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Aníbal: o terror dos romanos

Gênio da estratégia, Aníbal encurralou os romanos várias vezes, com a metade do contingente inimigo

Flávia Ribeiro Publicado em 01/05/2006, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Um exército esfarrapado, reduzido e exausto pelos anos de luta, chega às portas de Roma, depois de uma longa e perigosa travessia. Foram milhares de quilômetros percorridos. Apesar da superioridade numérica, os romanos intimidam-se. Eles sabem que aquele exército não é como outro qualquer. São os homens de Aníbal, um dos grandes gênios militares de sua época, que subjugou milhares de inimigos durante a Segunda Guerra Púnica (218 a.C. a 202 a.C.). Sua principal arma era a estratégia militar. Conseguia encurralar facilmente os adversários, mesmo quando comandava contingentes menores.

Aníbal nasceu em Cartago (na atual Tunísia, norte da África) e foi o integrante mais famoso da família que desafiou o poderio romano por mais de um século. Filho de Amílcar, comandante da Primeira Guerra Púnica (264 a.C. a 241 a.C.), saiu vitorioso em 11 das 22 principais batalhas da Segunda Guerra Púnica. Esta foi a campanha mais bem-sucedida nos três conflitos que envolveram romanos e cartagineses. E, no fim, resultaram na destruição de Cartago, cidade-estado fundada por fenícios africanos, que os romanos chamavam de “poeni” – daí o nome “púnicas”.

Homens x elefantes

Astuto e ousado, Aníbal combinava como poucos as ações de cavalaria e infantaria. Sabia exatamente como mudar a posição de suas tropas de acordo com as condições geográficas e tinha uma capacidade impressionante para conquistar a lealdade de seus contingentes – a maioria formada por mercenários. Ele contava ainda com um aliado de peso: usava elefantes para conter o avanço inimigo. “A unidade de combate do exército cartaginês era composta por uma infantaria pesada e outra ligeira, que protegia as colunas e a cavalaria. Os homens organizavam-se em alas e os elefantes eram usados para refrear a cavalaria adversária ou romper as fileiras da infantaria rival”, explica Regina Bustamante, professora de História Antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Aníbal sabia também como pegar seus inimigos desprevenidos. Enveredava-se por caminhos inusitados, mesmo que isso lhe custasse meses de viagem, só para ter o fator surpresa a seu lado. A chegada a Roma talvez seja o melhor exemplo. O caminho natural seria margeando a costa, mais curto e seguro. Mas o general partiu da atual Espanha, contornou o sul da Gália, cruzou os Alpes e entrou na Península Itálica pelo norte. Além de mais longo, este caminho era extremamente perigoso. Atravessava a temível Via Heracleana, a passagem escarpada e sinuosa dos Alpes, cujas condições climáticas e tribos locais a tornavam uma alternativa impensável. “Os romanos nunca pensaram que pudessem ser atacados pelo norte”, comenta Regina.

Curiosamente, ele chegou às portas de Roma, mas não marchou sobre a cidade. Preferiu contorná-la e atacar o sul da Itália. Mas a resposta romana foi implacável. Aníbal viu seus rivais conquistarem a Espanha e, dali, rumarem para a África. Já havia perdido os irmãos e a mulher na guerra e, então, resolveu voltar para a terra natal. Ali, foi vencido na Batalha de Zama, em 202 a.C. Derrotado, refugiou-se na Bitínia, atual Turquia, onde se suicidou.

Político sagaz

Aníbal não era apenas um gênio militar. Ele também foi um importante estrategista político. Persuadiu aliados dos romanos a mudarem de lado, usando como argumento a rigidez que lhes era imposta. Assim, várias cidades fiéis a Roma passaram para o lado de Cartago. Outras tantas foram conquistadas pela força. O cartaginês contornou praticamente toda a Península Itálica e esmagou legiões inimigas em Trébia, Lago Trasimeno, Canas e Cápua, entre outros.

Ataque surpresa

Acredita-se que Aníbal iniciou as travessias do Rio Ródano e dos Alpes com 50 mil soldados e chegou ao Vale do Pó, em solo italiano, com 25 mil homens. Inferior numericamente, seu exército atravessou pântanos por três dias, para pegar os romanos de surpresa. Durante a travessia, ele perdeu um olho e teve baixas importantes. Já em terra firme, o general fingiu retirar-se para o Trasimeno, com os romanos em seu encalço, e escondeu parte do exército no sopé de montanhas, em volta do lago. Desavisados, os inimigos foram atacados por todos os lados e terminaram a batalha com um saldo de 15 mil mortes.Igualmente brilhantes foram as manobras na Batalha de Canas, em 216 a.C. Com cerca de 40 mil soldados, Aníbal venceu o equivalente a oito legiões romanas – ou 80 mil homens –, ao explorar a topografia, as condições climáticas e a ansiedade inimiga. Estima-se que 45 mil romanos morreram e outros 20 mil viraram prisioneiros. Do lado cartaginês, foram cinco mil baixas e uma vitória capaz de abalar a confiança de Roma, que levou mais de uma década para se recuperar, até vencer Aníbal em Zama.

Para saber mais

Aníbal, sob as muralhas de Roma - Patrick Girard, Estação Liberdade, 2001. Segundo livro da Trilogia de Cartago, esta ficção histórica dedica cada volume a uma das três guerras púnicas e seus generais, Amílcar, Aníbal e Asdrúbal.