2023, às 20h00

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Imagem do Ninho do Urubu - Tomaz Silva/Agência Brasil
Imagem do Ninho do Urubu - Tomaz Silva/Agência Brasil

Por volta das 5 horas da manhã de 8 de fevereiro de 2019, um incêndio tomou conta de parte do centro de treinamento do Flamengo em Vargem Grande, conhecido popularmente como Ninho do Urubu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

A principal hipótese é que um curto-circuito no ar condicionado do local tenha provocado o fogo no alojamento usado pelas categorias de base do clube. Como consequência, 10 meninos perderam suas vidas e três tiveram ferimentos. 26 atletas juvenis estavam dormindo por lá no momento do acidente.

Tragédia evitada?

Uma matéria publicada pelo G1 aponta que, segundo a Prefeitura do Rio, o alojamento ficava num local que seria transformado em um estacionamento, conforme apontava a documentação do próprio Centro de Treinamento. Desta forma, diz o El País, o clube não possuía alvará para que esses quartos funcionassem no local. 

À época, o Flamengo alegou que as equipes de sua categoria de base ocupariam um novo e moderno módulo profissional, para onde os garotos se mudariam uma semana após o episódio

Homenagem feito às vítimas/ Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil

Entretanto, como alguns atletas voltaram de férias antes do prazo, eles foram abrigados nesses alojamentos. Uma matéria publicada pelo UOL aponta que o clube sabia dos riscos no centro de treinamento, devido às precaridades das instalações elétricas, há pelo menos nove meses antes da tragédia

Por conta disso, o Ministério Público indiciou oito pessoas, o que incluía o então presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, por “incêndio culposo”

As vítimas e os sobreviventes

Após 4 anos do ocorrido, apenas três garotos continuam com contrato com o Flamengo: o goleiro Francisco Dyogo, que integra o elenco profissional; o volante Rayan Lucas, da equipe sub-20 que disputou a Copinha; e o zagueiro Jhonata Ventura, que teve cerca de 35% do corpo queimado e voltou a atuar após dois anos do episódio. 

Os demais sobreviventes são: Felipe Cardoso (atualmente no RB Bragantino); Wendel Alves (Internacional-RS); Samuel Barbosa (Itapirense-SP); Filipe Chrysman (Guarani-SP); Kayque Cambos (Al Bataeh, dos Emirados Árabes); Jean Sales (Alverca, de Portugal); Kennyd Lucca (Cuiabá-MS); Pablo Ruan (Atlético-MG); João Victor (sem clube); Cauan Gomes (Fortaleza); Caike da Silva (XV de Piracicaba-SP); Naydjel Calleb (migrou para o futsal); e Gabriel de Castro (sem informações presentes). 

Já entre as vítimas fatais estão jovens entre 16 e 14 anos: Athila Paixão, Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Gedson Santos e Pablo Henrique Matos que tinham 14; Christian Esmério, Jorge Eduardo Santos, Samuel Thomas e Vitor Isaías, com 15; e Rykelmo de Souza, que tinha 16. 

As vítimas do incêndio/ Crédito: Reprodução

Das 26 famílias, porém, apenas a do goleiro Christian Esmérionão entrou em acordo judicial com o clube. Há mais de um ano, eles entraram com um processo na 33ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) pedindo uma indenização, com danos morais e pensionamento, no valor de R$8.440.000,00. O processo ainda está em fase inicial. 

“Não achamos justo que o Flamengo decida como finalizar tudo isso, quanto acha que deve ser a indenização. No nosso ponto de vista, não há justiça com o pagamento da indenização”, diz Andreia de Oliveira, mãe de Christian, em entrevista ao jornal Extra. 

Assim, o que queremos é que o juiz determine o que é justo. Eles [Flamengo] não vão decidir o que é justo para a gente”, se posicionou. 

Imbróglio judicial

Segundo Louis de Casteja, advogado da família da vítima, o clube contestou a ação e pediu para que fosse incluída a empresa responsável pela manutenção do ar condicionado. O pedido, porém, está pendente de apreciação pelo juiz da 33ª Vara

Familiares de Esmério e seus advogados enxergam o pedido como "uma manobra do Flamengo para protelar o andamento do feito já que a sua responsabilidade e inequívoca". 

Conforme relatado pelo Extra, existem três processos em andamento sobre o caso, o que culminou com a denúncia de 11 pessoas pelo Ministério Público. Dois destes estão em primeira instância na 36ª Vara Criminal. A última movimentação do caso se deu em novembro de 2022

Ninho do Urubu pós-incêndio/ Crédito:Reprodução/Video/TV Globo

O processo criminal foi desmembrado em maio de 2021, quando o funcionário responsável por vigiar os contêineres onde os atletas dormiam foi absolvido. A Justiça rejeitou a denúncia do MP contra esse profissional e um dos executivos do Flamengo. O MP, por sua vez, recorreu e o processo foi separado em duas partes

Já o terceiro processo, vigente na 3ª Câmara Criminal, está em segunda instância e sua última movimentação aconteceu em junho de 2021. Segundo o portal da Band, os casos se arrastam e sequer possuem previsão de data para uma sentença. Desta forma, ninguém foi condenado, apesar dos quatro anos do Incêndio no Ninho do Urubu.