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Matérias / John Fitzgerald Kennedy

Bala mágica: A teoria surreal que explica a morte de JFK, morto há 60 anos

Um disparo feito por Lee Harvey Oswald teria sido responsável por sete ferimentos

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 15/08/2020, às 10h00 - Atualizado em 22/11/2023, às 10h05

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JFK em sua limusine momentos antes do assassinato - Wikimedia Commons
JFK em sua limusine momentos antes do assassinato - Wikimedia Commons

22 de novembro de 1963 ficou marcado como um dos dias mais nebulosos e controversos da história americana. Afinal, há exatos 59 anos, por volta das 12h30 do horário local, o presidente John Fitzgerald Kennedy era morto a tiros enquanto desfilava com a primeira-dama em uma limusine aberta.

Além de JFK, o governador do Texas, John Conally, que estava sentado na frente de Kennedy, também foi alvejado, mas acabou sobrevivendo aos ferimentos. Uma hora depois, o agente policial JD Tippit também foi morto a tiros.

Horas depois, Lee Harvey Oswald foi preso por ser o responsável pelos crimes. Porém, no dia seguinte, 24 de novembro, Lee Oswald também foi morto a tiros na porta do departamento de polícia de Dallas por Jack Ruby, dono de um bar da região que assistia à chegada de criminoso junto a uma multidão. A morte de Harvey foi registrada ao vivo por veículos televisivos.

Lee Harvey Oswald, acusado de assassinar o presidente norte-americano Kennedy / Crédito: Getty Images

Uma semana depois, com o país ainda abalado pela sequência de tragédias, o presidente Lyndon B. Johnson — que era vice de Kennedy — criou a Comissão Warren, que seria responsável por investigar o caso.

Em setembro de 1964, a Comissão Warren publicou um relatório (que pode ser lido aqui, em inglês) afirmando que os tiros vieram da janela do 6º andar do Texas School Book Depository — onde ficava o depósito de uma livraria bem em frente à Dealey Plaza, onde passou a comitiva presidencial.

Segundo os investigadores, as balas foram realmente disparadas por Oswald, entretanto, "não havia provas de que Lee Harvey Oswald ou Jack Ruby fossem parte de qualquer conspiração, doméstica [a mando da CIA ou de Lyndon Johnson], ou estrangeira [comunistas cubanos, ou membros da máfia italiana]".

JFK no momento em que é atingido por um tiro (cena mostrada no filme JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar) / Crédito: Divulgação/ Warner Bros

Entretanto, apesar das provas apresentadas pela Comissão, dois pontos ainda hoje são alvos de controvérsias: o primeiro deles é sobre a constatação de que Lee Oswald tenha feito os disparos sozinhos. 

Um fato que contraria isso é que Harvey era considerado um péssimo atirador. Outro ponto é o tempo de diferença entre cada disparo e a chamada Teoria da Bala Mágica, chamada pelos céticos como Bala Mágica, levando certo tom de ironia.

Um tiro, inúmeras fraturas

No local onde supostamente Oswald estaria, foram encontrados três cartuchos do rifle Mannlicher-Carcano de três centímetros de comprimento com revestimento de cobre de 6.5 × 52mm.

Um ponto que corrobora com a afirmação de que apenas três tiros foram disparados é a sequência de imagens que foram capturados nos fotogramas 210 a 225 de um filme feito por Abraham Zapruder, um fabricante de roupas que estava entre a multidão assistindo à passagem do cortejo presidencial por Dallas.

Bala que teria atingido John Kennedy e John Conally / Crédito: Wikimedia Commons

Zapruder levou uma câmera de 8 mm para registrar o evento, sem saber que seus 26 segundos de filmagem se tornariam um dos filmes mais assistidos — e mais polêmicos — de todos os tempos. Ficou constatado que, pela duração do filme, não haveria espaço para um quarto tiro.

Com isso, sabe-se que, dentre as três balas, uma foi a fatal que explodiu a cabeça de Kennedy. A segunda teria alvejado uma das pessoas que havia saído para assistir o desfile: James Tague — que estava a quase 100 metros do cortejo e, conforme a Comissão Warren, só foi atingido porque a bala acertou uma árvore antes.

Seja isso verdade ou não, sobrava apenas mais um projétil. E esse teria tido o trajeto mais bizarro entre eles, afinal, seria responsável por 7 ferimentos: 2 em Kennedy e 5 em Connally.

Com isso, a Comissão Warren tinha duas saídas, admitir que existiu mais de três tiros, portanto, mais de uma pessoa teria participado do assassinato — o que já se configuraria uma conspiração —, ou essa única bala teria realmente sido responsável pelos sete ferimentos.

Os investigadores ficaram com a segunda opção, endossada pela tese de Arlen Specter, um jovem e ambicioso advogado que posteriormente se tornou senador Democrata.

Mas qual teria sido a trajetória dessa bala?

Segundo a teoria, explicada com maestria no filme 'JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar' (1991), dirigido por Oliver Stone e estrelado por Kevin Costner, a bala teria que: 1) penetrar as costas de Kennedy; 2) seguir uma trajetória de 17 graus e subir saindo do corpo de Kennedy pelo pescoço; 3) passado 1.6 segundos, a bala teria virado no ar à direita, depois a esquerda e então penetrado a axila direita de Connally; 4) a bala, então teria descido em um ângulo de 27 graus, quebrado a costela e saído do lado direito do peito do governador; 5) virado à direita e penetrado seu pulso direito; 6) quebrado o osso e saído pelo outro lado da mão; 7) para finalmente se alojar na coxa esquerda de Conally.

Cena do filme "JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar" que mostra a trajetória da bala mágica /  Crédito: Divulgação/ Warner Bros

Nesse caso, a bala teria que atravessar 15 camadas de roupas, sete camadas de pele e aproximadamente 38 centímetros de tecido muscular, além de atingir um nó da gravata, ultrapassar 10 centímetros de costela e quebrar um osso do rádio.

Após tudo isso, ela teria sido encontrada, praticamente intacta (como mostra uma das imagens acima), em uma maca no corredor do hospital. Posteriormente, foi determinado que a maca estava ao lado da que levava Connally para o hospital.

Em sua conclusão, a Comissão Warren encontrou “evidências persuasivas de especialistas” de que uma única bala causou o ferimento no pescoço do presidente e todos os ferimentos encontrados no governador Connally.

Apesar de reconhecer haver uma "diferença de opinião" entre os membros da Comissão Warren "quanto a esta probabilidade", afirmou que a teoria não era essencial para suas conclusões e que todos os membros não tinham dúvidas de que todos os tiros foram disparados de a janela do sexto andar do edifício do Depositário.