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Matérias / Shirley Temple

Shirley Temple e sexualização infantil: 'Exploração cínica de nossa inocência'

Ícone da infância de Hollywood, Shirley Temple teve sua imagem transmitida estranhamente quando era criança

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 05/06/2022, às 08h00

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Retratos de Shirley Temple, maior atriz mirim de seu tempo - Fotos por Flybynight pelo Pixabay
Retratos de Shirley Temple, maior atriz mirim de seu tempo - Fotos por Flybynight pelo Pixabay

Shirley Temple foi uma atriz norte-americana, que veio a falecer em 2014, aos 85 anos, de causas naturais. Além de atriz, ela também foi dançarina, cantora e, quando adulta, também diplomata.

No entanto, seus trabalhos de maior destaque com certeza se relacionam ao período de sua infância, tendo ela sido considerada a atriz mirim de maior arrecadação de bilheteria em Hollywood no período de 1935 a 1938, quando tinha entre 7 e 10 anos.

Sua estreia em Hollywood aconteceu de fato em 1934, com o musical de comédia Olhos Encantadores, dirigido por David Butler. Na obra, a viúva Mary e sua filha de cinco anos, Shirley, vivem na casa da família Smythe, onde Mary trabalha. Exceto pelo tio Ned, a família não demonstra afeto pela menina. Quando Mary morre, Ned e Loop, padrinho de Shirley e melhor amigo de seu pai, disputam sua custódia.

Desenho que retrata Shirley Temple /Crédito: Flybynight pelo Pixabay

No entanto, antes mesmo de Olhos Encantadores, a garota participou de Baby Burlesks, série de curtas-metragens no início dos anos 1930. O projeto compreendia uma sátira de filmes famosos ou eventos da época. Naquele, momento, vale lembrar, os direitos e proteções para atores ainda não existiam. 

Na série, porém, a atriz — e diversas outras crianças, já que a série era protagonizada unicamente por atores e atrizes mirins — exibia comportamentos estranhos e nada adequados para crianças, que agiam como adultos.

Por exemplo, em 'War Babies' (em tradução livre, 'Bebês de Guerra'), segundo curta da série de produções, Shirley Temple teve seu primeiro papel com falas, aos 3 anos, em que a garota interpretou uma dançarina em um bar para soldados, que eram outras crianças igualmente pequenas.

Na obra em questão, dois soldadinhos davam pirulitos para a personagem de Temple em troca de beijos — a atriz teve seu primeiro beijo nas telas com menos de 5 anos —, e ela tinha falas como "meu valor é alto".

Ainda em outro dos 8 curtas que compõem Baby Burlesks, 'Polly Tix in Washington' (em português, 'Polly Tix em Washington'), o sétimo da série, de 1933, a garota parece interpretar um tipo de prostituta ou amante para um senador.

Assim como em 'War Babies', em que os meninos estavam o tempo inteiro sem camisa e usando boinas militares, aqui os meninos usavam cartolas, para simbolizar que eram membros do governo.

No curta, Shirley aparece com um pequeno sutiã e fazendo as unhas, quando recebe um telefonema de um garoto — que usava uma cartola —, dizendo para que ela pudesse entreter o senador para "fazê-lo trabalhar". Quando chega para falar de fato com a criança que interpretava um senador, a atriz mirim usa a expressão "vim para entretê-lo".

Em Child Star, sua autobiografia, repercute a Time Magazine, a estrela condenou o projeto “Baby Burlesks” como “uma exploração cínica da nossa inocência infantil”. Ela também explica que “ocasionalmente eram racistas e sexistas”.

No livro, a atriz ainda conta um pouco sobre como era ser uma atriz mirim adorada por milhões de pessoas durante a Grande Depressão dos anos 1930 e em 1940. Com a chegada de sua adolescência, a popularidade e carreira de Temple foi decaindo.

Em 1969, Shirley Temple iniciou sua carreira diplomática, aos 41 anos, quando representou os Estados Unidos em uma Assembleia Geral das Nações Unidas. Sua autobiografia foi publicada em 1988, e em 2014, aos 85 anos, faleceu na cidade de Woodside, na Califórnia, de causas naturais.