Há 30 anos, turnê conjunta entre Metallica e Guns N' Roses foi marcada por maré de má sorte e acidente grave
Éric Moreira Publicado em 23/09/2022, às 11h37 - Atualizado em 18/11/2022, às 20h00
Quando se pensa em algumas das bandas mais clássicas do rock e metal, duas que devem aparecer em muitas listas são o Metallica e o Guns N' Roses. Ambas com uma grande legião de fãs por todo o mundo, se torna praticamente um sonho para aqueles que apreciam as duas bandas a possibilidade de um show — ainda mais, uma turnê — em conjunto entre elas; no entanto, o sonho pode vir a se tornar um pesadelo.
Em 1992, as bandas de Axl Rose e James Hetfield decidiram partir em uma turnê conjunta, a Guns N' Roses/Metallica Stadium Tour, e logo se iniciou grande rebuliço e alvoroço entre os fãs. Os shows foram anunciados por Slash — guitarrista do Guns — e Lars Ulrich — baterista do Metallica — em uma coletiva de imprensa na Califórnia, como informado pela Rolling Stone Brasil.
No entanto, o que começou como um sonho, acabou se tornando mais caótico do que qualquer um dos envolvidos poderia imaginar. Durante o show realizado na Pontiac Silverdome, em Pontiac, no estado norte-americano de Michigan, Axl Rose vomitou no palco e saiu, logo após sua apresentação de 'You Could Be Mine' — e depois que voltou, pediu desculpas ao público pela performance ruim.
Além disso, ao longo da turnê Axl também sofreu com dores de garganta, mas não desistiu das apresentações. Então, em show realizado no dia 29 de julho daquele ano, ele ainda sofreu por ter sido atingido por um isqueiro, jogado da plateia, nos genitais, enquanto cantava 'Knockin' on Heaven's Door'. Após isso, recuou e, enquanto se recuperava, o baixista da banda — Duff McKagan — assumiu os vocais e pôde finalizar o evento.
No entanto, definitivamente o problema mais preocupante da turnê não se relaciona ao vocalista do Guns N' Roses — para a surpresa geral, visto que, na época, ele estava sempre envolvido em diversas polêmicas —, mas sim ao do Metallica, James Hetfield. Durante show realizado na cidade de Montreal, no Canadá, saques e vandalismo foram realizados pelos fãs, e o vocalista do Metallica ainda por cima quase morreu.
Enquanto a banda de heavy-metal ainda estava na introdução de 'Fade to Black', James Hetfield foi atingido por uma chama de aproximadamente 4 metros do sistema pirotécnico do palco, o que resultou em queimaduras de segundo e terceiro grau em seus braços, mãos, pernas, costas e rosto. A situação acabou ficando tão preocupante, que os outros integrantes do Metallica afirmaram que James poderia ter até mesmo morrido na ocasião.
Após o acidente, enquanto o vocalista do Metallica era encaminhado ao hospital, o baterista da banda foi ao microfone e anunciou, ali, o fim daquele show. Revoltadas com a notícia e com a demora de aproximadamente duas horas para que o Guns N' Roses subisse ao palco — e, quando subiram, Axl se irritou com problemas de áudio, jogou o microfone longe e abandonou o show —, as mais de 55 mil pessoas começaram uma confusão no palco que, posteriormente, se expandiu para a cidade.
Carros da polícia foram tombados, objetos foram incendiados e mais de 300 policiais foram solicitados para conter a situação, e assim se deu um dos maiores eventos de caos da carreira das duas bandas. A turnê foi então retomada em agosto de 1992, mas James Hetfield ainda se recuperava e só estava nos vocais, de forma que a guitarra rítmica ficou nas mãos de John Marshall, técnico de guitarra da banda.
Não bastasse a turnê em colaboração entre Metallica e Guns N' Roses, ainda existem rumores de que Axl Rose tinha interesse em ter o Nirvana abrindo a turnê, em Seattle. No entanto, quem fez o convite para o ícone do grunge foi Kirk Hammett, guitarrista principal do Metallica.
Eu tive que ligar para Kurt [Cobain] para falar com ele sobre a possibilidade de se juntar à nossa turnê e ele continuou falando sobre como ele simplesmente não gostava do que o Guns N' Roses representava", contou o guitarrista, segundo a Rolling Stone Brasil.
No fim, quem realizou a abertura foi a banda de metal alternativo Faith No More, mas essa também não escapou de ter problemas com os membros do Guns. Segundo Mike Patton, vocalista da banda, o grupo de Axl os tratou "como uma merda", apesar de pagarem bem.
Um dia eu estava tão entediado. Eu estava tão de saco cheio de estar em turnê com esses caras [...] um dia, eu tipo, tirei para fora e mijei por todo o teleprompter deles", contou o vocalista à TMDQA.
