Em texto, Shannon Lee, filha de Bruce Lee, demonstrou insastifação com atitude de Tarantino
Redação Publicado em 19/07/2023, às 18h00 - Atualizado em 27/10/2023, às 14h46
Shannon Emery Lee tinha apenas quatro anos de vida quando perdeu seu pai, Bruce Lee, de maneira súbita. O lendário astro de cinema e especialista em artes marciais faleceu aos 32 anos devido a um edema cerebral — condição que pode ser descrita como um inchaço no cérebro.
Meu pai costumava brincar conosco, fazendo-nos dar socos e chutes. Eu era muito mais jovem, então não fiz tanto quanto Brandon [seu irmão mais velho]", relatou a norte-americana de origens chinesas a respeito de sua infância em uma entrevista repercutida pelo portal Style.
Nascida na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, Shannon acabou por seguir os passos da família em direção ao estrelato — vale mencionar aqui que seu avô pelo lado de Bruce, Lee Hoi-chuen, também era famoso, neste caso na área da ópera cantonesa.
Ela se tornou cantora, atriz e ainda uma mestre em artes marciais. Sua voz, aliás, está por trás do famoso cover de "Califórnia Dreamin'" (uma canção originalmente da banda The Mamas & The Papas) que toca durante "Dragão: A História de Bruce Lee" (1993), uma cinebiografia do lutador chinês.
Já um dos grandes acontecimentos que a impulsionou a adquirir não apenas as habilidades físicas, mas também os princípios filosóficos pregados por seu pai, foi uma segunda tragédia familiar: a morte de Brandon Lee, que também atuava em Hollywood, após um disparo acidental em um set de gravações em 1993.
Na época, Emery tinha 24 anos, e a maneira que encontrou para lidar com o falecimento de seu irmão mais velho foi justamente o treino marcial, que também era realizado por ele antes de vir a óbito.
Eu estava lutando muito interiormente e [estava] com muita dor. Suas palavras são atemporais, realmente, e eu sinto que quando leio suas palavras, me sinto aliviada. Eu me sinto esperançosa. Eu me sinto energizada. Essas são todas as coisas de que sempre precisaremos e, de certa forma, agora mais do que nunca", relatou Shannon em uma conversa com a Variety.
Assim como sua figura paterna e como o irmão, ela apareceu em produções cinematográficas, realizando cenas de lutas coreografadas de tirar o fôlego.
Buscando manter vivo o legado de Bruce Lee, ela chegou a lançar em 2019 um livro a respeito de suas filosofias intitulado de "Seja água, meu amigo", um bordão frequentemente repetido pelo artista tanto nas telonas quanto fora delas.
Aos 54 anos, Shannon Emery Lee busca propagar a mensagem de seu pai através de entrevistas, das redes sociais e da Fundação Bruce Lee. Em uma participação de 2020 ao programa de entrevistas de Drew Barrymore, por exemplo, ela buscou explicar a metáfora da água como a "busca de uma vida inteira por equilíbrio", algo que todos precisamos fazer a fim de encontrarmos paz interior.
Em 2019, o ilustre Quentin Tarantino lançou o longa “Era Uma Vez em… Hollywood”, que narra a história do astro fictício Rick Dalton. O filme, entretanto, resultou em diversas polêmicas, principalmente com relação ao astroBruce Lee.
Os familiares do ator, principalmente Shannon, se incomodaram com uma cena cômica do filme. Se trata do momento em que Bruce Lee é alvo de zombaria pelo dublê Cliff Booth (interpretado por Brad Pitt), após ser desafiado para um combate.
Em coluna escrita ao The Hollywood Reporter, Shannon Lee disse que seu pai não foi representado de maneira fiel no filme. Ela também desabafou a respeito de se sentir farta de ouvir que Bruce Lee não era um lutador de artes marciais.
Embora esteja grata que o Sr. Tarantino reconheceu tão generosamente a Joe Rogan que eu posso ter meus sentimentos sobre sua representação de meu pai, eu também sou grata pela oportunidade de expressar isto: estou cansada pra c*ralho de homens brancos em Hollywood tentando me dizer quem era Bruce Lee”, comentou Shannon.
Ela enfatizou que Lee foi um homem norte-americano nascido em São Francisco e negou boatos sobre Bruce Lee. De acordo com Shannon, o pai era um ótimo dublê e não costumava brigar com as pessoas com frequência.
"Sr. Tarantino, você não precisa gostar do Bruce Lee. Realmente não me importo se você gosta dele ou não. Você fez o seu filme e agora, claramente, você está promovendo um livro”, disse a filha do ator. “Mas pelo interesse de respeitar outras culturas e experiências que você talvez não entenda, encorajaria você a evitar fazer mais comentários sobre Bruce Lee e reconsiderar o impacto de suas palavras em um mundo que não precisa de mais conflitos e menos heróis culturais.”
