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Matérias / Brasil

Pioneiro: Como a foto de um deputado de cueca influenciou na cassação de seu mandato

No ano de 1946, o deputado Barreto Pinto foi fotografado em trajes íntimos e acabou causando polêmica

Giovanna Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 14/06/2021, às 09h53

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Barreto Pinto - Divulgação/Jean Manzon/O Cruzeiro
Barreto Pinto - Divulgação/Jean Manzon/O Cruzeiro

A quebra de decoro é, nos dias de hoje, um dos motivos que mais levam à cassação de mandatos de políticos no Brasil. Mas o caso do grande pioneiro nessa categoria, o deputadoEdmundo Barreto Pinto, do PTB do Distrito Federal, se destacou pela bizarrice.

O ano era 1946, quando ele foi protagonista de um enorme escândalo. O motivo? O político fora fotografado em trajes incompatíveis com sua posição: de samba-canção branca e casaca, lá estava ele estampando a capa da revista O Cruzeiro, à vista de todos.

"Barreto Pinto sem máscara", dizia o título da reportagem, a qual apresentava uma sessão de fotos um tanto curiosa.

Uma das imagens, por exemplo, mostrava o político sem camisa em uma banheira. Em outra, o homem aparecia de sunga na praia, com a legenda o apontando como "um tipo bem mal-acabado", ressaltando seus "pés chatos", a "barriga mole" e as "pernas cabeludas".

O deputado Barreto Pinto em foto polêmica / Crédito: Divulgação/Jean Manzon

Processo e cassação

O deputado Barreto Pinto até chegou a processar o jornalista David Nasser e o fotógrafo Jean Manzon, que realizaram a reportagem. Contudo, isso não foi suficiente para impedir a cassação de seu mandato, mas tomou proporções ainda maiores.

O que aconteceu foi que, depois que a surgiu o escândalo, o político nascido no estado do Rio de Janeiro passou a zombar da repercussão do caso, tendo, até mesmo, participado de uma peça de teatro repetindo a mesma combinação de roupas. O resultado disso tudo se revelaria três anos mais tarde, quando foi desligado da política.

Página do O Cruzeiro estampando as fotos do deputado / Crédito: Divulgação/Jean Manzon

O que disse em sua defesa

O fluminense sempre afirmou ter sido manipulado por Manzon e Nasser, os quais, segundo ele, teriam assegurando-lhe que a câmera o enquadraria somente da cintura para cima, o que não ocorreu.

Segundo relatou o jornalista Carlos Chagas à Rádio Câmara em 2006, como estava muito calor, os profissionais haviam sugerido que o político tirasse a calça. "E, ingenuamente, o Barreto Pinto aceitou."

"Eles queriam mesmo uma coisa ridícula e fotografaram o Barreto Pinto de casaca da cintura pra cima, com gravatinha branca e tudo, mas de cueca", afirmou o jornalista.

O ex-presidente Getúlio Vargas / Crédito: Domínio Público/Galeria de Presidentes

Disputas políticas

No entanto, conforme explicou Chagas, o episódio da cueca não foi o que determinou a perda do mandato por parte do deputado. Segundo ele, o principal motivo para tal eram as disputas políticas com o PTB, do qual fazia parte o então senadorGetúlio Vargas. Assim, a cassação se revelou como uma maneira de prejudicar Vargas.

Por mais que o partido tenha defendido Barreto Pinto, o plenário da Câmara decidiu que ele deveria deixar o cargo.

O argumento foi o de que, por mais que o deputado tivesse sido enganado, ele teria agido sem cautela quando permitiu que fosse fotografado pelos profissionais de uma revista com uma cueca.


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