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Matérias / Egito Antigo

A múmia que revelou um curioso fato sobre os antigos egípcios

Descoberta em 2019, múmia do nobre Khuwy fez uma importante revelação sobre a civilização que prosperou às margens do Nilo

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 04/02/2023, às 18h00 - Atualizado em 10/02/2023, às 10h00

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Múmia de Khuwy, descoberta em 2019, sendo examinada em 'Lost Treasures of Egypt' - Reprodução/Windfall Films
Múmia de Khuwy, descoberta em 2019, sendo examinada em 'Lost Treasures of Egypt' - Reprodução/Windfall Films

Múmias, faraós, deuses antigos... De fato, quando se pensa no Egito Antigo e em sua estrutura social e cultura, parece que se trata de uma sociedade à parte, algo quase que ficcional.

E, como já mencionado, aqueles que compunham essa nação tinham o costume de mumificar seus mortos, para que seus corpos fossem preservados, visto que acreditavam na importância disso na vida pós-morte — por isso, os egípcios são os mais lembrados quando se fala sobre a curiosa técnica de mumificação.

Porém, o que nem sempre se pensa é como uma sociedade tão antiga descobriu e desenvolveu métodos tão eficientes e sofisticados de mumificação, visto que algumas de suas múmias são encontradas ainda hoje em um fascinante estado de preservação.

Múmia descoberta em 2019 sendo examinada em série documental da National Geographic
Múmia descoberta em 2019 sendo examinada em série documental da National Geographic / Crédito: Reprodução/Windfall Films

Uma múmia analisada em 2019, todavia, revelou que aparentemente as técnicas existiam antes mesmo do que se pensava. 

Nobre Khuwy

O corpo preservado de um nobre de alto escalão chamado Khuwy — cuja tumba possuía hieróglifos que revelavam ser um parente da família real — foi descoberto em 2019.

E, não tão surpreendentemente, seu estado de conservação era bem considerável, tendo sido empregadas técnicas sofisticadas nele.

Porém, a descoberta da múmia de Khuwypoderia reescrever muito do que se sabe sobre a mumificação no Egito Antigo. Isso porque, conforme revelado pela série 'Lost Treasures of Egypt', produzida pela Windfall Films, ele teria vivido durante o chamado Império Antigo, cerca de 4 mil anos atrás.

Afinal, por que ele ter vivido há tanto tempo é relevante? Apenas porque se acreditava que tamanha sofisticação do processo de mumificação do corpo e dos materiais usados ​​— incluindo seu curativo de linho excepcionalmente fino e resina de alta qualidade — teria sido alcançada somente mil anos depois.

Se esta é realmente uma múmia do Antigo Império, todos os livros sobre mumificação e a história do Antigo Império precisarão a ser revisto", comentou, em 2019, professora Salima Ikram, chefe de egiptologia da American University no Cairo e uma das principais especialistas na história da mumificação, em entrevista ao Observer.

"Isso mudaria completamente nossa compreensão da evolução da mumificação. Os materiais usados, suas origens e as rotas comerciais associadas a eles impactarão drasticamente nossa compreensão do Egito Antigo", continuou a professora.

Pinturas encontradas na tumba de Khuwy
Pinturas encontradas na tumba de Khuwy / Crédito: Reprodução/Windfall Films

"Até agora, pensávamos que a mumificação do Império Antigo era relativamente simples, com dessecação básica — nem sempre bem-sucedida — sem remoção do cérebro e apenas remoção ocasional dos órgãos internos. De fato, mais atenção foi dada à aparência exterior do falecido do que ao interior. Além disso, o uso de resinas é muito mais limitado nas múmias do Império Antigo registradas até agora. Esta múmia está repleta de resinas e tecidos e dá uma impressão completamente diferente de mumificação. Na verdade, é mais como múmias encontradas 1.000 anos depois", explicou.

'Lost Treasures of Egypt'

A descoberta de Khuwy foi retratada no quarto episódio da terceira temporada da série 'Lost Treasures of Egypt' (no Brasil, com o nome de 'Vale dos Reis - Tesouros do Egito'), produzida pela Windfall Films e disponível no Disney+. Segundo o The Guardian, a múmia foi descoberta na luxuosa tumba na necrópole de Saqqara.

Eles sabiam que a cerâmica na tumba era do Reino Antigo, mas [Ikram] não achava que a múmia fosse daquele [período] porque estava muito bem preservada. Eles não achavam que o processo de mumificação [então] era tão avançado. Então sua reação inicial foi: definitivamente não é o Reino Antigo. Mas, ao longo da investigação, ela começou a aceitar [a ideia]", afirmou Tom Cook, o produtor da série.

Técnica de mumificação

Na série, ainda, é explicada a técnica que os antigos egípcios utilizaram em Khuwy para mumificá-lo. Explica-se que os embalsamadores banhavam os corpos em resinas caras da seiva das árvores, de alta qualidade, preservando a carne antes de envolver o cadáver em bandagens igualmente boas.

"É extraordinário. A única vez que [vi] tanto desse tipo de linho de boa qualidade foi na 21ª dinastia", afirma Salima Ikram no programa. Vale lembrar que a 21ª dinastia que ela menciona reinou mais de 1.000 anos depois que Khuwy viveu, o que faz com que pareça ainda mais que a múmia pertencia a outro período.