Autorretrato de Vincent van Gogh com a obra 'Amendoeira em Flor' ao fundo - Domínio Público via Wikimedia Commons
Arte

'Amendoeira em Flor': 5 curiosidades sobre a delicada obra de Van Gogh

Além de 'A Noite Estrelada' e 'Os Girassóis', 'Amendoeira em Flor' é uma das obras mais importantes da família van Gogh

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 17/09/2023, às 14h00 - Atualizado em 19/09/2023, às 17h52

Hoje, é consenso na história da arte que Vincent Willem van Gogh — ou somente "Van Gogh" — foi, se não o, um dos maiores pintores que já existiu. Considerado uma das figuras mais relevantes e influentes da história da arte ocidental, produziu ao longo de pouco mais de dez anos pelo menos mil obras.

Sua importância para o mundo da Arte não se deve apenas pela abundância de trabalhos que desenvolveu. A sensibilidade nas obras também brilha aos olhos de qualquer um, mesmo os leigos no assunto: algumas das mais conhecidas são caracterizadas por paisagens com cores dramáticas e vibrantes.

Apesar do inegável talento, um fato triste a respeito da vida de van Gogh é que quando morreu, em 29 de julho de 1890, o artista era quase que um desconhecido. Com isso, suas obras foram deixadas como herança para seu irmão mais novo, Theodorus; este, por sua vez, morreu pouco depois, em 1891, e então o acervo passou a pertencer a sua esposa, Johanna.

Autorretrato de Vincent van Gogh, e fotografias de Theodorus e Johanna, respectivamente / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Johanna, no caso, foi a verdadeira responsável pelo começo do sucesso de van Gogh e o reconhecimento que possui hoje. Após obter o acervo, vendeu algumas obras a colecionadores de arte importantes, e assim o nome do artista neerlandês foi conquistando espaço nas galerias.

Entre as pinturas mais famosas de van Gogh, algumas que merecem destaque são 'A Noite Estrelada' — bem como outras duas que compõem, com ela, uma "trilogia": 'Terraço do Café à Noite' e 'Noite Estrelada Sobre o Ródano' —, 'Os Comedores de Batata' e 'Os Girassóis'. Porém, para os amantes de história da arte, uma das mais fascinantes é 'Amendoeira em Flor'. Confira a seguir 5 curiosidades sobre esta cativante pintura.

'Amendoeira em Flor', de Vincent van Gogh / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

1. Inspiração japonesa

Para alguns, já não é novidade que van Gogh teve, entre várias inspirações artísticas, grande influência da arte japonesa em suas obras. Um exemplo é o paralelo entre 'A Noite Estrelada', sua pintura mais famosa, e 'A Grande Onda de Kanagawa', de Katsushika Hokusai.

'A Grande Onda de Kanagawa', de Katsushika Hokusai / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

+ 'A Grande Onda de Kanagawa': 5 curiosidades sobre a obra

Em 'Amendoeira em Flor', percebe-se que o artista escolheu uma perspectiva relativamente incomum para retratar (exceto para os japoneses): o artista pintou os galhos vistos de baixo, e bem de perto, como se estivesse deitado de costas na grama e olhando para cima. Esse tipo de impressão, por mais que deixe de fora alguns elementos, amplia certos detalhes na natureza — o que, por si só, já era muito valorizado pelo neerlandês.


2. Amor à natureza

De fato, conforme aponta o site do Museu Van Gogh, Vincent amava a natureza. Árvores floridas, especialmente, eram o tema favorito do renomado artista. Ele produziu uma série de variações ao longo de sua vida: desde um pequeno ramo florido depositado em um copo, até grandes e exuberantes árvores cobertas por flores.

'Lírios', de van Gogh / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Além disso, no caso específico de 'Amendoeira em Flor', o simbolismo é ainda mais sutil e sensível: as amendoeiras florescem bem no início da primavera, a estação preferida de Vincent van Gogh, marcando a chegada dessa época do ano e uma possibilidade de um recomeço — tal como as flores que renascem.


3. Recomeço

Outro detalhe que envolve o renascimento e a magia da primavera circunda 'Amendoeira em Flor', para van Gogh: ela significou, para ele, a chegada de um novo começo. Isso porque, na época em que a produziu, ele já estava internado há quase 10 meses em uma instituição, sofrendo com depressão e transtorno afetivo bipolar (TAB).

No caso, Vincent estava há semanas sem pintar, porém, quando conseguiu permissão para voltar a produzir, cercado pela natureza, fez a obra em questão. E ele se dedicou muito no trabalho, o que custou caro: após pronto, ele sofreu com um ataque por quase dois meses — a crise mais longa de sua vida —, e quando recuperado percebeu que havia perdido sua amada estação.

Autorretrato de 1889 de Vincent van Gogh / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Se eu pudesse continuar trabalhando, [...] teria feito outras árvores em flor. Agora as árvores em flor estão quase acabadas, [...] não tenho sorte", escreveu o artista na época, segundo o site do Museu Van Gogh.

4. De Vincent a Vincent

O que realmente motivou a criação de 'Amendoeira em Flor', porém, não foi apenas a chegada da primavera. A princípio, a pintura foi pensada como um presente para seu sobrinho recém-nascido, filho de Theodorus e Johanna, que nasceu em 31 de janeiro de 1890 e recebeu o próprio nome em homenagem ao tio: Vincent.

Johanna segurando o bebê Vincent Willem van Gogh, sobrinho do renomado pintor / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Surpreso com a notícia, começou a trabalhar imediatamente na pintura. Em seus detalhes, é possível perceber a precisão com a qual os diferentes tons de azul são dispostos, e a delicadeza depositada por seu pincel, a partir de um coração contente e esperançoso.


5. Tesouro dos van Gogh

Logo que Theodorus e Johanna receberam 'Amendoeira em Flor' como presente, este se tornou um dos bens mais preciosos da família. A princípio, a obra foi pendurada acima do piano na sala de estar do casal; com a morte de Theo, Jo mudou-se para Bussum, na Holanda, com o bebê, e deixou o quadro no quarto que dividia com o filho.

Vale pontuar que, como já mencionado, Johanna foi a responsável por vender diversas pinturas de Vincent van Gogh e, por consequência, por seu grande sucesso póstumo. No entanto, o presente era tão precioso para ela, como uma lembrança do cunhado que homenageara dando o mesmo nome ao filho, além do marido, que ele nunca foi vendido; ainda hoje, pode ser visto no Museu Van Gogh, em Amsterdã, na Holanda.

Vincent van Gogh, sobrinho do renomado artista neerlandês, na inauguração do Museu Van Gogh em 1973 / Crédito: Divulgação/Museu Van Gogh

 

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